“Temos uma escola de século XXI com a cara do século XIX” -11/12/2007
João Luís de Almeida Machado
Precisamos de meritocracia na educação
Não há atalhos para chegar ao pico da montanha…
“Veja – É mesmo possível transformar escolas de má qualidade em bons colégios ou é melhor fechá-las, como ameaça Michael Bloomberg, prefeito de Nova Iork?
Eric Nadelstern – É possível. O primeiro passo é mudar radicalmente a velha cultura que abomina a competição e a meritocracia no ambiente escolar. A ausência de competição e de honra ao mérito é predominante não só em colégios de países em desenvolvimento, como o Brasil, mas também em escolas americanas. Em quase quarenta anos como professor e pesquisador do assunto, sempre me causou perplexidade o fato de que, mesmo em um país como os Estados Unidos, alguns dos conceitos mais fundamentais da sociedade sejam tratados nas escolas como pecados capitais. É preciso superar esse ranço para, aí sim, começar a sonhar com melhorias no ensino.” [Ensinar a competir, entrevista de Eric Nadelstern para a jornalista Monica Weinberg, publicada pela revista Veja, 21/11/2007]
Eric Nadelstern é o CEO (Chief Executive Officer, ou em português, o chefe entre os executivos de uma corporação) da Secretaria de Educação de Nova York desde 2002, ou seja, durante a administração do prefeitoMichael Bloomberg. Seu chefe, empresário destacado no cenário norte-americano, dono de um pequeno império na área de informações financeiras (sua empresa, a Bloomberg, com representação em vários países, inclusive no Brasil, é a 2ª maior do ramo no mundo), decidiu adotar na prefeitura da maior e mais importante cidade norte-americana do mundo uma administração eficiente como a de suas empresas.
A nomeação de um CEO para cuidar da educação é apenas a comprovação da migração de sistemas e modelos aplicados em empresas industriais, de serviços ou comerciais para o segmento da administração pública. O queBloomberg resolveu fazer na educação também foi adotado na saúde, nos transportes, na limpeza pública, na cultura,…
E o que motivou o atual prefeito da “Big Apple” a decidir-se por essa postura ao tornar-se o responsável pelos destinos de uma das mais influentes metrópoles mundiais?
A constatação de que se esse sistema administrativo funcionava bem em suas próprias empresas e também na de inúmeros outros empresários bem sucedidos, por que não transferir essas práticas e conhecimentos para a esfera pública? Isso pode parecer bastante evidente, muito claro e óbvio quando dito dessa forma e após o exemplo de Nova York, que tem apresentado resultados muito bons em praticamente todas as áreas da administração municipal local.
Assim como é provável que outras cidades e prefeitos já adotem sistemática semelhante há algum tempo com resultados bons e, também, em alguns casos, ruins. Em termos de Brasil, por exemplo, Curitiba se destaca há alguns anos como administração pública modelo, em especial no que tange a obras e serviços públicos em determinadas áreas (como a de transportes coletivos). Ainda assim há diferenças evidentes e, o empenho na área educacional em Nova York é talvez a maior delas.
Há pedras e obstáculos e é necessário estar equipado…
No Brasil ainda não se estabeleceu no setor público e na educação em especial (e estamos longe de concretizar mínimos esforços nessa direção) a meritocracia, tão largamente utilizada na esfera empresarial privada. E em que consiste a meritocracia, nos conformes do Dicionário Houaiss, senão no estabelecimento de uma “sociedade, organização, grupo, ocupação, etc. daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem dotados intelectualmente, etc.)” ou ainda de “um sistema de recompensa e/ou promoção (p.ex., num emprego) fundamentado no mérito pessoal”.
O próprio sistema público que preserva interesses corporativistas para agradar as bases eleitorais e perpetuar no poder seus representantes políticos nada mais é do que a comprovação de que entre nós realmente não impera a avaliação dos profissionais pelo seu esforço, dedicação, aperfeiçoamento através dos estudos, pontualidade, comprometimento, participação, freqüência,…
Dado esse comprovado recentemente através de pesquisa publicada na Folha de São Paulo (saiba mais sobre a pesquisa no link http://observatoriodaeducacao.blogspot.com/2007/11/professores-reprovados-por-faltas.html) que demonstra um grande índice de ausências entre os professores da rede pública paulista. De acordo com os dados auferidos, diariamente 1 em cada 10 professores de escolas públicas do mais rico estado da nação não vai trabalhar. Levando-se em conta que os professores paulistas da referida rede são mais de 300 mil, o contingente de faltosos por dia nas escolas públicas do estado é superior a 30 mil…
O mais interessante é constatar que muitos desses professores atuam paralelamente na rede pública e na privada e que, enquanto os índices das escolas do estado equivalem a 13%, nas escolas particulares esse índice não supera o 1%… E o que pesa nisso tudo? É justamente nesse ponto que entra a meritocracia, que as escolas privadas de certa forma já utilizam, já que operam como instituições que devem oferecer serviços qualificados e que, caso não sejam capazes disso, podem perder clientes e rendimentos enquanto na esfera pública não há essa preocupação.
Na rede pública, como os salários são considerados baixos, as condições estruturais inadequadas, os alunos mal educados, as famílias pouco cooperativas, os materiais pobres, a sistemática de progressão continuada e outros quesitos fundamentais deficientes, os professores não se sentem obrigados a ir além do básico… Tudo é fruto da constatação de que o problema é do sistema como um todo… Como se a própria atitude de acomodação e aceitação dos profissionais da educação também não fosse (ganho pouco e por isso, por que devo me esforçar, além do mais, isso não vai adiantar nada…).
Persistência e profissionalismo são quesitos fundamentais…
Não estou dizendo com isso que é aceitável o atual nível de rendimentos dos profissionais da área. Penso que é fundamental incentivar com melhores salários e condições, mas a esses estímulos devem ser adicionados elementos de cobrança, cooperação e supervisão constante dos trabalhos em educação. O que isso quer dizer, que os professores que quiserem melhores condições (e salários) têm que mostrar serviço e isso significaria, na prática, que suas salas e alunos (no geral) fossem melhor avaliados no IDEB, Saresp, na Provinha Brasil, no ENEM, no PISA; que esses mesmos professores deveriam fazer cursos para se atualizar e melhorar (realmente) suas práticas pedagógicas; que a presença e a pontualidade fossem fatores levados em consideração para o pagamento dos docentes e funcionários da educação,…
Aí sim avançaríamos e estaríamos aplicando, como prega Eric Nadelstern, a dinâmica e a lógica da sociedade e do tempo em que vivemos também a educação. Sei que a muitos educadores isso soa ofensivo, mas penso que quem não tem medo do trabalho, de se aperfeiçoar, de criar, de se arriscar e, principalmente, de enfrentar com fé, dignidade e coragem aos desafios de nossa estimulante profissão nada tem a temer, pois serão vitoriosos em seus esforços… Está mais do que na hora de sair do século XIX e chegar ao terceiro milênio…
As boas notícias da educação – 26/05/2008
João Luís de Almeida Machado
Ações e exemplos que podem e devem ser seguidos
Abrimos os jornais e normalmente as notícias ruins ganham destaque. Violência, corrupção, acidentes naturais, epidemias, guerras, fome, analfabetismo e tantas outras questões sociais e/ou econômicas tomam a frente das manchetes. Na televisão ou no rádio a situação não é nem um pouco diferente. Tampouco na internet. Os portais noticiosos estão sempre dando prioridade a acontecimentos dessa natureza. Eventualmente temos como destaque as conquistas do esporte, as realizações das artes, tratados comerciais importantes ou ainda, em se tratando do Brasil dos últimos anos, dados sobre a estabilização econômica vivida pelo país e que dão real alento a todos nós.
A educação não é exceção no que tange as más notícias. Para ser mais exato, nos últimos tempos a preocupação geral relativamente a essa área aumentou e, conseqüentemente, o tema tornou-se assunto corrente nos principais meios de comunicação. E a fiscalização maior por parte da sociedade, somada ao advento de mecanismos de avaliação (nacionais e internacionais) como o ENEM, o IDEB, o PISA, o SARESP e afins, tem evidenciado as dificuldades e problemas da educação no Brasil.
Temos, evidentemente, muito trabalho pela frente. Noticiar as más notícias e os resultados pífios da educação brasileira é tarefa da mídia e também da sociedade civil organizada. Estar atento a tudo e buscar soluções é, por sua vez, o papel dos educadores e de todos os profissionais envolvidos com as escolas brasileiras.
O que temos observado é que essa situação tem gerado inúmeras situações de stress, em especial entre os professores, a quem boa parte da sociedade atribui os maus resultados obtidos nos últimos dez anos pela educação nacional. Essa atitude simplista e reducionista em nada contribui para a efetivação de mudanças e para a necessária guinada nos rumos da educação brasileira. Se há responsáveis, e sabemos que sim, somos todos os brasileiros de alguma forma cúmplices nos erros e no fracasso de nossas escolas.
Há inúmeras ações sendo desenvolvidas pelo Brasil afora que podem ajudar a melhorar a educação,
precisamos socializar essas práticas e permitir acesso e conhecimento das mesmas para mais escolas e professores.
Dos políticos aos próprios estudantes, passando pelas famílias e também desembocando nos educadores, mais do que remoer e ficar remexendo as mazelas e os problemas auferidos, cabe a todos e a cada um o desafio de transformar a educação e dar a ela novos e melhores rumos no futuro e também no presente, já que nesse momento há milhares de escolas e milhões de alunos em sala de aula, ou seja, o trabalho está em andamento.
Por esse motivo, através desse texto destaco algumas boas notícias da educação que, nas últimas semanas, ganharam espaço entre as manchetes dos principais jornais, revistas e sites nacionais. Não foram poucas, como poderemos ver a seguir:
- Uma aula a mais reduz “atraso” de aluno– Estudo mostra que ampliar de 4 para 5 horas-aula
diminui o índice de distorção idade-série no ensino fundamental.
- A escola do futuro já existe, no interior– Parceria transforma instituição em modelo de pedagogia inovadora.
- Procura por vagas é acirrada na 1ª colocada do Idesp– Em São Carlos, Escola Estadual Eugênio Franco tem índice zero de repetência e de abandono.
- Minas Gerais monitora escola e melhora ensino– Colégios recebem visita de técnicos para buscar meios de ampliar o rendimento; notas em avaliação subiram.
- Um ano de PDE– Um ano após o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação, apenas 118 municípios ainda não aderiram ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.
E o que podemos perceber ao analisarmos brevemente essas cinco notícias destacadas? Em primeiro lugar que há muitas pessoas se mobilizando, em diferentes estados e regiões do país na busca por soluções para os problemas da educação. O registro sobre o PDE, nota do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que nos informa o reduzido número de municípios que ainda não aderiram ao Plano de Desenvolvimento da Educação é mais do que um indício, trata-se de um elemento comprovador da preocupação já disseminada quanto aos rumos da educação, que certamente já foram entendidos em nível nacional como decisivos para o desenvolvimento da nação.
A responsabilidade pela melhoria da qualidade na educação é de todos os brasileiros. Cabe aos educadores, estudantes, sociedade civil, governos, empresas privadas e a cada um em particular mobilizar-se em favor de um ensino de alto nível no país.
Não há como deixar de notar, também, que as medidas efetivadas a nível governamental (federal, estadual ou municipal) de avaliação das escolas – em diferentes níveis de ensino – começam a orientar as ações e práticas da educação nacional na busca por resultados mais expressivos.
Minas Gerais adotou medidas simples, mas eficazes que já proporcionaram melhoria de rendimento nas escolas daquele estado de um ano para o outro; A escola campeã do Idesp em São Paulo apresenta índice de repetência e evasão zero e, certamente, isso está despertando as autoridades e educadores para a questão. Afinal de contas, o que estão fazendo na Escola Estadual Eugênio Franco que ocasiona resultados tão expressivos e animadores.
Outro fato bastante animador para todos é reconhecer que as medidas tomadas para a obtenção de resultados melhores, que efetivem uma educação de qualidade, são muito mais simples do que a princípio se imaginava. O aumento da carga horária em apenas uma hora traz melhorias significativas no rendimento dos alunos, conforme comprovam estudos de especialistas nacionais; a visita regular de técnicos do governo as escolas para orientar, cobrar e auxiliar os professores na busca de soluções que auxiliem os alunos, especialmente em matemática e português, é outra alternativa interessante; parcerias com instituições privadas como a que orienta ações no município paulista de Santo Antônio do Pinhal, que não apenas disponibilizam recursos (como computadores e acesso a internet), mas preparam os educadores e fiscalizam as ações, são também saudáveis ações rumo a uma melhor qualidade educacional.
E há, com certeza, inúmeras outras ações que já conseguiram resultados expressivos para a educação em diferentes regiões do país. Penso, inclusive, que deveríamos ampliar o espaço de socialização dessas ações e práticas de sucesso. Abro as portas de nosso portal, Planeta Educação, para que as pessoas engajadas em projetos dessa natureza enviem relatos de suas realizações para que possamos divulgar e difundir pelo Brasil afora afim de que muitas outras escolas usufruam e conheçam esses feitos.
Penso que somente assim teremos reais condições de atingir de forma plena a educação de qualidade sonhada por todos e que, certamente, garantirá ao país a possibilidade de tornar-se uma nação desenvolvida e próspera, influente nos rumos futuros do planeta Terra…
A Revolução Silenciosa do IDEB – 01/07/2008
João Luís de Almeida Machado
Avaliando e medindo para atingir a qualidade na educação
Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2007, divulgados na sexta-feira, 20 (de junho de 2008), pelo Ministério da Educação, mostram que as escolas do País melhoraram nos dois últimos anos. Ainda assim, apenas 62 municípios brasileiros podem se orgulhar de ter para turmas de 1ª a 4ª série um ensino público com qualidade de países desenvolvidos, o que significa ter nota 6 (em uma escala de 0 a 10). O governo federal espera ver o País todo alcançar essa média em 2022. Nas turmas de 5ª a 8ª série, os avanços foram ainda menores: apenas duas cidades, Imigrantes (RS) e Três Arroios (RS), conseguiram chegar nessa média.(Apesar de avanço, só 64 cidades têm nota de país desenvolvido. Artigo publicado pelo Estado de São Paulo em 24 de junho de 2008)
Nos últimos anos estamos vivendo uma experiência nova e, diria, revolucionária para a educação brasileira, entramos na era das avaliações regulares dos sistemas educacionais públicos (estaduais e municipais). Entre os principais mecanismos criados para que saibamos, em detalhes, como andam as redes de ensino encontra-se, com destaque, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
De acordo com as informações apresentadas no site do Ministério da Educação (MEC), o IDEB “representa a iniciativa pioneira de reunir num só indicador dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Ele agrega ao enfoque pedagógico dos resultados das avaliações em larga escala do Inep (1) a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb (2) – para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil – para os municípios.”
E o que há de revolucionário na adoção de pesquisas sistemáticas para diagnosticar o estado em que se encontra a educação em nosso país?
Trata-se do primeiro grande movimento de medição das condições de ensino existentes em todo o território nacional e que, uma vez auferidas (essas condições gerais e de infra-estrutura), servem como guia de orientação para que saibamos ao certo quais são os maiores problemas, onde eles estão localizados, que ações emergenciais devem ser tomadas, que práticas estão gerando bons resultados, que responsabilidades nos acertos e erros cabem a quem…
Uma grande conseqüência já pôde ser percebida por todos… A educação virou temática forte e freqüente na imprensa nacional. Seja nos grandes jornais, na televisão, em rádios ou através da internet, o assunto tornou-se questão importante para todos e não mais se restringe a páginas esporádicas ou secundárias de alguns poucos órgãos de imprensa ou colunistas.
Ao acontecer isso, outro fenômeno ocorreu… A educação, que era tema circunscrito aos educadores, tornou-se assunto de especialistas das mais diversas formações e orientações. Faz parte da pauta de jornalistas, economistas, executivos, empresários, advogados, engenheiros, políticos e praticamente de todos os profissionais que de alguma forma pensam e atuam em prol do Brasil do futuro.
Isso não significa dizer que os profissionais da educação foram excluídos desse processo nacional de reflexão e busca de alternativas para a educação… Pelo contrário, todos os demais agentes sociais que estão se envolvendo nessa imprescindível discussão reconhecem a importância da participação dos educadores, sabem do conhecimento e da experiência que os mesmos possuem quanto à educação, mas querem reforçar e enriquecer o debate adicionando elementos e saberes que ainda não são correntes no mundo das escolas brasileiras…
Exemplo bastante característico da inserção desses novos profissionais na educação é o advento da idéia de Meritocracia, até bem pouco tempo estranha para os educadores. Prática regular em empresas privadas, trata-se simplesmente da valorização dos melhores profissionais através de cargos, salários e outros benefícios a partir da constatação documentada de que esses trabalhadores representam, através de suas práticas e ações, maior produtividade e crescimento para todos ao seu redor.
O estado de São Paulo, por exemplo, já está se organizando para reconhecer o trabalho de seus melhores profissionais e escolas a partir dos dados auferidos em seu exame regional, o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), como podemos verificar a partir da notícia publicada no site da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo no dia 13 de março de 2008 que reproduzimos a seguir:
A Secretaria de Estado da Educação trouxe de volta a São Paulo a avaliação dos estudantes da rede estadual. O Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) retornou em 2007 para avaliar o rendimento escolar dos alunos, podendo, assim, acertar caminhos e projetar alterações, se necessárias. E esta avaliação também será fundamental para definição do projeto de remuneração por desempenho, a ser implantado já neste ano. (Saresp é ponto de partida para projeto de remuneração por desempenho, disponível no site da Secretaria de Educação de São Paulo, no linkhttp://www.educacao.sp.gov.br/noticias_%202008/2008_13_03_d.asp)
E o que deve acontecer a partir de agora para que a revolução silenciosa iniciada com o surgimento desses elementos de medição e avaliação das redes educacionais de nosso país já se iniciou e a participação de outros elementos sociais se faz presente e cada vez maior?
Creio que o primeiro passo é a compreensão dos professores e demais profissionais que atuam em educação para o fato de que os dados auferidos não devem ser entendidos como resultado de uma “caça as bruxas”, em que o objetivo é descobrir os culpados pelos resultados abaixo da crítica que estão sendo verificados na educação nacional de norte a sul do país.
Responsáveis são todos. Do governo aos professores. Dos gestores da educação aos familiares dos alunos. Do Congresso Nacional às Câmaras Municipais. Dos políticos aos empresários. Não há quem possa ser considerado isento de responsabilidade quanto ao fracasso auferido em nossas escolas. Inclusive os próprios alunos, que são igualmente vítimas desse descalabro que denominamos educação brasileira.
No entanto, a questão central não é essa, ou seja, a de atribuir a quem quer que seja as responsabilidades pelos maus resultados. Nesse exato momento cabe a análise dos resultados, a compreensão de suas causas, a busca por soluções, o planejamento de novas estratégias e ações, o estudo de casos bem-sucedidos, a atualização dos conhecimentos e práticas pedagógicas dos professores, a adoção de novas tecnologias como ponto de apoio…
E, essencial para que isso venha a ocorrer, precisamos de trabalho conjunto, contando com as forças de todos os elementos sociais, o apoio das autoridades, ações propositivas dos educadores, participação mais intensa das famílias e das comunidades na educação e, é claro, também um maior interesse dos estudantes.
Nesse sentido, a régua do IDEB (assim como a de todos os demais sistemas que mensuram e avaliam a educação brasileira) é instrumento valioso que certamente, num futuro não muito distante, ajudará a definir se o destino de nosso país é o ingresso no seleto grupo dos países mais desenvolvidos do planeta ou se, por outro lado, continuaremos sendo apenas uma eterna promessa de prosperidade e liderança no cenário internacional.
(1) Inep = Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
(2) Saeb = Sistema de Avaliação da Educação Básica
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Como melhorar a educação? – 04/08/2008
João Luís de Almeida Machado
A lição dos rankings educacionais
A maioria das escolas ficou congelada desde o século XIX. Até hoje elas aplicam conceitos idênticos aos daqueles colégios concebidos para tornar as pessoas compatíveis com a era industrial. Um de seus pilares é a divisão do conhecimento por áreas estanques e incomunicáveis. O outro é o treinamento para a execução de tarefas repetitivas. Enquanto focam demais em idéias do passado, as escolas deixam de mirar em uma questão-chave e bem mais atual: o fundamental é que as pessoas aprendam a aplicar esse conhecimento em novas e avançadas áreas – e que não apenas o tenham armazenado. (Andreas Schleicher, físico alemão, responsável há oito anos pelo PISA, em entrevista a revista Veja)
Schleicher tem condições de afirmar que as escolas, em sua maioria, estão congeladas desde o século XIX. Acompanhando a evolução do ensino mundial a partir dos dados coletados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como coordenador geral do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o físico alemão está atualizadíssimo quanto as informações dos 57 países que participam destas provas e mais, está indo além disso, já tendo visitado mais de 100 países para visitar escolas e conversar com autoridades e responsáveis pela educação.
E o que afirma esse especialista quanto aos estudantes que estão sendo formado pelas escolas brasileiras? De acordo com Schleicher, as provas aplicadas pela OCDE demonstram que os estudantes brasileiros “demonstram certa habilidade para decorar matéria, mas se paralisam quando precisam estabelecer qualquer relação entre o que aprenderam na sala de aula e o mundo real”.
Somente essa afirmação já é bastante sintomática e grave para que atentemos muito para ela. O “decorar matéria” ainda prevalece e, a sua permanência como pedra angular de estruturação e funcionamento do sistema educacional brasileiro é o primeiro sinal do grande atraso que estamos vivendo. Os alunos apenas memorizam informações para que tarefas imediatas, relacionadas a sua sobrevivência nos cursos que estão fazendo, lhes garantam o sucesso necessário a tal circunstância. Na prática significa dizer que sabem o conteúdo para fazer algumas tarefas, trabalhos e, principalmente, avaliações. Depois disso, sem ver qualquer valor ou utilidade prática nestes conhecimentos para suas vidas, os descartam…
Não conseguem, como o próprio Schleicher diz, “estabelecer qualquer relação entre o que aprenderam na sala de aula e o mundo real”… E a falta de conectividade entre aqueles saberes e a vida extra-escolar, praticamente condena a escola, aos olhos de seus alunos, a ser um ambiente cada vez menos interessante e necessário. Não são poucos aqueles que estão nas salas de aula apenas para conseguir os diplomas e históricos escolares, requisitados para obter empregos, sem entender que há muito mais na educação do que documentos que dão acesso as benesses do mundo real…
“Em um momento em que se valoriza a capacidade de análise e síntese, os brasileiros são ensinados na escola a reproduzir conteúdos quilométricos sem muita utilidade prática”, prossegue o físico alemão que coordena o PISA. Suas palavras sintetizam justamente aquilo que mais parece faltar na educação brasileira, ou seja, o trabalho educacional que emancipa o aluno, tornando-o capaz de pensar por si próprio, articulando suas próprias idéias a partir do uso das ferramentas que lhes são concedidas pelas escolas, pautadas no conhecimento formal, de bases científicas.
Mas como fazer com que isso se torne realidade? Afinal de contas, os índices e rankings nacionais e internacionais estão escancarando a realidade da educação nacional e ainda assim continuamos sem saber ao certo o que pode e deve ser feito para efetivamente melhorar nossas escolas.
Estive há alguns dias envolvido com palestras para professores de duas diferentes redes municipais de ensino do interior do estado de São Paulo. Abordei temas tão distintos quanto a criatividade em sala de aula, o cinema na escola e o uso dos blogs em educação. Apesar de diferentes, os temas tinham em comum o interesse e a disposição de apresentar para os educadores alguns elementos fundamentais rumo a uma educação de melhor qualidade.
O primeiro deles é a convicção de que a resposta para a questão da qualidade da educação está nos próprios professores. Tanto no aspecto individual quanto no coletivo. Passa, em primeiro lugar, por uma indispensável revisão e autocrítica, que exige enorme maturidade por parte de quem a realiza. Ser capaz de olhar para dentro, perceber as dificuldades e problemas, a necessidade de atualização e estudo e, principalmente, de planejar e efetivar as mudanças é uma das mais complexas realizações humanas…
Reconhecer erros. Identificar problemas. Buscar soluções. Planejar novos caminhos. Tudo isso deve ser feito a partir de um constante intercâmbio. Na própria escola em que o professor leciona isso não tem acontecido. Menos ainda em relação às outras escolas do município. E são poucos ainda os heróis que buscam informações alhures, ou seja, em regiões e locais com os quais não tem proximidade geográfica alguma…
Numa das palestras que realizei disse aos professores que “internet” significa, literalmente, “entre redes”. Perguntava antes a alguns deles, todos membros de uma mesma rede de ensino, se conheciam os demais colegas que participavam do encontro. Ninguém respondeu afirmativamente esta questão. Não se conheciam. Muito menos sabiam o que os outros estavam realizando em sala de aula…
Perguntei-lhes se não seria útil conhecer práticas alheias bem-sucedidas para aplicar em suas salas de aula. Todos assentiram, ou seja, concordaram com a idéia. Disse a eles então que uma idéia bastante interessante seria criar blogs de suas escolas, construí-los coletivamente (todos os professores teriam acesso e poderiam abastecer essa página), divulgar entre as outras escolas da rede e, a partir disso, começar a “trocar figurinhas”. Questões metodológicas, disciplinares, de conteúdo, novas referências, programação de atividades cívicas e culturais, recursos tecnológicos e tantas outras questões poderiam ser sugeridas … Todos poderiam aprender e crescer juntos… Até os alunos poderiam ser beneficiados…
E quando li a entrevista de Schleicher à revista Veja, eis que me deparo com a seguinte afirmação desse reputado especialista: “Ao ficarem circunscritos às suas fronteiras e resistirem à idéia de aprender com a experiência alheia, os países estão movidos por uma espécie de orgulho patriótico sem sentido. O pensamento geral é algo como: ‘Cada um sabe o que é melhor para suas salas de aula’”.
Transferindo-se essa afirmação para a sala de aula, já que as referências de Schleicher são nacionais, percebemos que as diferenças praticamente inexistem, ou seja, não são apenas os países que estão “circunscritos às suas fronteiras” e que resistem a “aprender com a experiência alheia”, achando que sabem “o que é melhor para suas salas de aulas”… Também os professores fazem isso e, de certa forma, os países apenas são reflexos dessa prática microscópica exercida por cada um dos educadores em sua respectiva escola e sala de aula.
Nesse sentido, é válido lembrar também que Schleicher defende a idéia da valorização da carreira de professor e a criação de incentivos para que mais e melhores estudantes optem por fazer cursos na área da educação. E valorizar significa não apenas aumentar salários aleatoriamente, mas reconhecer esforços relativos a cursos de atualização, assiduidade, utilização em aula das novas tecnologias, intercâmbio de idéias, pontualidade, participação em eventos e reuniões…
Até mesmo a resistência aos rankings nacionais e internacionais deve ser vencida. Estudos como o PISA, o IDEB ou o Saresp, apenas para mencionar alguns mais em evidência, não foram criados para condenar escolas e profissionais, mas para mensurar a evolução da educação e criar critérios lógicos e racionais que orientem uma necessária reengenharia da educação rumo a tão sonhada educação de qualidade…
Educação de Qualidade – 08/09/2008
João Luís de Almeida Machado
Todos querem… Como conseguir?
Educação de qualidade ainda está restrita a alguns “oásis” no Brasil. Vivemos uma realidade na educação brasileira que se assemelha a de um grande deserto em que, em alguns locais isolados, conseguimos encontrar água e saciar nossa sede. Temos uma educação que deixa muito a desejar e, infelizmente, ainda carece de toda espécie de auxílio e trabalho para poder ser equiparada ao que é realizado nos países que possuem os melhores índices internacionais na área. Não estou falando, nessas linhas introdutórias, algo que seja novo ou desconhecido para as pessoas que trabalham em escolas ou segmentos relacionados à educação.
Posso, inclusive, destacar que há algum tempo o sentimento era de animosidade, com os nervos à flor da pele, sempre que esses dados e informações, que colocam o país lá atrás no quesito educação de qualidade, eram trazidos a tona. Parecia, especialmente para aqueles que trabalham diretamente com a formação escolar de nossas crianças e adolescentes, que o que estava acontecendo era uma “caça as bruxas”, um julgamento premeditado, a busca pelos “culpados” e responsáveis pelo descalabro em que se encontra a educação no país.
Felizmente, essa etapa está sendo superada. Não se quer crucificar ninguém. Não se pretende cortar a cabeça, em praça pública, de nenhuma pessoa ou profissional. Os erros estabelecidos não são exclusividade dos professores, dos gestores, da sociedade ou mesmo dos administradores públicos. A conclusão a que chegaram os especialistas é que os problemas são resultado de um conjunto de descaminhos, desacertos e dificuldades que a todos compete superar e, por isso mesmo, não há mais tempo e espaço para as pessoas ficarem apontando o dedo na direção de outrem para se eximir da real responsabilidade que paira sobre todos, ou seja, a de produzir, para já, alterações que garantam, efetivamente, o necessário upgrade na educação do Brasil.
E as iniciativas já começaram, há algum tempo, por parte dos mais variados segmentos da sociedade brasileira. Governos, universidades, empresas privadas, ONGs, sindicatos, pesquisadores, a imprensa e a sociedade civil, como um todo, entenderam a urgência e estão se mobilizando na busca por essas respostas que venham a garantir a melhoria da qualidade da educação no país.
Algumas pesquisas, por exemplo, tentam atentar os nossos olhares para a questão da gestão direta das escolas, ou seja, o trabalho realizado pelos diretores, coordenadores e orientadores – conjuntamente com o corpo docente e a comunidade atendida (em especial tentando fazer dos pais os parceiros da escola que eles precisam ser).
A revista Nova Escola, em sua edição de agosto (2008), destaca os dados de importante pesquisa realizada com mais de 3.500 diretores de escolas brasileiras relativas a questão de como é e como deveria ser a gestão escolar. Apresento abaixo os dados para uma melhor apreciação por todos…
Como principais habilidades necessárias ao exercício dessas funções às respostas foram as seguintes:
- 43% Gestão de Pessoas
- 21% Gestão de Recursos Financeiros
- 19% Domínio da Legislação
- 17% Gestão Administrativa
- 11% Liderança
- 10% Capacidade de motivar e mobilizar
- 9% Planejamento e Estratégia
- 8% Ética e Transparência
Como maiores desafios a serem enfrentados…
- 26% Desmotivação do corpo docente
- 22% Falta de envolvimento da família
- 14% Deficiência na formação dos professores
- 14% Escassez de recursos financeiros
- 14% Gestão dos recursos humanos (faltas dos professores, ausências, licenças)
- 13% Indisciplina dos alunos
- 12% Desmotivação e desinteresse dos alunos
- 11% Violência
Na semana que passou foi a vez da Revista Veja, também do grupo Abril, contribuir com os debates acrescentando sete itens que algumas das mais respeitadas personalidades do Brasil (políticos, economistas, administradores, educadores, expoentes culturais) consideram essenciais para melhorar a qualidade da educação no país. Destacamos a seguir quais são essas medidas:
- Choque de meritocracia na educação
- Convencer os pais de que eles são parte da escola
- Ampliar a rede de ensino técnico superior
- Fomentar a competição entre as universidades
- Financiar os melhores pesquisadores
- Criar currículos obrigatórios para a educação básica
- Investir na formação dos professores e de quem forma os professores
O Jornal O Estado de São Paulo também tem se debruçado sobre o tema e apresentado dados bastante esclarecedores e significativos sobre a educação brasileira e os caminhos que temos que percorrer para atingir a qualidade nessa seara. O jornal revelou, por exemplo, em pesquisa divulgada em outubro de 2007, que 80% dos professores revelam sentirem-se desvalorizados pela sociedade.
E os problemas e dificuldades não param por aí, como atestam várias outras pesquisas publicadas nos últimos meses no Brasil… Não se realiza um trabalho sério de alfabetização científica, lê-se muito pouco nas escolas brasileiras (tanto os alunos quanto os professores), temos comprovada carência de professores para o ensino médio (em especial para disciplinas como Física, Química e Matemática), a gestão das escolas ainda é feita de forma “paternalista” (sem o uso das ferramentas de gestão profissional), os educadores não estão sendo formados nas universidades para o uso das tecnologias…
O advento do IDEB, do ENEM e também de outros expedientes de avaliação do rendimento das redes educacionais brasileiras está nos colocando em contato com essa realidade. Sabendo exatamente quais são os problemas, o próximo passo é revitalizar a educação com medidas efetivas que auxiliem a melhora do trabalho em todas as suas instâncias – em especial na sala de aula.
Nesse sentido o exercício começa com medidas simples, como as que estão surgindo de todas essas pesquisas, como por exemplo, profissionalizar a gestão, capacitar e formar melhor os docentes, valorizar os educadores, equipar as escolas, incentivar e cobrar a participação das famílias na educação dos filhos… As soluções estão aparecendo, agora é colocá-las em prática…
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Apagão Educacional – 08/06/2009
João Luís de Almeida Machado
O futuro do Brasil depende de uma Educação de Qualidade
“Ainda muito há a aprender”… Este é o título da matéria publicada pela prestigiosa revista inglesa The Economist, no último dia 04 de junho a respeito da educação brasileira. É, o assunto é tão sério e preocupante que já atravessou o Atlântico, o Pacífico, o Índico… E a questão é debatida aqui e também acolá porque vivemos uma realidade globalizada, caracterizada pela conexão e proximidade dos interesses gerais de todos os países. Crise ou prosperidade estão relacionadas à saúde e vitalidade (ou a ausência delas) de todos os países que, interconectados como estão, movimentam a economia mundial.
Atualmente o Brasil, juntamente à Índia, à China e à Rússia constitui o esteio que sustenta os negócios mundiais. É justamente a robustez de suas economias que tem permitido a reconstrução dos Estados Unidos e de ricas nações europeias (como a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Itália, a França…) após o baque sensível sofrido ao longo dos últimos meses.
O impacto mundial a partir da crise imobiliária que abateu os Estados Unidos se espalhou rapidamente por outros segmentos da economia daquele país até atingir todo o mundo. No entanto, o controle orçamentário, as políticas cambiais, os juros altos, a expansão do poder de compra do mercado interno, a ampliação de oportunidades de trabalho e as políticas sociais adotadas pelos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) têm permitido uma recuperação mais rápida do que a princípio se imaginava.
As perspectivas para estas nações são, portanto, bastante promissoras se analisarmos a importância e o destaque que passaram a ter no cenário financeiro e econômico mundial recente. Quem poderia imaginar, por exemplo, que empresas como a General Motors dependessem de forma tão desesperadora de filiais como a brasileira para se manter de pé? Ou ainda que conglomerados nacionais, mencionando os caso da Mineradora Vale do Rio Doce ou da Ambev apenas para exemplificar, se tornariam expoentes mundiais e colocassem o Brasil em evidência em disputados segmentos de produção econômica?
No entanto, como bem lembra a matéria da The Economist acerca da educação brasileira, há gargalos que podem, muito bem, travar o avanço econômico e social de nosso país. E, entre eles, certamente a questão educacional está em primeiro lugar. Sofremos o sério risco de um apagão econômico porque já vivemos, neste exato momento, um apagão educacional.
Escolas internacionalmente identificadas a partir de exames mundiais (caso do PISA) como estando entre as piores em matemática, ciências e também leitura e escrita, com índices de aproveitamento equivalentes ao de nações africanas, asiáticas ou latino-americanas que não têm metade do potencial do Brasil ou ainda que, em alguns casos, vivem guerras civis e intensas disputas pelo poder… Este é um dos retratos do caos instalado em nossas escolas e destacado pela publicação inglesa…
Escolas em que os índices de faltas de professores podem atingir até mesmo exorbitantes 30% em alguns dias e que, em média, representam menos 13% de aulas ao longo de todo o ano escolar para estas redes públicas de ensino. Parem para pensar no que isto representa… Se tivermos 200 dias letivos de aulas, este índice de ausências dos professores representa um mês inteiro sem atividades para nossos alunos nas escolas públicas estaduais e também em algumas redes municipais… E só estamos falando de médias… Há situações ainda piores…
Vinte e seis dias de ausências dos professores, em média, significam não apenas horas de trabalho educacional jogadas fora… Representam também descontinuidade nos estudos, ou seja, os alunos perdem o ritmo, o raciocínio engendrado em aulas anteriores, a disposição, o interesse e até mesmo a compreensão do real significado da escola para suas vidas…
Todo mundo sabe que é importante concluir as etapas da educação, mas hoje, no Brasil, isto não ocorre em virtude da compreensão dos benefícios reais provenientes do processo de ensino-aprendizagem. O valor atribuído a esta circunstância da vida dos estudantes (a conclusão das etapas de vida educacional: ensino fundamental, ensino médio, cursos técnicos ou universidade) está atrelado à necessidade de ter diplomas e históricos escolares para ser percebido e ter alguma chance no mercado de trabalho…
A escola como local em que ocorre a formação que permite a compreensão geral do mundo ao nosso redor, a aquisição de saberes a partir de prerrogativas científicas (superando o senso comum), a politização dos indivíduos, a integração social cidadã das pessoas, o despertar do interesse pelas artes, o conhecimento de diferentes culturas e linguagens, o acesso à filosofia e à ética… Esta escola no Brasil, ainda que vários professores da rede pública atuem como verdadeiros Quixotes em luta com moinhos de vento, está muito distante de existir…
The Economist destaca ainda questões importantes que temos trazido a tona desde o surgimento deste Editorial no Planeta Educação, como a deficiente formação dos professores, os elevados índices de reprovação nas escolas públicas brasileiras e ainda a constante ingerência dos sindicatos de professores na luta pelos direitos de seus representados. A ação dos sindicatos não é reprovável desde que esta batalha não fira a maior de todas as prerrogativas dos educadores, ou seja, a de assegurar educação de qualidade para os estudantes do país.
No entanto, a atuação dos sindicatos, pautada em legislação superada e antiquada (que prevê, entre outras coisas, ausências bonificadas, estabilidade no emprego ainda que os serviços prestados sejam de qualidade duvidosa – o que pode ser comprovado não apenas pelos exames internacionais, mas também pelos nacionais, como o IDEB, por exemplo), apregoa a não aplicação de exames que mensurem o preparo destes profissionais, cria barreiras à utilização de novas técnicas e materiais didáticos ou ainda se manifesta contrária a cursos de atualização dos profissionais da educação, e acaba colocando em último plano o mais importante, ou seja, a formação do aluno…
É certo que avanços têm ocorrido em virtude de políticas públicas para a área da educação que preconizam, propõe e tentam realizar mudanças importantes implementadas em outras nações ou mesmo em algumas regiões ou escolas do próprio Brasil. Os sistemas de avaliação das redes e escolas nacionais estão promovendo uma varredura na educação brasileira ao permitir que sejam criados referenciais e dados para análise, comparação e compreensão da realidade das salas de aula no país. Políticas sociais de incentivo à matrícula e permanência nas escolas também. Salários base para a categoria e bonificações constituem, igualmente, esforço significativo, se bem que ainda insuficiente, para melhorar a condição da categoria. São ações importantes que, inclusive, também entram na pauta da reportagem da revista The Economist.
Também é certo que não há mais tempo a perder se o país pretende ficar preparado para estar na vanguarda social, política e econômica nos próximos anos e décadas. Neste sentido é de vital importância realizar aquilo que tem sido apregoado e que se tornou bandeira de luta permanente do ex-ministro e atual senador, Christovam Buarque, ou seja, uma Revolução na Educação Brasileira.
Esta é minha esperança… Mas pelo andar da carruagem e por tudo que tenho visto e vivido, está muito longe de acontecer… Espero morder minha língua quanto a estas palavras com que termino o presente Editorial e que verdadeiro milagre venha a ocorrer na educação nacional… Caso contrário, os ventos positivos que sopram ao nosso favor nos dias de hoje e que devem continuar ainda por algum tempo irão virar contra…
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Os nós que estrangulam a Educação Brasileira – 10/08/2009
João Luís de Almeida Machado
Paralelos entre São Paulo e Nova York
Artigo publicado pela revista Veja São Paulo (edição de 12 de Agosto de 2009) apresenta apreciação feita por especialistas acerca de medidas tomadas em Nova York que melhoraram de forma realmente espetacular os resultados dos alunos daquela rede estadual de ensino nos Estados Unidos.
Pensei em utilizar a expressão “melhoraram de forma considerável” para expressar a evolução da educação nova-iorquina, mas considerando-se que desde 2002, quando perto de 40% dos alunos daquela rede de ensino atingiam níveis considerados satisfatórios ou avançados até os resultados atuais, de 2009, quando 82% dos estudantes obtêm estes resultados em matemática e 69% em inglês, não há como deixar de exaltar tal crescimento.
Apenas a título de comparação, vale lembrar que a projeção do MEC para que no Brasil cheguemos a ter avaliações nacionais com média 6 (seis), tornando-nos equivalentes a média atual de países europeus, vislumbra apenas a ainda distante década de 2020…
De qualquer forma, esta apreciação dos especialistas, entre os quais o atual secretário de educação de São Paulo e ex-ministro da educação do governo Fernando Henrique, Paulo Renato Souza, ocorreu a partir de visita de Chris Cerf, subsecretário de educação de Nova York, a capital paulista.
Cerf veio a convite do Instituto Fernand Braudel e da Fundação Itaú Social e destacou, entre outras ideias, aquela que considero, pessoalmente, a mais importante, que em Nova York decidiu-se “colocar as crianças em primeiro lugar”. Ideia aparentemente simples, mas que, em se considerando as atuais condições da educação brasileira, demonstram que tal princípio não é prerrogativa básica por aqui…
E, ainda em se levando em conta tal base de ação (“as crianças em primeiro lugar”), tendo em vista os resultados obtidos, que falam por si próprios e permitem aos estudiosos, analistas, executores de políticas públicas, gestores de redes e escolas, empresários do segmento e comunidade em geral realmente considerarem as ações e ideias de Nova York, é possível perceber que não se trata apenas de discurso político…
Mas, voltando às propostas e realizações de Nova York, veremos que a partir delas tomamos consciência de que os nós que estrangulam a educação brasileira são bastante parecidos. Mais importante ainda, podemos ver alguma luz no fim do túnel também para nossas crianças e escolas a partir de soluções que não se mostraram tão complexas e tampouco caras demais que não possam ser implementadas por aqui…
O que salta aos olhos de todos é que, o mais importante para realizar tais ações é a necessidade de vontade política para empreender tal “metamorfose”, utilizando termo que, segundo Edgar Morin, supera atualmente o conceito de “revolucionar”, desgastado demais por mau uso, para caracterizar as reformas essenciais para que efetivemos a tão sonhada educação de qualidade.
No estado de Nova York foram definidos como principais pontos de real estrangulamento da educação as seguintes situações:
1- Cada unidade escolar, apesar de suas particulares necessidades, próprias de seu contexto e público, era tratada com os mesmos “remédios” e soluções pelas autoridades.
2- Não existia um diagnóstico prévio da situação da educação e de cada escola, especificamente, quanto a recursos, resultados, trabalho…
3- Os educadores não demonstravam preparo para trabalhar por metas.
4- A estabilidade na carreira de diretores gerava acomodação e pouca ou nenhuma inovação destes na gestão das escolas.
5- Poucos eram os pais que acompanhavam de perto a vida escolar de seus filhos.
6- A violência provocada por estudantes, tanto dentro quanto fora das escolas, estava aumentando.
7- A sociedade mostrava-se pouco interessada e envolvida no debate acerca da educação.
Envolver a sociedade e, principalmente, fazer com que os pais participassem mais da educação de seus filhos ocorreu, em Nova York, a partir da efetivação de funcionários em cada escola que realizassem a ponte entre os pais e os educadores, tornando-a cada vez mais frequente. Outra medida importante foi o estabelecimento de parcerias com ONGs e instituições privadas que permitiram que as escolas se aproximassem mais da realidade social, do mercado de trabalho e dessem aos estudantes, maior compreensão dos motivos e da importância do ato de estudar.
A partir deste trabalho e, ensejando desde então considerável melhoria no processo de ensino-aprendizagem (arejado com o contato com outras instituições e promovido a partir das cobranças da sociedade que levaram a revisão de métodos e recursos), a violência arrefeceu. Foi igualmente decisivo compreender que tais ações violentas não constituem caso de polícia e, sim, de educação de melhor qualidade. Aulas melhores, mais sintonizadas com a realidade, propositivas e desafiadoras para os professores e alunos criam maior vínculo, despertam mais vocações e, certamente, geram melhores resultados práticos associados a uma maior compreensão quanto à ética e cidadania…
Respeitar a diversidade de contextos e realidades nas quais se encontram inseridas as escolas foi desafio um pouco maior, tendo-se em vista que a tendência a uniformizar tudo é grande dentro do modelo socioeconômico em que vivemos. Esta uniformização também deve ser combatida no espaço mais direto de ensino-aprendizagem, a sala de aula. Compreender e efetivar tais mudanças torna o trabalho educacional mais difícil, sem dúvida alguma, mas certamente constituem necessária mudança para que as escolas e os estudantes se sintam realmente mais acolhidos e respeitados em seus processos formativos…
O mais complicado de tudo, no entanto, é modificar a mentalidade vigente, a cultura que impera entre aqueles que fazem o trabalho educacional mais direto, ou seja, os professores e gestores das escolas. Superar tais questões passa por brigas trabalhistas feias e prolongadas, em especial, aquelas relacionadas às questões de estabilidade de carreira, salários, premiações e punições.
A criação de sistemas de avaliação dos resultados e do rendimento de alunos e escolas (no Brasil através do Enem, da Prova Brasil, do Saresp) e o estabelecimento de metas para a educação (como é o caso do Ideb e do Idesp) constituem-se como importante e decisivo trabalho para que isto aconteça. Neste sentido, o diagnóstico das redes e escolas quanto as suas características, particularidades, problemas, bons resultados, práticas e metodologias constituem realmente aquilo que torna possível cobrar mudanças e promover ações corretivas…
Michel Foucault teve como título de uma de suas principais obras, “Vigiar e Punir”, o que talvez seja a visão de muitas pessoas ligadas à educação quanto ao estabelecimento destes elementos de avaliação e o estabelecimento de metas… Não se trata, entretanto, apenas de “Vigiar e Punir”, mas sim de “reconhecer, propor, monitorar, corrigir, implementar, premiar e também punir”…
Troquemos o “vigiar” por termos como reconhecer (ou identificar), propor (ou pensar coletivamente e chegar a conclusões e medidas a serem aplicadas), monitorar (acompanhar de perto, dando os sentidos de auxílio, socorro, ajuda) e corrigir/implementar (superando o discurso e aplicando as soluções pensadas coletivamente).
Adicionemos ao “punir” a ideia do “premiar”… E por que não apenas premiar, como já estão fazendo algumas redes de ensino públicas (como as escolas estaduais paulistas)? “Punir” parece tão medieval, não é? Em instituições privadas a não obtenção dos resultados previstos em planejamento pode ocasionar até mesmo a demissão…
A não consecução das metas gera perdas que vão além do indivíduo e, por conta disso, é necessária maior responsabilidade individual quanto ao trabalho. Diminuir as faltas de professores, acabar com os atrasos, realizar aulas mais interessantes e motivadoras, renovar o discurso e as metodologias, utilizar novos recursos e algumas outras práticas são essenciais para a carreira dos educadores…
Não apenas para melhorar a educação, os resultados de seus alunos, a performance de sua escola, mas até mesmo para que sua autoestima suba e que, como contrapartida, ele deixe de ser responsabilizado pelo fracasso escolas e se perceba artífice do sucesso… Ao invés de se preocupar com as punições, ele passaria a contabilizar os benefícios previstos na meritocracia, como os bônus e aumentos salariais…
De qualquer forma, estados ricos e importantes em seus países, São Paulo e Nova York também se mostram próximos quanto a questões sérias relacionadas à qualidade de seus sistemas educacionais. Os americanos já estão à frente, de novo… Cabe aos paulistas e, também a todos os demais brasileiros, desatar os nós que estrangulam a educação nacional o quanto antes para que possamos ocupar lugar de maior destaque e prosperidade no cenário internacional…
Obs.: Tenho abordado com frequência o tema “educação de qualidade” e, os 7 (sete) temas destacados quanto aos problemas de Nova York (aparentados das questões brasileiras) a partir da fala de Chris Cerf, já foram trabalhados em vários textos da coluna “Editorial da Semana” e também em nosso novo portal, o Escola de Alto Desempenho, em que destacamos materiais provenientes de vários autores. Fica o convite para que esta reflexão seja expandida com o apoio dos textos correlacionados ali existentes e que vêm sendo publicados desde 2003.
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Falar inglês deve ser motivo de orgulho – 03/03/2010
Rômulo de Andrade Faria
Contexto social faz toda a diferença
Todos os dias, tenho o costume de – logo pela manhã – acessar sites de notícias para me manter informado sobre o que está acontecendo no mundo. Infelizmente, assim como jornais impressos ou televisivos, os sites de notícias também têm o costume de dar preferência por notícias trágicas (pois dão mais audiência).
Porém, ontem pela manhã tive uma ótima surpresa enquanto navegava pelo site do UOL, quando me deparei com o título “Orgulho de falar bem inglês”. Sem pensar duas vezes, cliquei no link e fui direcionado para o blog do correspondente da Folha de São Paulo na China, Raul Juste Lores, no qual ele comenta sobre um programa da TV estatal chinesa que apresenta um concurso que valoriza quem fala bem a língua inglesa.
Tal situação, num primeiro momento, chama-nos a atenção pelo fato de ser um país comunista interessado em aprender o idioma capitalista, ou o “idioma do imperialismo” como é citado por Lores. Porém, além dos diferentes sistemas econômicos, está em questão – também – a briga entre os dois adversários pelo domínio do idioma universal, já que vivemos um momento em que só se fala sobre a ascensão do Mandarim como o idioma do futuro.
Mesmo tendo a possibilidade de vir um dia a ser falante nativo da língua predominante no mundo, os chineses ainda respeitam e admiram a língua inglesa e arrumam uma forma de estudá-la (com ou sem o auxílio de um professor).
No entanto, ao traçarmos um paralelo da situação dos chineses com a realidade e o contexto social brasileiro, o resultado não poderia ser mais triste. Na China, pessoas levam apostilas para os seus trabalhos e estudam a cada minuto disponível, enquanto no Brasil as pessoas preferem não repetir tal atitude para não ser repreendidas por seus superiores.
Há 11 anos, em 1999, o professor Zhang Lianzhog, do Ministério da Educação da China, disse que 200 milhões de alunos estavam estudando inglês para “entender outras culturas, abrir a cabeça, ultrapassar as barreiras da comunicação e aumentar a força intelectual do país”, com o objetivo principal de preparar a população para a abertura da China ao mercado internacional.
Enquanto isso, 11 anos depois – em 2010 – no país em que tudo o que vem dos EUA é considerado melhor ou mais atraente, a língua inglesa ainda encontra-se deslocada nas escolas públicas, principalmente por não ter influência nos resultados do IDEB. Nossa esperança é que, com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 (duas poucas coisas que atraem o interesse dos brasileiros), a circulação de estrangeiros no país e a necessidade da língua inglesa façam o idioma universal ser mais valorizado em terras tupiniquins. A questão é: Acordaremos antes ou depois da Copa? Se acordarmos, já estaremos no lucro.
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À Luz dos números do IDEB – 28/07/2010
Erika de Souza Bueno
Caminhos para uma Educação de Qualidade
Os resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) trouxeram um misto de sensações de prazer e de “quero mais” à Vitae Futurekids, empresa que é referência na área da educação com atuação em diversas cidades do Brasil inteiro. Na maior parte dos municípios que suas soluções educacionais estão presentes, os resultados deste importante indicador provaram que suas visões de mundo estão certas.
Os resultados podem ser vistos em municípios como Taboão da Serra, o qual está localizado na região metropolitana de São Paulo e que obteve nota de 5,20 no IDEB 2009.
A Vitae Futurekids também marca presença em cidades como Ananindeua, Bertioga, Caçapava, Cubatão, Florianópolis, Guaratinguetá, Lençóis Paulistas, Lorena, Osasco, Pindamonhangaba, São Manuel e muitos outros que acreditam que a Educação é o melhor caminho para uma sociedade mais justa e igualitária.
Em seus programas, encontram-se soluções como a Matemática Descomplicada, a qual promove o domínio de conteúdos e habilidades matemáticas por meio de atividades lúdicas e sistematizadas.
Há também a Informática Educacional que entende a tecnologia da Informação e Comunicação como um recurso didático-pedagógico no contexto educacional, possibilitando aos alunos e educadores a apropriação desta indispensável habilidade e competência.
Já a solução Línguas Estrangeiras amplia a capacidade de desenvolvimento da fala, audição, leitura e escrita em Línguas Estrangeiras, tanto de professores como também de alunos.
Os filmes são transformados em recursos pedagógicos de uso regular e sistematizados por professores e alunos por meio da solução Cinema na Escola.
Cada filme é entendido como uma rica fonte para potencializar o processo de ensino-aprendizagem, o que o torna eficaz no desenvolvimento de novas habilidades necessárias para a vida acadêmica e social de alunos de várias faixas etárias.
Por sua vez, a solução Pró-Família promove a integração entre a família, o professor e a escola, diminuindo, assim, a evasão e o absenteísmo escolares. Esta solução entende a família como parceira no processo de ensino e aprendizagem de cada aluno, diminuindo a distância entre pais e comunidade escolar.
É praticamente impossível pensar em ProJovem Urbano sem associá-lo à empresa, pois busca sempre a promoção da inclusão social dos jovens brasileiros, buscando sua reinserção na escola e no mundo do trabalho, combatendo, no mínimo, duas exclusões, ou seja, a escolar e a social.
Por meio de atividades diferenciadas e desafiadoras, a Recuperação de Conteúdos utiliza os recursos tecnológicos para incentivar a aprendizagem e recuperando os conceitos não aprendidos pelos alunos.
E tem muito mais! A Vitae Futurekids também é a responsável por soluções como a Aprendizagem Sistêmica que proporciona maior aprendizado e desenvolvimento de habilidades essenciais para a convivência saudável, a Formação Continuada que qualifica os profissionais da educação, a Equipe Local que realiza acompanhamento técnico, didático e pedagógico nas escolas, há também a solução Material Didático que oferece material de apoio aos profissionais de educação, a Inclusão Digital que promove a inclusão digital e social de pais e mães de alunos, assim como da comunidade escolar em geral, a Alfabetização e Letramento que promove o processo de aquisição da leitura e escrita, EJA Virtual que oferece um ambiente virtual de aprendizagem para atender, especificamente, aos alunos da Educação de Jovens e Adultos…
É importante ressaltar que todas as soluções contribuem de forma muito significativa para a melhoria da educação que pode ser comprovada pelo IDEB, pois tanto professores como alunos se veem em ambientes inovadores que ampliam e estimulam a criatividade, o desenvolvimento de leitura e produção escrita, assim como soluções de problemas de várias ordens.
Em todos os momentos e em todas as soluções, há a consideração da importância de se permitir que cada aluno tenha o direito a uma formação plena, na qual ele seja preparado para uma vida fora dos muros das escolas e, para isso, muitas vezes é preciso uma maior aplicação na Formação de Educadores, pois são eles que orientam diariamente nossos jovens alunos.
O IDEB vem mostrar que tudo isso é perfeitamente possível e prova que assim como nos municípios citados abaixo, a Educação precisa de pessoas dispostas a direcionar esforços a ela, pessoas estas que realmente acreditam num mundo mais justo e num futuro menos conflituoso.
Apenas para exemplificar a melhora em alguns resultados do IDEB, veja os dados abaixo que sintetiza o aumento no índice nos municípios de Taboão da Serra, Ananindeua, Bertioga, Caçapava, Cubatão, Florianópolis, Guaratinguetá, Lençóis Paulistas, Lorena, Osasco, Pindamonhangaba, São Manuel:
Município 2005 2007 2009
Ananindeua 3,30 3,40 4,40
Bertioga 3,90 4,40 4,70
Caçapava 4,20 3,60 4,90
Cubatão 4,00 4,80 5,50
Florianópolis 4,20 5,00 5,20
Guaratinguetá 4,50 4,90 5,40
Lençóis Paulistas 4,90 5,00 5,80
Lorena 4,20 5,00 5,10
Osasco 4,50 4,70 4,80
Pindamonhangaba 4,80 5,10 5,50
São Manuel 4,60 4,70 5,30
Taboão da Serra 4,50 4,90 5,20
Fonte dos dados: Prova Brasil e Censo Escolar.
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A educação no Brasil precisa melhorar – e muito! – 31/01/2011
Francisca Romana Giacometti Paris
Infelizmente pudemos constatar que metade dos estudantes que estão cursando o último ano do 1º ciclo do Ensino Fundamental no Brasil pode ser considerada analfabeta funcional e quase um quarto dos que concluem o Ensino Médio sai da escola sem ter se apropriado de saberes escolares básicos. Esses dados, já esperados, foram evidenciados recentemente pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Somado o resultado do Saeb à taxa de rendimento escolar que mede aprovação e evasão e ao desempenho dos alunos na Prova Brasil (exame federal que avalia a qualidade da educação pública), obtém-se o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Em 2010, o índice mostrou que, apesar de a distância na qualidade do ensino entre a rede pública e a privada ter diminuído nos últimos anos, o estudante que completa o Ensino Fundamental em uma escola particular sabe, em média, mais do que um aluno formado no Ensino Médio público, apesar dos três anos de estudo que os separam.
Já o Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), que monitora o desempenho do ensino em todo o mundo, avaliando alunos com 15 anos de idade, traz dados mais preocupantes. Dos alunos que chegam à 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental no Brasil, só 25% aprendem matemática nos níveis mínimos esperados, porcentagem que despenca para 10% no 3º ano do Ensino Médio.
A despeito desses dados alarmantes, foi noticiado pela mídia que 16 estados brasileiros mais o Distrito Federal não têm plano estadual de Educação – mesmo sendo previsto em lei –, segundo recente estudo da ONG Ação Educativa. Isso significa que eles não estabeleceram ou não legalizaram metas consolidadas para direcionar as políticas públicas.
E quais são os caminhos para se reverter esse quadro? Podemos vislumbrar cinco, que se complementam:
1) continuar a melhoria da distribuição de renda
2) fortalecer políticas de valorização docente
3) investir na qualidade e ampliação da educação infantil
4) promover formação continuada para professores e gestores
5) optar por materiais e recursos didáticos que vão ao encontro de uma aprendizagem significativa, que possibilitem ao aluno do ensino público uma formação adequada às demandas desta época.
Um estudo da Fundação Lemann comprovou, há alguns meses, a eficiência do uso de materiais didáticos estruturados em escolas municipais e estaduais de São Paulo. As escolas que adotaram esse tipo de material em 2005 viram as notas de seus alunos aumentarem consideravelmente em Língua Portuguesa e Matemática, na Prova Brasil, em relação às demais escolas.
Materiais didáticos estruturados (ou “sistemas de ensino”) são cadernos, de uso individual, que organizam o currículo da escola e os conteúdos das disciplinas. Podem ainda orientar os professores e acompanhar o desempenho dos estudantes, o que otimiza o aproveitamento do tempo em sala de aula, favorece o estudo do aluno em casa e incrementa o domínio do conteúdo pelo professor.
Isso porque um sistema estruturado de ensino se configura como um conjunto de soluções que vão além do material didático. Ele inclui, por exemplo, tecnologias educacionais, portal educativo, formação continuada de professores, avaliação e acompanhamento da aprendizagem do aluno, entre outras, que, juntas, resultarão em melhor desempenho escolar.
Em educação, não há uma solução milagrosa para tudo. É preciso combinar diferentes alternativas e esforços. Sem a cooperação do poder público – gerando políticas eficazes –, da iniciativa privada – produzindo conteúdos de qualidade para alunos de todas as classes sociais – e das associações de classe – auxiliando na formação continuada –, permaneceremos chorando sobre o leite derramado. Ou melhor, sobre os tristes índices da nossa educação.
Francisca Romana Giacometti Paris é Diretora pedagógica, pedagoga, mestre em educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP).
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O Ideb das Escolas Particulares – 10/01/2013
Francisca Paris
A divulgação do mais recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) traz sempre informações relevantes para os gestores da rede pública.
Mas não só para a rede pública: há também uma amostra da rede particular a cujos dados os gestores costumam dar pouca importância, contentando-se em constatar que o desempenho médio das escolas privadas é superior ao das públicas.
Contudo, um gestor prudente pensa no médio e longo prazo, precisando analisar com cuidado todas as informações sobre o ambiente em que atua – ou ficará sob o risco de surpresas com a mudança paulatina de cenário.
No relatório do Ideb, há muitas informações interessantes, mas podemos nos restringir, no espaço deste artigo, a um olhar mais global sobre o desempenho da rede privada.
O Ideb diz que as escolas particulares não alcançaram a meta para 2011 no Ensino Fundamental I (nota 6,5, contra meta de 6,6), no Ensino Fundamental II (nota 6,0, contra meta de 6,2) e no Ensino Médio (nota 5,7, contra meta de 5,8).
Tudo bem. Pode-se argumentar que a diferença é muito pequena e que ainda assim os resultados superam em muito os da rede pública.
Mas isso é muito pouco, quando se olha a planetária corrida pela melhoria da educação. O Brasil tem muito a caminhar na oferta de um ensino de qualidade.
Indicadores internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), deixam claro que, mesmo se considerados os resultados da rede privada, o Brasil ainda está muito atrás dos países da Comunidade Econômica Europeia.
O investimento em programas de aprimoramento contínuo do trabalho pedagógico precisa ser um processo permanente.
No entanto, muitas escolas ainda não se deram conta disso.
A sociedade do século XXI demanda novas gerações mais bem-preparadas, sob todos os pontos de vista, e a escola particular tem um papel fundamental na formação de elites.
Descuidar dessa posição é um erro estratégico e o preço a se pagar pode ser a futura perda de prestígio social e de espaço no mercado educacional.
Em muitas cidades do interior, onde as redes públicas municipais avançam mais rapidamente nos processos de melhoria, as escolas particulares já sofrem com a perda de alunos.
Ao mesmo tempo, políticas afirmativas de acesso ao ensino superior, como as cotas, acirram ainda mais a competição pelas vagas nas melhores universidades.
Assim, a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é uma oportunidade para refletirmos sobre uma questão que é imediata e decisiva para todos – e muitas escolas da rede particular precisam se dar conta dessa urgência.
Francisca Paris é pedagoga, mestra em Educação e diretora de serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva.
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CONAE 2014: onde estamos e onde precisamos chegar! – 06/08/2013
Elisete Baruel
A Conferência Nacional de Educação – CONAE será realizada de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília, com a finalidade de oferecer espaço para deliberações que possam resultar na elaboração de um conjunto de propostas que vai subsidiar a efetivação do Plano Nacional de Educação pelos municípios, pelos estados e pelo Distrito Federal, no contexto da construção do Sistema Nacional de Educação.
No momento o Brasil está vivenciando as etapas que antecedem a CONAE, etapas distintas e/ou complementares: Conferências Municipais, Conferências Intermunicipais, Conferências Estaduais e Conferência Nacional. Cada uma das etapas tem características peculiares porque é o momento de se organizar grupos de estudos para debater e apresentar sugestões que poderão ser incorporadas ao texto base do Documento-Referência que tem como tema “O PNE NA ARTICULAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”.
O documento-Referência está fundamentado em sete eixos:
Eixo I – O Plano Nacional de Educação e o Sistema Nacional de Educação: organização e regulação.
Eixo II – Educação e Diversidade: justiça social, inclusão e direitos humanos.
Eixo III – Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente.
Eixo IV – Qualidade da Educação: democratização do acesso, permanência, avaliação, condições de participação e aprendizagem.
Eixo V – Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social.
Eixo VI – Valorização dos Profissionais da Educação: formação, remuneração, carreira e condições de trabalho.
Eixo VII – Financiamento da Educação: gestão, transparência e controle social dos recursos.
Todos os eixos apresentam questões importantes para a educação brasileira e exigem seriedade de todos os interessados nesse debate, para que as proposições atendam de fato as demandas da sociedade.
A 1ª CONAE ocorreu em 2010 e contou com a mobilização de cerca de 3,5 milhões de brasileiros e a eleição de 450 mil Delegados para a participação das etapas preparatórias, demonstrando o real interesse da sociedade por iniciativas dessa natureza.
Estamos vivenciando um momento histórico na educação brasileira, onde temos clareza das conquistas já realizadas e temos uma clareza ainda maior de onde precisamos chegar. Não podemos mais aceitar a permanência no “campo das discussões” e partir de forma assertiva para o “campo das realizações”, ou seja, fazer acontecer.
Como professora que sou, sinto um certo cansaço de participar de tantas iniciativas que muitas vezes não resultam em ações concretas, que possam de fato transformar nossas escolas, favorecendo milhões de alunos que desejam um espaço onde possam aprender, se desenvolver e ser feliz.
Estou envolvida, assim como tantos outros educadores. Participei das Conferências no Guarujá, Pindamonhangaba, São Carlos, Osasco e São José dos Campos. Participarei da Etapa Estadual em Serra Negra de 27 a 29 de setembro, como Delegada eleita na Etapa Intermunicipal da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, onde pretendo contribuir com todo o conhecimento que possuo por ter vivido e estudado educação ao longo de 25 anos na minha vida profissional e pessoal.
Acredito e sei que podemos ter força e voz nas mudanças que queremos ver na educação brasileira. Só nos resta a sabedoria de propor as medidas certas e a coragem de cobrar a efetivação dessas medidas que farão do Brasil um país, de fato, para todos.
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O que pensar das avaliações de sistema, externas? – 04/09/2013
Marcelo Nogueira
No último ano comecei a estudar e entender um pouco mais sobre sistemas e avaliação, avaliações externas (como queiram chamar) através do curso de Fundamentos da Avaliação de Sistemas e de Unidades Escolares da Faculdade de Educação da USP. O Professor Ocimar Munhoz Alavarse está propondo aos alunos – onde estou inserido – deste curso discussões em sala de aula e textos dos mais diversos ângulos e pensamentos sobre avaliações de sistema, sendo estes sugestões de leitura com o intuito de fundamentar mais sobre este tema que, ainda hoje, há muitos questionamentos de todas as instâncias envolvidas, sendo elas, alunos, professores, gestores escolares, avaliadores, órgãos públicos e privados entre outros.
Antes desse curso meu conhecimento sobre o tema avaliação estava na vivência diária dentro das escolas municipais de Taboão da Serra como Professor de Informática Educacional para alunos do fundamental I. Como estava inserido em um conteúdo complementar da grade curricular do município e não estava burocraticamente ligado à avaliação dos alunos, possuía uma visão mais externa de como os professores avaliavam os alunos e como os sistemas de avaliações se colocavam dentro da escola. Não presenciei ações diretas após o resultado de alguma avaliação externa, nem mesmo avaliações internas.
Segundo Nevo (1995) “[…] os avaliadores externos executam melhor a função de avaliação somativa”, ou seja, é uma avaliação após os conteúdos trabalhados, para verificação do conteúdo aprendido. “Os avaliadores internos executam melhor a função de avaliação formativa”, ou seja, há uma possibilidade de fazer correções durante o processo. Pode ser também que não tenha presenciado pelo fato de ter até aquele momento uma visão muito mais de aluno para esses processos do que professor propriamente dito.
Conceitos
Foi na EMEF Amorim Lima, uma escola de São Paulo, durante dois anos mergulhado diretamente na proposta metodológica da escola, que comecei a entender mais os conceitos de avaliações, avaliações internas, avaliações externas e como estas representavam dentro daquela escola. Muitos educadores discutiam e, acredito que até hoje, discutem os modelos de avaliações para a metodologia adotada tanto quanto os índices apresentados destas avaliações e seus significados no cenário atual.
Ainda trabalhando na Planeta Educação, uma empresa que vende soluções em educação, pude perceber que a avaliação dos programas comercializados para os clientes são muito importantes, pois como os clientes são em sua maioria prefeituras, os resultados quantitativos expressam politicamente bons retornos para a sociedade principalmente pelas avaliações de sistemas que estão bastante nas mídias. Com a teoria proposta no curso é possível agora entender um pouco mais da visão das instâncias envolvidas e a discussão de alguns educadores sobre esse tema.
Oliveira (2008) esclarece os conceitos de avaliação e medida. “O que temos no Brasil, com estas testagens sãomedidas de proficiência em algumas disciplinas. A avaliação consiste em um processo mais amplo que pode tomar a medida como uma de suas dimensões, mas se associa à elaboração de juízos de valor sobre a medida e a proposição de ações a partir dela.” Percebi tal diferença na EMEF Amorim Lima, pois eles consideram, por exemplo, o Ideb – relação direta com a Prova Brasil – como um índice que não tem representatividade direta da proposta metodológica. Porém por ser uma escola ainda hoje em evidência, esse índice serve para vários educadores como uma avaliação, boa ou ruim, da metodologia adotada.
Alavarse (2011) traz a nós uma definição básica sobre avaliação educacional “[…] como um julgamento sobre algo – um objeto de avaliação – baseado em alguns critérios, com determinadas implicações, sendo possível identificar, […] um conjunto de contribuições polêmicas relativas ao que se denominou avaliação de aprendizagem, via de regra, se está relacionada ao processo que resulta na produção de uma síntese avaliativa para cada aluno, […]”. Portanto dou certa razão à EMEF Amorim Lima, pois acredito que essas avaliações são uma síntese, o que não é possível definir se a escola é “boa” ou não. Primeiramente precisamos ter a ciência do que realmente estas avaliações de sistema indicam para assim, discutirmos como a escola entende os critérios da avaliação educacional, sendo eles relevantes ou não para ela.
Técnicas de avaliação
Por outro lado, temos que ter conhecimento que algumas destas avaliações educacionais possuem técnicas para medir a proficiência do aluno. Por exemplo, existe a Teoria da Resposta ao Item (TRI) que, segundo Andrade (2010), “é um conjunto de modelos que relacionam a probabilidade de um aluno apresentar determinada resposta a um item com sua proficiência e com as características (parâmetros) do item.” Há também o modelo de Rasch que, (Andrade 2010) “[…] o modelo logístico de dois parâmetros, e quando todos os itens possuem o mesmo parâmetro de discriminação temos o modelo logístico de um parâmetro […]”.
Quando tomamos conhecimento que estas avaliações de sistema são cuidadosamente pensadas (hoje consigo acreditar mais nisso) para que a medição seja a mais fidedigna do que se está medindo podemos, de fato, fazer uso para avaliar o objeto em questão. Porém Oliveira (2008) ressalta que “a primeira dificuldade para que tal processo se efetive decorre de uma questão de entendimento. As escalas elaboradas a partir das ferramentas mais modernas, […] são incompreensíveis para os profissionais da educação.” Sendo assim, apesar da Prova Brasil, por exemplo, existir desde 2005, estas avaliações de sistema ainda decorrem de dúvidas e desconfianças para as aplicações e resultados sempre que são apresentados, ou por razões políticas ou pelos exemplos citados acima.
Existe também outra razão dessa discussão que é de aplicar a mesma avaliação para alunos de diferentes classes sociais, ensino público ou privado, estrutura familiar, etc. Aqui no Brasil o regionalismo é considerado outro fator pertinente para essa “padronização” de avaliação. Alguns desses fatores podem influenciar direta ou indiretamente nos resultados, mas num artigo da além-mar – parceria com a revista portuguesa A página da Educação – (presença pedagógica – 2012) escrito por David Rodrigues, discute o conceito de equidade educativa e de como este conceito está diretamente ligado ao que chamamos de excelência na educação. Este artigo ressalta que “[…] se um sistema procurasse a qualidade teria que menosprezar a equidade e que, os sistemas educativos que valorizavam a equidade não poderiam atingir níveis de excelência.” Observando mais uma vez as técnicas que possuem as a criação das avaliações o artigo ressalta que o PISA (Programme for International Student Assessment) consegue levantar informações dos países com os melhores índices são os mesmos que tem a maior equidade educativa. É uma informação interessante ao passo que o artigo conceitua três aspectos para essa equidade sendo: equidade no acesso, equidade de oferta educativa e equidade de resultados. A primeira trata, em linhas gerais, da inclusão e de locais menos assistidos pelos governos. A segunda é ofertar a mesma oportunidade para todos quanto ao currículo assim como estratégias e oportunidades de aprendizagem semelhantes e a terceira (a mais interessante) é de não se conformar que a escola terá insucessos, mas de tentar o possível para que se consiga, não na igualdade de resultados, mas sim na igualdade de desenvolvimento das suas capacidades múltiplas.
Regionalismo
Trazendo a segunda equidade para o cenário brasileiro, há quem acredita da necessidade de uma padronização do currículo nacional para a educação básica. Por exemplo, Priscila Cruz escreveu um artigo para o Jornal Folha de São Paulo (09/2012) onde “O currículo nacional é o conjunto de aprendizagens que devem ser comuns a todos os alunos, seja porque são universais (a aritmética, as leis básicas da natureza, etc.) ou porque dizem respeito a nossa identidade brasileira (o estudo dos ecossistemas brasileiros, a nossa história, etc.)”.
Por outro lado, observando a dimensão do Brasil, ter um currículo nacional pode promover a injustiça ao tratar o diferente como igual e, assim torná-lo também desigual. Oliveira (09/2012) afirma que “É com a liberdade de cada escola elaborar seu projeto pedagógico, acolhendo os sujeitos que dela participam, que a educação vai se tornando ato de liberdade e instrumento da democracia”.
Acredito numa educação democrática onde a gestão escolar, juntamente com a comunidade escolar (através dos seus conselhos de escola), possa promover o que acreditam ser a melhor proposta e metodologia educacional. Mas também um norte, um padrão mínimo precisa ser estabelecido regionalmente ou nacionalmente, para podermos assegurar basicamente um currículo que possa atender a necessidade do aluno e a necessidade da sociedade.
Fischer (2011), em seu artigo no jornal O Globo, ressalta a questão entre currículo e a avaliação externa que hoje serve também para ingresso nas universidades, o Enem. “O que cai no vestibular entra no programa de ensino da escola; o que não cai, deixa de existir, com raríssimas exceções”. Hoje é possível perceber que o processo está invertido. As avaliações externas estão determinando os currículos das escolas. Fischer destaca a literatura cobrada no Enem que, a seu ver, iguala poemas de Drummond a uma reportagem de jornal. Ou seja, estamos apenas tratando o currículo como uma proposta técnica de aprendizagem e não a sua essência ao qual foi desenvolvida ao longo dos anos. Assim sendo, entendo que o prazer por conhecer o que é desconhecido ou pouco explorado acaba a partir do momento que se torna uma obrigação para um acesso ao ensino superior, por exemplo.
Oliveira (2012) presidente do Instituto Alfa e Beto destaca em seu artigo para o jornal o Estado de São Paulo quatro lições importantes de reformas educativas internacionais. Uma delas é assegurar a alfabetização dos alunos até o final do 1º ano. Pensando que hoje na educação brasileira em geral os alunos do 1º ano tem 6 anos, assegurar isso é um pouco agressivo e, complementando com a ideia de Fischer, desde os primeiros anos da vida escolar, já estamos ignorando o tempo e o processo, consequentemente, o prazer por querer aprender.
Contudo o processo de avaliação deve existir, sendo ela interna ou externa. Precisamos sempre estabelecer critérios, parâmetros e definir indicadores que sejam medidores da aprendizagem e, com essas informações, sabermos se estamos seguindo o caminho que queremos, sendo uma visão micro de uma escola ou para uma visão mais sistêmica, seja de um país ou de um conjunto de países. Temos também que tirar esse conceito das avaliações serem méritos para uns e punições para outros. (Alavarse 2011) “[…] pois numa escola que se pretenda democrática e inclusiva as práticas avaliativas deveriam se pautar por garantir que, no limite, todos aprendessem tudo.”
Investimentos em Educação
É verdade que percebemos um aumento considerável nos investimentos do governo para a educação. Na última década tivemos um aumento de 57% de recursos para a educação, mas ainda os índices não são os esperados. E não alcançaremos se ainda continuarmos tratando os resultados das avaliações como as principais metas, e esquecermos que nosso objeto de avaliação são alunos, seres humanos, tão complexos como nós, os julgadores dos resultados que encontramos. (Nevo 1995) “Provavelmente, a escola jamais será um bom cliente da avaliação, a menos que comece a fazer a avaliação, tornando-se um parceiro igual no diálogo para o aprimoramento escolar. […] alunos, professores e administradores escolares devem transformar-se em participantes ativos dos diálogos de avaliação, em vez de continuarem sendo recipientes passivos das descrições e dos julgamentos oriundos das avaliações.”.
Se entendermos que já estamos achando o norte para uma qualidade na educação, mas que para isso precisamos principalmente, saber trabalhar e usar as informações que coletamos, sejam elas de qualquer meio, e estabelecer verdadeiros diálogos com essas informações de cada envolvido nesse processo, será uma consequência melhorarmos esses índices e, de fato, melhorarmos a qualidade e a notoriedade que queremos.
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Referências Bibliográficas
ANDRADE, Dalton Francisco de. A Teoria da Resposta ao Item (TRI). Avalia em Ação: ensinar com qualidade e valores, São Paulo, n. 3, p. 26-27, 2010.
ALAVARSE, Ocimar Munhoz. Avaliações internas e externas na educação básica: características e possíveis articulações. Trabalho apresentado no Curso para Formação de Tutores da Rede Estadual de Goiás. Goiânia. 12 dez. 2011.
CRUZ, Priscila. OLIVEIRA, Dalila Andrade. O Brasil deve adotar um currículo nacional único para a educação básica? Folha de São Paulo, São Paulo, p. A3, 15 set. 2012.
FISCHER, Luís Augusto. Não cai no Enem. O Globo, Rio de Janeiro, p. 8, 13 ago. 2011.
JIMENES, Gabriele. E a conta não fechou. Veja, São Paulo, p. 100, 19 set. 2012.
NEVO, David. Avaliação por diálogos: uma contribuição possível para o aprimoramento escolar. In: TIANA, Alejandro (Coord.). Anais do Seminário Internacional de Avaliação Educacional, 1 a 3 de dezembro de 1997. Tradução de John Stephen Morris. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 1998. 165 p. p. 89-97.
OLIVEIRA, João Batista Araújo e. Prova Brasil: novos resultados, velhas mazelas. O Estado de São Paulo, São Paulo, p. A2, 03 set. 2012.
OLIVEIRA, Romualdo Portela de. Avaliações externas podem auxiliar o trabalho pedagógico da escola? In: EDUCAÇÃO: fazer e aprender na cidade de São Paulo. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2008. 240 p. p. 230-237.
RODRIGUES, David. Equidade educativa: em busca da excelência para todos. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 18, n. 104, p. 34-36, mar./abr. 2012.
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Revigorando a Educação
João Luís de Almeida Machado
Nova Escola on-line
É importante ressaltar que a revista Nova Escola, publicada pela Editora Abril, veicula há muitos anos, artigos que tem como interesse primordial atender a uma demanda crescente por informações e por atualização no trabalho escolar por parte do professorado. Como tal, a revista tem sido oferecida ao público leitor com preço acessível e, mais importante, tem buscado apoio nas experiências de profissionais de ponta e de professores que estão “na lida”, “na labuta”, identificando a clientela escolar, entendendo suas dificuldades, criando condições reais de estimular o aprendizado e prezando, dessa maneira, pelo surgimento de um país mais justo, de pessoas participativas, de ética e de cidadania. Expandir essa possibilidade, criando um endereço acessível a todos os que estão ligados na grande rede, era passo esperado de tão conceituada publicação. Vejamos então como é aNova Escola (www.uol.com.br/novaescola) na internet.
Ao abrir a página do site da revista Nova Escola, nos deparamos com uma coluna especial entitulada “Se liga, professor”. Acompanhada de um link que nos liga a um índice de notícias selecionadas a respeito de questões educacionais. Essencial se manter atualizado, pois essa é a proposta desse primeiro caminho encontrado nessa viagem pelo website da Nova Escola.
Podemos perceber, num menu apresentado ao lado do título da coluna inicial, vários caminhos que podemos percorrer pelas páginas eletrônicas de Nova Escola.
O primeiro caminho nos liga a Edição do Mês da revista que está nas bancas. Como toda e qualquer publicação vendida em bancas de jornal, Nova Escola também se reserva o direito de dar aos leitores da versão eletrônica de sua revista, apenas uma versão reduzida da publicação, contendo algumas reportagens (4 ou 5). O título das demais, acompanhado de uma linha explicativa do teor da reportagem aparece na sequência da página, assim como o compromisso de disponibilizar os outros artigos na página das edições anteriores do mês seguinte. Confira as reportagens, elas apresentam dicas importantes para o trabalho em sala de aula ou para o aperfeiçoamento dos professores.
Em edições anteriores encontramos duas possibilidades de pesquisar o acervo de informações, por edição ou por disciplina. Ao optarmos por dar uma olhada nas edições, veremos que nos é dado acesso das revistas de 1997 até as últimas disponibilizadas antes da edição do mês. Se nossa opção for por disciplinas, teremos a nossa disposição uma pesquisa mais direcionada, onde poderemos encontrar artigos específicos sobre as disciplinas mais tradicionais como português, história ou matemática até, materiais sobre os temas transversais, sobre alfabetização, a respeito de arte ou mesmo, de educação física. Apesar da Nova Escola direcionar-se principalmente aos professores que trabalham com o Ensino Fundamental, as matérias apresentam informações que podem ser úteis para professores de outros níveis (Ensino Médio e mesmo Superior, especialmente, Pedagogia).
Ao acessarmos o setor de Planos de Aulas, novamente encontraremos um índice, que nos dá opções de trabalho nas diversas disciplinas, da alfabetização a geografia, da língua estrangeira a Matemática, das Ciências Naturais a Arte, entre outras. Tive a curiosidade de dar uma olhada nas orientações de um dos setores, o de Artes, onde pude ver que estão disponibilizados planos de aula para trabalhar temas como a Semana de Arte Moderna de 1922, o Abstrato Italiano ou ainda as Máscaras Gregas. Nessas atividades são apresentadas informações fundamentais como:- para que nível se destina, os objetivos, o tempo necessário, os recursos didáticos,…
No link “Fala Mestre“, encontramos artigos de grandes educadores ou de profissionais de outras formações abordando temas relacionados ao universo escolar. São autores da grandeza de Ana Maria Machado, Emilia Ferreiro, Philippe Perrenoud, Cristovam Buarque, Domenico de Masi, Tânia Zaguri e muitos outros. Abordam assuntos tão importantes quanto a necessidade da criatividade, leitura, competências, a importância e o valor da literatura, … (imperdível!).
No setor “Opinião“, são colocadas a nossa disposição as colunas de Eugênio Bucci e de Júlio Groppa Aquino, em ambos os casos, profissionais mais do que conhecidos pela sua competência e por sua clareza na discussão de temas de interesse da área da educação. Suas colunas analisam questões como leitura, televisão, violência, privacidade, rendimento escolar,…
Há um link especialmente voltado para a administração escolar nomeado de “Gestão Escolar“. Ele divide suas atenções para três espaços fundamentais do trabalho educacional, ou sejam, a sala de aula, a direção e a comunidade. As páginas são de grande interesse para os professores, no entanto, direcionam-se principalmente para o pessoal que lida com assuntos como secretaria, contato com os pais, direção da escola, coordenação e orientação pedagógica.
No setor sobre “Avaliação“, há artigos esclarecedores que fazem parte do acervo da publicação e modelos de avaliação aplicados por professores de diferentes escolas, trabalhando em disciplinas como história, português, ciências naturais, geografia ou matemática. Dê uma olhadinha, pode ser que você se inspire para variar seus modelos de avaliação, atualizando sua prática, incorporando algumas novidades.
Em “Navegar é preciso” o professor encontra algumas sugestões de sites educacionais que podem ajudá-lo em suas pesquisas, na composição de suas aulas, na obtenção de materiais que estava procurando ou que podem ser indicados aos alunos para que eles possam aprofundar suas tarefas e trabalhos. Há sempre textos introdutórios que nos permitem saber quais as áreas privilegiadas pelos sites indicados.
Há uma preocupação tão grande com os professores que o link “Você, professor” foi criado para dedicar-se especialmente a esse componente tão fundamental para o funcionamento das escolas. Os artigos prezam pelo aperfeiçoamento, dão dicas para as férias, alertam para os perigos do stress ou falam da necessidade de trabalharmos de uma forma mais criativa. Confiram.
Os três links que fecham o site da revista Nova Escola são utilitários, compondo-se essencialmente de informações adicionais que podem auxiliar os profissionais da área. No link “Políticas“, por exemplo, encontramos as leis e as estatísticas da educação brasileira. Em “Interação” abrem-se espaços para que os professores possam comunicar-se com outros profissionais através de um bate-papo, de quadro de avisos ou de um fórum. Na parte de “Serviços“, há recursos adicionais como um mecanismo de busca, uma coluna sobre filmes (comentários rápidos e objetivos), dicas de links, sugestões de livros, textos de apoio, uma agenda de eventos educacionais e os postais dos professores.
Todas as considerações feitas nos levaram a conclusão de que o site da Nova Escola tem que ser colocado entre seus favoritos, para que vocês, professores, possam consultá-lo frequentemente. Auxilia no trabalho, fornece elementos para melhorar o relacionamento com os alunos, aproxima a escola da comunidade e valoriza a nossa atividade. Faça uma visita, você poderá conferir!
Obs.: Para poder usufruir do conteúdo vocês terão que se cadastrar, são pedidos apenas dados básicos como nome, endereço, telefone,…
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Gestão Escolar – 06/03/2007
Projetos Pedagógicos precisam ser revisados
O projeto pedagógico é a chave da gestão escolar. A cada ano ele deve ser revisto e , em alguns casos, reformulado.
Só da prática surgem novas idéias, que, por sua vez alimentam novas práticas e assim sucessivamente.
Graças as inovações provocadas pela popularização dos computadores, a escola está deixando de ser apenas o local onde se acumulam conhecimentos, que tem no professor o depositário da sabedoria e no estudo, um fim em si mesmo.
Agora, é preciso transformá-la num ambiente voltado à reflexão. Nesse sentido, o papel do educador passa a ser o de mediador e facilitador.
Cabe a ele criar situações de aprendizagem que possam servir paro o resto da vida do aluno.
No jargão atual, o conhecimento virou um meio para desenvolver competências para além de fazer com que os alunos e professores se tornem capazes de continuar aprendendo pelo resto da vida, formar cidadãos que sabem agir e pensar criticamente, sendo tolerante com as diferenças sem perder de vista sua individualidade.
Isso não significa fazer do educador uma fonte de informação única. Existem coisas que se aprendem fora da escola e outras restritas ao ambiente de ensino.
É preciso tomar cuidado para não cair no modismo e aplicar, em sala de aula, o conhecimento que já se tem fora dela.
As ciências, por exemplo, estão inseridas no cotidiano do aluno, no entanto, as teorias, importantes para entende-las, devem ser aprendidas em sala de aula.
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Planejamento Escolar – 07/02/2008
João Luís de Almeida Machado
Como fazer um plano de curso totalmente renovado
Início de ano letivo, professores reunidos, direção da escola disposta a dar novos rumos ao trabalho, aulas prestes a se reiniciar, alunos ansiosos por alterações e melhorias… O que fazer? Como renovar a escola e, principalmente, os cursos e aulas? De que forma é possível, logo na largada do período escolar, dar alento e ânimo a todos os participantes da comunidade educacional em que trabalhamos?
O primeiro passo é, sem qualquer sombra de dúvidas, levar o planejamento escolar anual muito a sério. De nada adianta reunir o grupo de professores da escola para simplesmente atualizar as datas e realizar pequenas modificações no plano de curso apenas para constar que isso aconteceu. Sei que muitos professores que estiverem lendo essas linhas podem até ficar ofendidos, afinal de contas o puxão de orelhas está sendo direcionado de forma generalizada e, certamente, há profissionais que se preocupam (e muito) em realmente melhorar seus projetos de trabalho de um ano para o outro.
Mas a realidade, conhecida por muitos e também praticada por um sem-número de professores, é que os planos de ensino de anos anteriores já são tão bons que nem precisam ficar sendo alterados, repensados, atualizados e modernizados. Assim pensam tantos que isso já se tornou prática mais do que comum em inúmeras escolas.
Modificar a forma de pensar o plano escolar anual e agir nesse sentido é mais do que necessário e, certamente, é o primeiro e decisivo passo para que a escola seja outra no ano que se inicia. Assuma o compromisso em benefício de seus alunos e também de você mesmo, afinal de contas, ficar dando as mesmas aulas e repetindo iguais idéias ano após ano é coisa para quem tem pouquíssima imaginação… Esse certamente não é o seu caso… Ou é?
E o que deve ser feito a seguir?
Equipe-se para essa dura tarefa. Vá para o planejamento escolar com recursos que considere úteis para realizar alterações marcantes em seu projeto. E que tipo de recursos são esses? Desde livros didáticos e paradidáticos até músicas e filmes com os quais saiba que será possível (e provável) motivar os estudantes e torná-los ávidos e interessados no saber.
Tenha em mente que os recursos devem se adequar aos conteúdos curriculares previstos para o ano escolar com o qual trabalhará. Saiba também que a utilização ou a previsão de uso desses recursos em aula de nada adianta se os mesmos não estiverem concatenados com práticas pedagógicas como explanações do professor, tarefas, trabalhos em grupo, uso de outras referências,…
Ou seja, melhor dizendo, não há varinha mágica entre os recursos que você irá utilizar… Filmes, computador, internet, livros, atividades com arte, visitas a museus, excursões a locais públicos ou privados, entrevistas, encontros com especialistas ou qualquer outra atividade que você desenvolva podem ser de grande utilidade se estiverem plenamente “amarradas” e conectadas ao trabalho desenvolvido na escola em sua totalidade!
Pense também que não adianta apenas centrar suas atenções no conteúdo específico de sua disciplina. Se você dá aulas de português, matemática, história, inglês, biologia, química ou artes é certo que aprofundamentos e novos materiais em sua área específica de conhecimento devem fazer parte da revisão e atualização de seu planejamento de trabalho. Mas além desses saberes centrados em sua especialidade deve também existir um preparo do profissional para melhorar sua didática, seu arsenal de práticas e ações para a efetivação do processo de ensino-aprendizagem.
É, por exemplo, de essencial importância que o docente esteja a par de qual é a proposta pedagógica da escola ou rede de ensino na qual está trabalhando. E, sabedor da filosofia e metodologia do estabelecimento no qual atua, que se informe com a devida profundidade sobre quais são os pilares e práticas comuns a essa proposta. Não adianta nada saber apenas por terceiros o que é, como funciona ou ainda quais são as estratégias mais comuns de tal linha pedagógica.
Não é só isso. Ao professor compete estar por dentro das novas idéias de seu segmento de trabalho. Saber o que pesquisadores e educadores estão falando sobre relação professor-aluno, indisciplina, novas metodologias de ensino, tecnologias na educação, gestão escolar, leis da educação, merenda escolar, avaliação, qualidade de ensino e temas afins é de essencial importância. E não é só isso, com as novas tecnologias em voga cada vez mais, é preciso saber e informar-se sobre economia, política, cultura, artes, esportes,…
Outro aspecto de fundamental importância para um planejamento escolar adequado aos novos tempos é a utilização das novas tecnologias tanto para informar-se e elaborar os planos de ação como para as atividades de trabalho com os alunos. Se o professor ainda tem dificuldades ou desconhece os computadores e a internet está mais do que na hora de buscar auxílio e aprender para contar com o apoio dessas ferramentas. Nesse sentido é importantíssimo que o educador conheça sites e portais que possa indicar para seus alunos como referenciais de pesquisa e apoio em seus trabalhos escolares.
O trabalho educacional também não pode prescindir nos dias de hoje de um constante apoio e intercâmbio dentro do próprio quadro docente. O que quero dizer com isso? Criar projetos integrando disciplinas e buscando sempre o suporte dos gestores escolares é de fundamental importância. Temos que nos lembrar e firmar com constância a idéia de que o conhecimento não é estanque e fragmentado.
Muito pelo contrário, as trocas entre biologia, história, geografia, física, matemática, português, química, artes, inglês, filosofia e educação física são constantes e que essas relações dão ao conhecimento muito vigor, consistência e dinâmica.
Essa dinâmica de trocas também deve ser reforçada com a participação mais integral dos gestores na vida escolar. Isso é uma crítica? Sim, pois o que se vê é que muitas vezes diretores, coordenadores e orientadores se vêem tão sobrecarregados por suas atividades cotidianas – em especial com a burocracia e com pequenos incêndios que ocorrem no dia a dia – que não conseguem acompanhar o que está acontecendo em sala de aula com a devida atenção…
E como esses profissionais podem ajudar? Por sua experiência e conhecimento foram muitas vezes alçados a essas posições na hierarquia de suas escolas. São pessoas que conhecem e têm (normalmente) muita experiência não apenas como gestores, mas também enquanto professores. Conhecendo melhor o trabalho de seus docentes, esses gestores são capazes de ajudá-los na integração de projetos entre diferentes disciplinas, na compreensão da filosofia da escola, nos relacionamentos entre professores e alunos,…
Além disso, os gestores ainda podem (e devem) ajudar a todos na busca por um ambiente escolar devidamente equipado, limpo, organizado, eficiente e bonito. São eles que, liderando e em conjunto com toda a comunidade educacional, devem mobilizar os esforços pela manutenção da escola e pela criação de uma forma de pensar a escola que a torne atraente, interessante e benéfica para todos.
Creio que, certamente, há muitas outras idéias interessantes que poderiam ser adicionadas as proposições desse artigo, nesse sentido convoco todos a participarem suas práticas, ações, estratégias e proposições através de comentários e e-mails. Penso que somente com o constante intercâmbio poderemos melhorar ainda mais nossa educação. Afinal de contas, o desafio de um ano letivo é grandioso e não podemos desperdiçar tempo e oportunidades que nos são dadas, não acham?
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A melhor escola do mundo… – 26/02/2008
João Luís de Almeida Machado
Creia nisso, pode ser a sua…
A “melhor escola do mundo” foi descrita em artigo publicado pela Revista Veja (edição do dia 20/02/2008).
Essa matéria apresentou as particularidades do sistema de ensino da Finlândia, país nórdico europeu que até 30 anos atrás possuía educação equivalente a do Brasil.
E com base em que critérios foi possível definir que o sistema educacional finlandês pode ser considerado atualmente como o melhor do planeta?
Partiu-se do mais básico entre todos os elementos de análise disponíveis: os resultados internacionais obtidos pelos alunos daquela nação no PISA (Programa de Avaliação Internacional de estudantes), comparativamente ao de todos os outros participantes (milhares de estudantes representando 57 nações no total, desenvolvidas ou emergentes) para que, pautando-se nos resultados obtidos nas provas de matemática, ciências e leitura – se constatasse a superioridade finlandesa.
Os finlandeses ficaram em primeiríssimo lugar em Ciências e Matemática e conquistaram a “medalha de prata” em Leitura.
Só para que possamos comparar, o Brasil ficou em 48º lugar em leitura (sua melhor colocação), 52º em ciências e 53º em matemática. Estamos equiparados a nações emergentes africanas e da América Central!
Vale destacar que a distância no que se refere aos resultados obtidos entre os primeiros colocados e os últimos (situação que caracteriza a Finlândia e o Brasil nessas avaliações) é bastante acentuada, portanto a vitória dos finlandeses nessa corrida educacional se dá com praticamente uma volta na frente dos brasileiros!
E qual foi a fórmula mágica utilizada no sistema educacional finlandês para que seus estudantes obtivessem tanto destaque no PISA? O que lhes garantiu a qualidade de ensino tão sonhada por tantos países e educadores?
Provavelmente alguma tecnologia tão distante de nossa realidade que só a teremos por volta de 2020…
Quem sabe livros didáticos revolucionários em seu método e abordagem que realizem verdadeira lavagem cerebral nos alunos e os transformem em gênios… Talvez os professores de lá sejam superdotados intelectualmente e não seja compatível uma comparação com os docentes tupiniquins…
Se você realmente chegou a pensar em alguma possibilidade fantástica, típica dos filmes de ficção científica ou de fantasia, fique tranqüilo, não há nenhuma revolução tecnológica em curso na Finlândia. Eles não inventaram a pílula do pleno conhecimento e nem, tampouco, começaram a inserir chips com enciclopédias completas na cabeça dos estudantes de lá…
As mudanças implementadas nas escolas locais, realizadas ao longo das últimas três décadas – e que coincidem com o surgimento de uma nova, dinâmica e próspera economia na Finlândia (que ocasionaram, por exemplo, o surgimento e consolidação da Nókia como uma das mais importantes empresas de alta tecnologia do mundo) – são bastante simples e reveladoras de que o pote, no final do arco-íris, é acessível a qualquer nação… Vamos então a elas:
– Em primeiro lugar, o investimento em educação por parte do governo local é bastante alto, girando em aplicações equivalentes a 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil já atingimos um montante de 3,9% do PIB e estamos avançando em direção a políticas públicas que garantam mais dinheiro para nossas escolas. Nosso problema reside no fato de que mesmo aumentando progressivamente os investimentos em educação, convivemos com uma corrupção endêmica que não permite a chegada dos recursos investidos nas escolas de forma integral…
– Outra particularidade do sistema de ensino finlandês é a valorização dos profissionais da educação. Enquanto naquele país o salário médio dos professores é de quase 32 mil dólares anuais, no Brasil os educadores recebem o equivalente a 12 mil dólares por ano. É necessário salientar, porém, que os rendimentos anuais de um professor brasileiro são 56% mais elevados do que a renda brasileira. Na Finlândia os professores ganham 12% a mais do que a média nacional. Salários e condições de trabalho melhores ajudam, mas não garantem qualidade superior de ensino conforme pesquisas recentes comprovam. Além disso, para garantir maiores rendimentos, os professores devem comprovar a eficiência do seu trabalho através das avaliações nacionais e internacionais, da assiduidade e pontualidade, dos cursos novos de atualização de conhecimentos,…
– A especialização e o aprofundamento nos estudos é também marca registrada do sucesso obtido nas escolas finlandesas. Naquele país o mestrado é considerado pré-requisito obrigatório para que um profissional do ensino entre em sala de aula no ensino fundamental. Portanto, os índices nacionais finlandeses revelam que 100% dos professores das turmas de 1º a 9º anos do ensino fundamental têm o mestrado concluído! No Brasil calcula-se que esse índice chegue a 2% do total de professores que atendem a essa mesma faixa etária… Se não bastasse isso, os educadores brasileiros lêem muito pouco e não estão habituados a ir ao cinema, freqüentar teatros, visitar exposições, navegar regularmente por portais especializados e de notícias, ler jornais e revistas,…
– Entre a Finlândia e o Brasil há também uma significativa diferença no que se refere à carga horária dos alunos nas escolas. Enquanto lá as crianças e adolescentes têm quase mil horas de aula anuais (para ser mais exato são 995 horas), no Brasil a exigência legal é de 800 horas (ou 200 dias letivos de 4 horas de aula). Essa questão não se refere só a quantidade de horas que um aluno tem ou deixa de ter, mas também se refere a forma como esses encontros são utilizados… Nesse sentido cabe preocupar-se com o planejamento, os materiais utilizados, as técnicas e métodos de trabalho empregados, as tarefas e avaliações, leituras paralelas ao curso,… Num país como o nosso, em que na maioria das vezes os planos de ensino são copiados de um ano para o outro, somente se alterando algumas datas, sem a revisão das ações, estratégias, recursos e trabalhos aplicados, cabe maior atenção a forma como as horas de aula estão sendo usadas e, é claro, uma planificação para o aumento gradual das cargas anuais de trabalho escolar…
– Outra preocupação é a quantidade de alunos por sala de aula. Enquanto os finlandeses têm, em média, 16 alunos por turma, no Brasil a média é de 23… Mas sabemos muito bem que em muitas escolas públicas nacionais há salas com 35, 40 ou até mais alunos, situação que torna muito difícil o trabalho do professor…
– Currículos variados e flexíveis também colaboram para que as escolas da Finlândia sejam melhores e mais interessantes para os alunos. Lá é obrigatório aprender duas línguas estrangeiras e há aulas de ecologia, ética, música, artes,…
– O que se ensina em todas as escolas públicas segue o mesmo padrão em todo o país. Isso evita discrepâncias e diferenças muito acentuadas nos resultados de diferentes regiões.
– As escolas da Finlândia são constantemente visitadas por coordenadores e supervisores de ensino e, a partir dessas visitas, avaliadas quanto ao seu desempenho. Existem metas a serem atingidas e a obtenção (ou não) dos resultados esperados é atribuição de todos os membros do corpo docente. Os resultados são compartilhados pela direção com os professores e há um rigoroso exame por parte dos docentes quanto aos motivos que levaram a escola a estar em boa ou má colocação no ranking escolar nacional. Os professores se consideram (e são considerados pela população) como responsáveis pela qualidade de ensino do país e não fogem dessa importante atribuição tentando atribuir a outros os motivos do fracasso escolar de seus alunos…
– Há aulas de reforço escolar para os estudantes que tem rendimento inferior as médias esperadas nacionalmente. A preocupação existe no sentido de dar alternativas reais de melhoria e recuperação para que a auto-estima do aluno não seja prejudicada e para que, dessa forma, ele não fique atrasado em relação aos demais.
Pensando nisso tudo, concluo acreditando que realmente é possível também no Brasil, a despeito das diferenças que existam entre os dois países, atingir a tão sonhada educação de qualidade. Tudo começa e termina na sala de aula. O professor é a peça chave do processo. A gestão escolar é o elemento primordial para que tudo aconteça devidamente. O que temos que fazer então é trabalhar e colocar essas idéias em prática… Mãos à obra…
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Retratos Recentes da Educação no Brasil – 26/08/2008
João Luís de Almeida Machado
Notícias que evidenciam avanços e problemas
“O Conselho Técnico Científico (CTC) da Educação Básica começa a examinar nesta terça-feira, 11, em Brasília, a oferta de formação inicial e continuada de professores das redes públicas de ensino dos estados e municípios e a construir um Sistema Nacional de Formação dos Professores. Criado em fevereiro para assessorar o Ministério da Educação, o CTC realiza amanhã, terça-feira, das 9h às 18h, a segunda reunião de trabalho. Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a quem o CTC está ligado, indicam que faltam 246 mil professores nas redes públicas de 5ª a 8ª série do ensino fundamental e no ensino médio nas dez áreas do conhecimento. O problema é mais crítico nas disciplinas de física, química e matemática. Como a falta de professores com formação adequada é uma preocupação comum do MEC e dos governos de estados e municípios, um dos desafios do conselho é indicar caminhos capazes de reverter esse quadro.” (Fonte: MEC)
Louvável iniciativa do MEC através do CTC da Educação Básica. Cabem, no entanto, alguns questionamentos a serem respondidos com o passar do tempo pela comissão formada:
– Quais serão os pontos de apoio desse projeto formativo? Universidades? Organizações Não-Governamentais? Empresas Privadas?
– Que conhecimentos e conteúdos serão trabalhados nesse processo de atualização e melhoria da formação docente?
– Os custos desse projeto… Quanto? Quem paga?
– Os beneficiados… Quem? Qual o critério de seleção?
– Que escola queremos criar? De que forma isso ficará indicado no projeto?
– Os formadores… Serão selecionados por concurso? Serão indicados a partir da própria rede de ensino dos municípios e estados? Serão provenientes do ensino superior?
– Como – em termos práticos – se organizará esse projeto?
Essas são apenas algumas perguntas que me ocorreram ao pensar essa nova proposição governamental para melhorar a qualidade do ensino básico no país. Penso que há outras perguntas a se fazer… Vamos pensar coletivamente para que tudo possa dar certo, afinal a proposta é muito interessante!
- b) Educação pública de qualidade, mais que um sonho, uma possibilidade…
“Ao comparar o desempenho dos melhores alunos dos colégios particulares e dos melhores alunos da rede pública no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) fez uma descoberta surpreendente. Ao contrário do que se imaginava, os estudantes mais aplicados dos colégios municipais, estaduais e federais obtiveram uma nota média de 68,77, numa escala de zero a 100, contra 68,72 dos estudantes mais aplicados da rede privada. Na prova de redação, a diferença foi superior a 9 pontos em favor da elite da rede pública. A comparação foi feita entre 149.430 alunos da rede pública que concluíram o ensino médio em 2006 e 149.430 escolhidos entre os melhores formandos da rede privada. Divulgado com exclusividade pelo Estado, o estudo do MEC mostra que 91% dos melhores alunos da rede pública estão matriculados em escolas estaduais, 6,2% em escolas federais e 2,5% em escolas municipais. A maioria dos melhores alunos da rede pública de ensino médio se concentra nas Regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do País, onde há Estados, como o Rio Grande do Sul, com um longo histórico de investimento em educação básica e em qualificação dos professores das redes públicas. Foi por isso que os alunos gaúchos obtiveram uma média superior à brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujos resultados foram divulgados há três semanas. No total, o ensino médio tem 9 milhões de alunos matriculados. A grande maioria dos estudantes da rede pública saiu-se mal nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no Pisa e no Enem, que é uma prova optativa. Se forem consideradas as notas médias dos 602.232 concluintes do ensino médio que participaram do teste este ano, o desempenho foi 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular. Mas o brilhante desempenho da minoria, que constitui a elite das escolas públicas, sinaliza o caminho que deve ser seguido pelas autoridades educacionais”. (Fonte: Estadão)
Os dados acima foram extraídos de um editorial publicado no jornal “O Estado de São Paulo”, cujo título era “A elite do ensino público”, e nos levam a breve conclusão apresentada no título que referenda aquilo que todos nós sabemos, ou seja, que é possível (e comprovado pelos dados acima) ter uma educação pública de qualidade igual ou superior a do ensino privado no país.
Vale recordar que, ao fazermos essa comparação, devemos ressaltar que os índices dos alunos de escolas particulares no país, de acordo com o último exame do PISA, possuem nível equivalente ao de estudantes de Portugal, Espanha, Itália e Polônia (entre outros), estando num patamar intermediário na escala daquele exame internacional (aproximadamente 27º lugar).
Se nos lembrarmos que ao computarmos todos os estudantes (das redes pública e privada nacional), os dados nos levam aos últimos lugares do PISA, ao lado de nações africanas muito pobres, que sofrem com epidemias, de economia atrasada e sem as mesmas possibilidades que o Brasil, passamos a entender os motivos que nos levam a crer que existe luz no fim do túnel para a educação brasileira com a divulgação desses dados sobre a elite das escolas públicas nacionais…
E quais são as estratégias utilizadas para conseguir resultados de qualidade na educação pública nacional? Não há fórmulas mágicas, o que existe é estudo, pesquisa, bom senso, aplicação de recursos variados, respeito pelos estudantes, projetos de leitura,…
No editorial do Estadão, por exemplo, mencionam-se fatores como professores capacitados, alunos estimulados, novas fontes de informação e também o próprio sistema de avaliação do ENEM e o cômputo dessas notas para o ingresso em universidades…
“De cada 100 estudantes da 2ª série do ensino fundamental, 20 não conseguiram aprender a ler. Ou seja, após dois anos de estudo, continuaram sendo analfabetos. Os 80 restantes demonstraram saber ler ou escrever textos simples. Contudo, enfrentam dificuldades para executar tarefas mais elaboradas, como, por exemplo, a redação de um texto com base num tema proposto pelos professores. Em aritmética, a maioria dos alunos da 2ª série se mostrou capaz de fazer adições simples, subtrações entre dois números inferiores a 100 e cálculo de despesas com figuras que representam moedas. Poucos, no entanto, conseguiram ir além, identificando números em tabelas ou gráficos ou resolvendo problemas apresentados em figuras.” (Fonte: Estadão)
Culpa dos governantes? Responsabilidade dos professores? Alunos indisciplinados? Pais ausentes? Escolas mal equipadas? Salários baixos na educação? Enfim, a que se atribuirá tal resultado pífio?
Penso que passamos do tempo de ficar procurando culpados ou responsáveis pelo fracasso, mesmo porque uns apontam os dedos para os outros e no final das contas a escola continua sendo um grande fracasso… Está na hora de todos se unirem (realmente!) por uma educação de qualidade e fazerem a sua parte.
Aos pais compete acompanhar os filhos em sua vida escolar e cobrar (participando diretamente) aulas melhores, tarefas freqüentes, avaliações de bom nível, projetos de leitura, aprendizagem da tabuada,…
Aos alunos cabe a tarefa de estudar, de participar das aulas, de cobrar dos professores aulas melhores (desde que com argumentos qualificados para fazer isso), realizar pesquisas, demonstrar maior curiosidade, entender o valor e a importância da educação em suas vidas, em especial no futuro individual e coletivo de cada um e de todos…
Aos governantes é dada a tarefa de fiscalizar a educação, cobrar uma gestão mais eficiente de cada unidade educacional (e também demonstrar maior competência na administração pública), investir recursos sabendo exatamente porque estão fazendo isso e de que forma isso pode ajudar a educação e, em especial, agindo com idoneidade, respeito e parcimônia com o patrimônio público, principalmente com o futuro da nação, nossas crianças a adolescentes…
Aos professores a mais dura responsabilidade, a de formar pensando não no passar de ano, não em conteúdos estanques e desprovidos de conexão com a realidade, e sim propondo aulas desafiadoras, inteligentes, que valorizem seus alunos e o conhecimento de mundo que eles possuem, respeitando as crianças e prezando o diálogo, usando o que já conhece de educação e indo em busca de novos saberes que o auxiliem a uma melhor prática pedagógica,…
Sei que (aparentemente) estou “chovendo no molhado”, que todos julgam já saber tudo isso, mas a minha dúvida, se é que todos realmente pensam essas coisas, é por que não estão trabalhando assim, por uma educação melhor, por um amanhã mais prodigioso para todos?
Obs.: Vale destacar que São Paulo é uma amostragem mais do que clara que acontece na maior parte dos municípios brasileiros (com exceções, é claro); E é mais que justo esclarecer que a prova em questão foi bastante simples com “questões formuladas com frases curtas e ilustradas por fotografias, desenhos, gráficos e reproduções de jornais ou capas de livros”, tudo de acordo com o nível de aprendizagem que essas crianças deveriam ter atingido…
“Dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 41% já elaboraram um plano de educação. Até o final de 2006, eram 33%. Os dados são do relatório preliminar do Sicme (Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação). O PME (Plano Municipal de Educação) define objetivos, diretrizes e rumos da educação do município e deve ser criado por lei pela Câmara de Vereadores com a participação da sociedade. Os municípios com PME traçam suas ações e têm prazos para executá-las. A comunidade, por sua vez, deve fiscalizar e cobrar.” (Fonte: Agência Brasil)
Como podemos ter uma educação mais qualificada se quase 60% das cidades brasileiras ainda não têm um Plano Municipal de Educação? É deveras animador perceber que houve um crescimento razoável nos dados relativos aos municípios que possuem essas diretrizes entre o final de 2006 e os dados do ano seguinte (2007), mas ainda assim é pouco.
Se educação é realmente prioridade, cabe ao governo federal e aos estaduais fiscalizar e orientar o processo de criação desse instrumento essencial para o funcionamento das redes de ensino das cidades. Municipalizar é uma das principais estratégias para melhorar a qualidade da educação no país, mas não basta apenas passar o bastão para as cidades, é preciso apoiar e sustentar esse esforço. Nesse sentido cobrar, definir metas, estabelecer prazos e auxiliar o processo de criação dos planos municipais de ensino deve ser prioridade para todos (governos e cidadãos).
“Os jovens brasileiros estão entre os que permanecem por menos anos na escola na América Latina, apesar de a freqüência escolar no Brasil estar acima da média da região, segundo indica um relatório divulgado nesta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório Juventude Mundial 2007 indica que os jovens brasileiros entre 15 e 24 anos passaram em média 8,4 anos na escola – entre as pessoas de 24 a 59 anos, essa média é de 7,5 anos. A maior média de anos passados na escola entre as pessoas de 15 e 24 anos foi registrada no Chile (10,9 anos), seguido do Peru (10,6) e da Argentina (10,5). Entre os 18 países latino-americanos considerados pelo relatório, o período de anos de escola dos brasileiros de até 24 anos é maior somente do que o dos guatemaltecos (8,2 anos), hondurenhos e nicaragüenses (7,9 anos). Em relação à freqüência escolar, 73,6% dos jovens brasileiros entre 13 e 19 anos pertencentes à camada dos 20% mais pobres freqüentam a escola, enquanto 89,8% dos jovens na mesma faixa etária entre os 20% mais ricos vão à escola. O índice brasileiro para os jovens mais pobres é superior ao de nove países da lista – Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai e Uruguai. O relatório da ONU afirma que os países da América Latina tiveram grandes avanços no campo da educação nos últimos 30 anos, atingindo um índice médio de 95% das crianças matriculadas no ensino primário, superior aos 85% verificados entre os países em desenvolvimento em geral.” (Fonte: BBC de Londres)
Boa notícia: Na América Latina em geral o índice de pessoas em idade escolar que estão freqüentando escolas já é equivalente a 95%, superior aos índices mundiais gerais que apontam 85% de estudantes nas escolas (esse índice é baixo na África e em grandes porções do continente asiático; por outro lado, é de quase 100% na Europa, Estados Unidos, Japão e demais países desenvolvidos). O Brasil, isoladamente, supera o índice latino-americano auferido pela ONU, atingindo quase 90%.
Má notícia: No Brasil a quantidade de tempo despendido pelos estudantes durante sua vida escolar não supera 8,4 anos na escola. Esse índice, como aponta a reportagem, supera apenas alguns países da América Central e fica aquém dos resultados obtidos por vizinhos como a Argentina ou o Chile.
Conclusão: Estuda-se pouco no Brasil. Esse fato, aliado a baixa qualidade do ensino, auferida nacional e internacionalmente através de exames e pesquisas, demonstra que realmente podemos ter, em breve, um apagão de mão-de-obra e conseqüências sociais ainda mais graves do que as atuais se não educarmos com mais qualidade e tempo as nossas crianças e jovens…
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Gestão Escolar – 22/04/2009
João Luís de Almeida Machado
Diferencial para uma Educação de Qualidade
Qual é o profissional mais importante para que se efetive em termos práticos a educação de qualidade que todos almejam? Se sua resposta foi o professor, tenha certeza que ele também é fator decisivo, verdadeiramente primordial para que isso aconteça, mas por incrível que pareça, pesquisas conduzidas no Brasil e no mundo têm atestado a importância maior dos gestores escolares para que se efetive um trabalho realmente qualificado nas salas de aula de qualquer localidade.
Investimentos na formação dos gestores são, conforme dados da Fundação Lehman, normalmente muito mais eficazes para alterar positivamente o rumo dos acontecimentos no âmbito escolar que qualquer dinheiro investido no aperfeiçoamento dos docentes. E isto numa base matemática equivalente a 5 vezes mais resultados favoráveis para cada centavo gasto com gestores do que com educadores.
No entanto, a maior quantidade de recursos públicos investidos na formação de profissionais das redes municipais, estaduais e federais é vertida em bases inversamente proporcionais em cursos e atualizações para os professores, com a carga destinada a gestores sendo bastante reduzida.
Simplificando este raciocínio podemos afirmar que se gasta muito mais com professores para sua especialização, aperfeiçoamento e atualização do que com gestores da educação, como diretores, coordenadores, orientadores e mesmo o staff que gerencia as redes públicas municipais e estaduais em nosso país. E, como complemento, concluir que o dinheiro gasto com os gestores representa mais benefícios para as escolas do que qualquer investimento feito em relação aos professores.
Isto quer dizer que os investimentos na formação de professores devem acabar e, em substituição a estes o dinheiro deve ser revertido para o aperfeiçoamento dos gestores?
Não é isto que estamos dizendo e defendendo neste artigo… Acreditamos que ambos os grupos de profissionais da educação, gestores e professores, são importantíssimos para que se efetive no Brasil uma Educação de Qualidade. Para que isto aconteça cremos ser necessária a continuidade de investimentos para a formação dos docentes, mas advogamos em prol de maior dispêndio em relação aos gestores nem que, para que isto aconteça, se divida melhor o manancial de recursos destinados a esta finalidade formativa.
Não há dados exatos quanto à partilha dos investimentos relativos à formação dos profissionais da educação, mas certamente aos professores é destinado percentual que supera – com larga vantagem – o custeio de cursos e atualizações para os gestores. Seria sensato crer que, em termos de dados numéricos, a vantagem seja de 8 e até mesmo 9 reais investidos nos professores para cada 1 ou 2 reais destinados aos gestores.
E como estou apresentando uma informação pautada apenas no exame superficial de dados relativos aos gastos de alguns municípios e estados brasileiros quanto a investimentos em novas tecnologias e metodologias de ensino aplicadas às escolas, normalmente envolvendo formações destinadas a professores, e verificando que aos gestores há muito menos opções, a situação pode ser ainda pior do que a mencionada…
Mas por que, de repente, se sentiu a necessidade de reforçar as bases da ação dos gestores escolares, dando-lhes mais subsídios com estas formações e atualização de conhecimentos?
Para melhor entender esta questão é importante primeiramente identificar o perfil dos profissionais que atuam na gestão de nossas redes e escolas públicas (assim como também nas particulares). Neste sentido, vale destacar que normalmente quem é alçado a condição de secretário de educação, diretor de escola ou coordenador pedagógico, por exemplo, na maioria dos casos é um destacado professor que teve seus esforços em sala de aula reconhecidos por alguém hierarquicamente superior ou por seus colegas de escola ou rede.
É, portanto, algum profissional graduado em pedagogia ou em licenciaturas (matemática, letras, história, geografia…) que tem qualidades tais quais: liderança, organização, conhecimento de educação, capacidade de inovar, carisma, habilidades comunicativas e respaldo entre os colegas e os estudantes. Por vezes todas estas características podem ser encontradas num professor que se tornou gestor, mas na maioria dos casos, estes profissionais possuem algumas destas qualidades e não todas.
O problema maior reside no fato de que estes profissionais, mesmo levando-se em conta todos os seus méritos e qualidades, passaram por formação universitária deficiente, que não lhes legou possibilidades e ferramentas necessárias e suficientes para se tornarem gestores. São pessoas que conhecem educação, suas escolas ou redes, comunicam-se bem, são relativamente organizadas, têm perfis de líderes, mas que não tiveram acesso na universidade a cursos especialmente devotados à gestão de instituições, públicas ou privadas, de ensino ou de qualquer outra área de atuação.
Não basta ser carismático ou ter evidentes características de liderança… Os gestores precisam organizar dados, ler as informações disponíveis e analisá-las para definir prioridades e prerrogativas, delegar funções, cobrar efetividade de seus comandados, reunir e administrar reuniões, lidar com prazos e urgências, relacionar-se com diferentes públicos e necessidades (professores, pais, funcionários, alunos…), planejar e definir metas, gerir de forma participativa e democrática o seu reduto educacional, conhecer legislação específica e geral, administrar recursos financeiros públicos…
Tudo isto exige, certamente, preparo e adequação que não são componentes da formação universitária destes profissionais e, encontrar as respostas no cotidiano leva a reutilização de práticas já usuais no setor ou de definição de ações a partir do senso comum, desprezando-se as técnicas de gestão necessárias e fundamentais para esta finalidade.
Não se despreza com este posicionamento tudo aquilo que os profissionais que atuam na gestão escolar possuem de conhecimento e experiência, mas espera-se que se constate a necessidade de adicionar a todos os saberes anteriormente adquiridos na academia ou na práxis as informações e ações relacionadas à administração de instituições de acordo com os ensinamentos provenientes de especialistas em administração.
O que se pretende com esta constatação é, apenas, concluir como necessário que o capitão do navio conheça não apenas todas as prerrogativas e ações próprias de seus marujos, mas que saiba como dar rumo, evitar motins e rebeliões, organizar as ações de seus comandados em comum acordo com eles (mas fazendo valer sua posição e opinião), respeitar os prazos de partida e chegada, prover com os necessários recursos os passageiros e os tripulantes… Tudo isto para que, no final, a viagem tenha sido bem sucedida, com o mais elevado nível de satisfação tanto dos clientes internos quanto dos externos, ou seja… Atingindo os melhores resultados possíveis… Se não é fácil diferenciar o capitão do navio de seus tripulantes, como então seria possível realizar a melhor viagem como desejado? Nas escolas não é diferente…
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Que escola quero para meu filho? – 23/11/2009
João Luís de Almeida Machado
A felicidade em primeiro lugar, sempre, até na escola!
Pergunta recorrente entre os pais que querem investir na formação dos filhos: Qual a melhor escola para matricular meu filho? E deste questionamento surgem alguns caminhos naturalmente seguidos para realizar esta escolha, partindo daquilo que é mais imediato e visual, como as instalações e os recursos materiais oferecidos até a linha pedagógica e a formação dos professores. Tudo isto realizado com o máximo de atenção e discernimento, ou seja, visitando as escolas pré-selecionadas e averiguando, in loco, como é a escola.
Nesta busca também passaram a ser consultados recentemente, como elemento nesta criteriosa cruzada em busca do Santo Graal (a melhor escola para meu filho) os rankings educacionais divulgados por órgãos governamentais ou privados.
A partir destas informações do ENEM, Saresp, Saeb, Prova Brasil – entre outras (regionalizadas, locais), os pais seguem para as escolas, em que são recebidos pelos mantenedores e/ou seus representantes (diretores, coordenadores, orientadores pedagógicos, professores…). Nesta visita descobrem facilidades como laboratórios de ciências, salas de computação, bibliotecas, quadras, salas de aula climatizadas… Ficam sabendo de programas adicionais, como estudo de línguas estrangeiras, teatro, dança, filosofia, introdução ao mundo globalizado… Descobrem o perfil pedagógico da instituição e ficam sabendo do currículo dos professores… São informados de atividades extras como feiras científicas, viagens, exposições…
Neste sentido, também, vale atentar para a linha pedagógica – se é mais convencional, mista, socioconstrutivista, interacionista (e descobrir, perguntando e pesquisando, o que significam estes termos, na prática, para realmente entender as escolas). Há pais que buscam escolas mais rigorosas quanto à disciplina e o rendimento imediato dos alunos (notas). Outros querem formação mais global e livre, sem tantos impedimentos, mas com algum controle…
Neste sentido, vale mudar a pergunta originalmente elaborada pelos pais quando iniciam esta busca, deixando de lado a simplista “qual é a melhor escola para meu filho?” por outra, na qual a indagação passa a ser “que escola quero para meu filho?”. A mudança parece apenas mero formalismo linguístico, mas na realidade não é… Ao optar pela segunda linha de questionamento, os pais começam a se perguntar não apenas como é a escola, mas sim qual é a filosofia que a orienta e, desta maneira, passam a pensar não apenas naquilo que é mais imediato, as aulas…
Com esta mudança de perspectiva, os pais passam a pensar além do ano letivo, orientando o futuro de seus filhos, dando-lhes perspectivas de acordo com a ideia de mundo que têm e advogam…
É muito séria esta escolha! Se o que buscam é dar competitividade e preparo para o mercado de trabalho desde tenra idade, isto deve ser levado em conta na escolha da escola. Se, por outro lado, pretendem dar formação mais humanística, que desenvolva as capacidades de relacionamento e a chamada inteligência emocional, devem buscar outra, diferente da primeira!
No meu íntimo, penso e digo abertamente que, além da visão de mundo dos pais, certamente devemos também levar em conta os rumos do planeta em que vivemos, mas primordialmente sempre defendo que acima de qualquer valor, juízo, compreensão de mundo ou qualquer outro fator, deve prevalecer a ideia de que a escola em que nosso filhos irão estudar deve fazê-los felizes.
E o que significa tal felicidade na escola? Para mim (e minha esposa, também educadora), tal escola deve acolher, orientar, ser parceira da família, atuar em sintonia com o aluno, respeitar a criança (ou o adolescente, o jovem…), proporcionar oportunidades, desenvolver o senso ético (a estética, a cidadania, a responsabilidade social, a fraternidade), instigar a busca e o amor pelo saber (o conhecimento, a ciência), abrir todos os sentidos para que eles possam ver, sentir e viver o (e no) mundo…
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Flexibilizar o currículo do Ensino Médio é a solução? – 12/05/2011
Antonio Sérgio Martins de Castro
Antes de criticarmos a educação básica, seja referente ao Ensino Fundamental ou Médio, é necessária uma análise de inúmeros parâmetros envolvidos para não cometermos injustiças.
As estatísticas comprovam que, no Ensino Médio, o aprendizado dos estudantes apresenta níveis alarmantes. Comenta-se também que há uma pequena evolução no Ensino Fundamental, mas que não ocorreu no estágio seguinte como era esperado. Numa visão recudionista, poderíamos afirmar que o problema está nestes três últimos anos da escola.
Analisando algumas questões dos programas de avaliação oficiais, percebemos que, na matemática, por exemplo, alunos do 3º ano do Ensino Médio não conseguem resolver um problema simples de proporção.
E por que isso acontece? A visão que temos hoje do Ensino Médio nos mostra um currículo que estabelece conteúdos em um grau de complexidade e aprofundamento maior que no Ensino Fundamental. Mas o entendimento na matemática de proporções não ocorreu. Falha no Fundamental? Também não podemos concluir dessa forma!
Então, vamos relacionar alguns parâmetros que nos permitam realizar uma análise mais verdadeira da educação brasileira. A formação de professores é a primeira delas. Diante de tantas mudanças ocorridas nas políticas educacionais, pouca atenção foi dada à preparação deles.
Pontualmente, algumas universidades públicas tentaram e ainda tentam promover encontros com docentes de algumas áreas específicas. Mas é muito pouco, é necessário reestruturar os cursos de graduação relacionados à carreira.
Outro ponto é a valorização da carreira, já que décadas de descaso com os docentes, produzidas por políticas públicas ineficientes na educação, acarretaram uma evasão dos cursos voltados ao magistério.
E não se trata apenas da remuneração do profissional, mas também do elevado número de alunos nas salas, da falta de segurança e de recursos básicos na manutenção das unidades escolares.
Também destaco o currículo. Isso porque mudanças foram realizadas no Ensino Fundamental ao longo dos últimos anos, porém poucas foram as alterações no Médio.
Além disso, as modificações propostas no currículo dos três anos finais produziram uma carga horária na maioria das vezes incompatível com algumas áreas. Diante de uma cobrança permanente das universidades, com seus vestibulares extremamente conteudistas, ficou praticamente impossível desenvolver todos os temas existentes na programação exigida por elas.
Na rede particular, boa parte das escolas foi ampliando suas cargas horárias a fim de tentar proporcionar tempo hábil para a execução dos programas. Já na rede pública de São Paulo, tínhamos situações que se assemelhavam a verdadeiros ”leilões”.
Um exemplo disso é o que ocorre na área de ciências da natureza (disciplinas de física, biologia e química), na qual a coordenação e os professores tinham que escolher entre uma ou duas aulas semanais em um determinado ano do Ensino Médio.
É praticamente impossível trabalhar com os conteúdos dessas disciplinas como são cobrados atualmente, tendo apenas uma aula por semana. Os exames de avaliações oficiais (SAEB, SARESP, ENEM) vêm nos mostrando que mudanças precisam ser feitas e com urgência.
Porém, se não solucionarmos principalmente as questões referentes à formação dos docentes, sua valorização e também os currículos de uma forma geral, tais mudanças podem não acontecer e continuaremos tendo resultados sem progressos.
A flexibilização do currículo do Ensino Médio pode ser um fator importante para que as mudanças surtam efeitos positivos. Mas preocupa muito o fato de que escolas (diretores, coordenadores e professores) produzam mudanças significativas em seus currículos entregando a execução dos trabalhos aos professores com formação deficiente.
Pode ocorrer um efeito contrário e a situação se agravar. Também é necessário que as universidades acompanhem de perto as mudanças curriculares para que elas promovam processos seletivos que estejam compatíveis com essa realidade.
Uma coisa é certa. Nossos jovens fazem parte de uma geração tecnologicamente avançada, com recursos ao seu redor que proporcionam a obtenção de informações de maneira rápida e em tempo real, mas ainda carecem de uma atenção especial.
O chamado “funil” do Ensino Médio nos mostra uma realidade em que fazer escolhas é muito difícil, especialmente no que diz respeito à carreira a ser seguida.
A rede pública tem vagas insuficientes e poucos têm condições de custear uma universidade particular. Precisamos formar melhor estes jovens para o mundo.
É extremamente importante que eles tenham verdadeiras oportunidades de continuar sua formação, seja ela para o mercado de trabalho ou para prosseguir com seus estudo no nível superior.
Antonio Sérgio Martins de Castro é Coordenador-pedagógico e Gerente de Mídias Digitais dos Sistemas de Ensino da Editora Saraiva.
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A Gestão Escolar frente aos desafios da tecnologia – 01/08/2011
Maria Gabriela Freire F. Pereira
O uso da internet e das tecnologias de informação e comunicação no âmbito escolar é uma das exigências desse novo mundo, mundo este globalizado, exigente, crítico e acelerado.
A escola é parte fundamental na construção dessa nova sociedade do conhecimento, pois o espaço escolar vai além das paredes da sala de aula, ora é o aluno que traz a informação de fora, ora é ele quem recebe as novas informações. Dentro desse contexto, o mundo digital vem permitindo que cada usuário seja o construtor de seu caminho que é único e personalizado.
Este novo “ser aprendiz” poderá questionar a escola tradicional, na qual todos os alunos devem apresentar o mesmo ritmo de estudo, vencer as suas séries sequenciais dentro do tempo previsto e da faixa etária esperada para cada série.
Ramal (2002, p.14) acrescenta que “os suportes digitais, as redes, os hipertextos são, a partir de agora, as tecnologias intelectuais que a humanidade passará a utilizar para aprender, gerar informação, ler, interpretar a realidade e transformá-la”. O computador sendo utilizado como ferramenta de aprendizagem alarga a noção de sala de aula e a construção pessoal de conhecimento.
Trabalhar com a tecnologia computacional em sala de aula nada mais é do que experenciar as diferentes formas de aprendizagem e buscar nelas o próprio conhecimento, sendo o aluno um ator nesse processo de aquisição dos conhecimentos e é por isso que esse estudo bibliográfico se justifica.
Esta inserção é justificável pela sua forte presença no nosso cotidiano, tornando-se necessária a sua utilização pelas mudanças significativas que traz ao ambiente escolar.
Elas interferem no nosso aprendizado, processos cognitivos, apreensões e percepções do mundo, vindo dessa forma a dinamizar o ensino e a promover a aprendizagem tanto de alunos como de professores.
Pode-se perceber que a geração atual já nasceu sob a influência da tecnologia e a enxerga com naturalidade. O termo “nativos digitais” foi uma impressão cunhada em 2007 por Marc Prensky para denominar essa nova geração.
Partindo desse contexto, o professor, muitas vezes, deve estar preparado para trabalhar nessa sociedade diferente. Mais do que nunca, ele deve atuar como um facilitador de ensino em sintonia com as necessidades reais de seus alunos, procurando se ajustar à realidade atual.
Muito se tem discutido sobre os impactos que a tecnologia causa na escola e uma das principais preocupações diz respeito ao processo de construção do conhecimento que atualmente está relacionada com as tecnologias.
Esta presença influencia a construção do conhecimento, uma vez que ela é um veículo de “transporte” das informações. Essa ideia nos traz a reflexão que não é a tecnologia em si que causa a aprendizagem, mas a maneira como o professor e os alunos interagem com ela.
As potencialidades de uma dada tecnologia em combinação com os processos de construção de conhecimentos desencadeados influenciam a maneira como os alunos se apropriam e processam a informação.
Há possibilidade de se resultar em aprendizagens diferenciadas quando diferentes tecnologias são comparadas e utilizadas com determinados alunos e em atividades específicas.
Valente (1999, p. 2) enriquece essas ideias quando afirma defender uma informática na educação que “enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o computador”.
Voltando esse olhar para a gestão, a escola precisa problematizar que essas ideias não fiquem somente no papel, pois é de extrema importância que o gestor direcione junto ao seu corpo docente uma prática acerca da qual todos reflitam sobre as grandes contribuições que a tecnologia pode proporcionar aos alunos.
Percebemos que em muitas escolas ainda existem laboratórios fechados, pois há o receio de que algo seja danificado pela sua utilização. Essa postura deve ser mudada, o laboratório precisa estar disponível para os alunos pesquisarem, usarem ambientes colaborativos, elaborarem seus trabalhos e ressignificarem a sua forma de aprender.
Estamos conscientes de que o grande desafio e compromisso pedagógico é de tornar realidade para os educandos uma escola prazerosa, democrática e competente, buscando construir a unidade na multiplicidade ao educar alunos distantes entre si, prevendo acesso aos mesmos conhecimentos e valores por meio da integração das múltiplas linguagens que educam e sintonizam todos com seu tempo, buscando a sua transformação (Toro, 1997).
Trata-se de repensar a escola como um espaço democrático de troca e produção de conhecimento que é o grande desafio que os profissionais da educação, especificamente o Gestor Escolar, deverão enfrentar neste novo contexto educacional, pois o Gestor Escolar é o maior articulador deste processo e possui um papel fundamental na organização do processo de democratização escolar (Alonso, 1988).
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Referências
ALONSO, Myrtes. O Papel do Diretor na Administração Escolar. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1988.
RAMAL, Andrea Cecilia. Educação na cibercultura – hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
VALENTE, José A. (org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999.
Maria Gabriela Freire F. Pereira é Coordenadora-Pedagógica de Informática Educacional do Município de Guaratinguetá, Formada pela Faculdade Integrada Teresa D’Avila em Letras com habilitação em Inglês, com especialização em Gestão Escolar e MBA em Gestão Estratégia de Negócios.
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Diálogo entre Gestão Escolar, Currículo e Cultura – 22/08/2011
Júlia Aparecida Séccolo
Uma reflexão histórica e transformadora
Mais do que nunca a educação está hoje em debate no Brasil e em todo o mundo. O universo dos educadores, educandos, administradores de aparelhos educacionais, políticos e gestores públicos está dividido e fragmentado nos rumos que a dimensão escolar está alcançando com relação aos fins que se pretende estabelecer, assim também como os meios empregados para que isso aconteça.
Falar hoje sobre a escola e suas competências sociais na formação do indivíduo em toda a sua potencialidade implica muitos questionamentos nas dimensões físicas, cognitivas, afetivas, políticas, culturais e ideológicas.
Muitos debates realizados por especialistas da educação tentam orientar essa temática ampla e abrangente que nos responsabiliza pelo compromisso social na questão da formação do cidadão.
Podemos divagar um pouco sobre algumas concepções de Escola como: “ela traz o saber sistematizado deste ou daquele grupo cultural; instituição social que serve para adaptar e integrar crianças e adolescentes; lugar onde o aluno pode se desenvolver integralmente e ampliar o pensamento; promove o conhecimento de si mesmo, base para o indivíduo se situar no mundo; ajuda na comunicação, interação, socialização e participação do indivíduo na sua cultura.”
As grandes questões problematizadoras que atormentam e instigam a buscar, incansavelmente, respostas para compreender a escola como um espaço de possibilidades e/ou como uma instituição social historicamente construída e potencialmente contextualizadora, crítica e transformadora são:
– “Que papel desempenha o Currículo Escolar nas atividades educativas?”
– Será que as atividades educativas correspondem à ideia de que existem certos aspectos considerados importantes no âmbito da cultura grupal?
Dentro do livro Psicologia e Currículo – Uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar, Coll apresenta uma estrutura para a elaboração de propostas curriculares que refletem os principais postulados da concepção construtivista da aprendizagem e do ensino. É importante conhecê-lo e compartilhar de seus ensinamentos.
Nós educadores sabemos que houve grandes e significativas reformas educacionais dentro da história da educação brasileira e de todo mundo. As propostas de mudanças e melhorias de qualidade de ensino sempre alimentaram e alimentam as mesas de debates e de negociações políticas.
Melhorar a qualidade da educação implica melhorar os processos de ensino e aprendizagem que ocorrem nas salas de aula, implica introduzir mudanças naquilo que é ensinado e aprendido nas escolas e sobretudo na forma de como se ensina e de como se aprende. Estamos falando de cultura organizacional trazida pelos alunos e por todos aqueles inseridos no trabalho escolar.
Gestão Escolar, Currículo e cultura fazem parte de um diálogo interativo que contempla uma sociedade mais humana, digna, feliz e comprometida com os rumos da educação.
Júlia Aparecida Séccolo é pedagoga com Pós-Graduação Lato Senso – Gestão Educacional, formada em Programação Neurolinguística e é formada internacionalmente em Coaching, atuando em Treinamentos, Palestras e Workshops.
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Caminhos e Descaminhos da Educação – 06/10/2011
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Esse é o título do mais recente livro, que publiquei pela Editora Integrare, de São Paulo, e que busca refletir sobre os aspectos mais graves que, desde sempre se vêm abatendo sobre o setor.
A educação do povo é fenômeno recente no Brasil, abordado pelas constituições democráticas do país, isto é, a de 1946 e de 1988 (sem falar no breve arejamento trazido pela de 1934, logo substituída pelo monstrengo da “polaca” de 1937), visto que, nos tempos coloniais, imperiais e republicanos (neste caso, até o fim da 2ª Guerra Mundial) voltou-se a educação brasileira apenas para o atendimento das elites econômico-sociais do país: o povo mesmo permaneceu à margem do processo.
Foi preciso haver urbanização, industrialização e inserção do Brasil no concerto internacional, para que a escolaridade do povo se impusesse como preocupação inadiável. Alguém poderá indagar: e os jesuítas não educaram índios e colonos nos séculos 16 e 17? De fato, mas não se o fez como direito dos educandos, e sim, como política de preservação do catolicismo nos trópicos, tanto que a aprendizagem inaciana de então foi sinônima de catequese.
No livro, que dá título a estes comentários, os caminhos tratam da natureza da educação moderna, seu potencial em relação ao preparo das novas gerações para viverem na era do conhecimento, e com isso, assegurar a inclusão das massas na práticaativa da cidadania.
Quanto aos descaminhos, procura-se demonstrar quais as dificuldades todas que, ao longo do tempo, se vêm antepondo ao sucesso do ato de educar o povo: obsolescência dos modelos pedagógicos, insuficiência da formação dos docentes, ausência de modernidade e pertinência nos processos didáticos, limitação derecursos financeiros, planos educacionais que são mais declarações de intenções, do que outra cousa qualquer. Os apagões da educação se localizam, de preferência, nesses e noutros fatores, que são amplamente analisados na referida obra.
Ainda recentemente, a mídia publicou e comentou os resultados de duas avaliações sucessivas: a Prova Brasil, que verificou o grau de aproveitamento das crianças matriculadas no terço inicial do curso fundamental, e o ENEM, que mediu o desempenho de jovens matriculados nos cursos médios. Em ambos os casos, o resultado mostrou-se bastante precário.
Na Prova Brasil constatou-se que a metade dos alunos de oito anos não aprende o mínimo necessário para justificar a sua presença na escola. E no caso do ENEM, a maioria dos concluintes do ensino médio tem nota abaixo do índice desejável. Nas avaliações internacionais da UNESCO e da OCDE, de cujas provas o Brasilparticipa o fiasco não é menor.
E por que isso acontece? Porque a escola brasileira não alcançou ainda qualidade suficiente para oferecer a seus alunos uma educação dotada de pertinência. No caso, pertinência, significa um ensino de tal forma qualificado, que satisfaça os anseios dos estudantes, em particular, e os da nação como um todo, por um preparo capaz de a todos incluir nos padrões da modernidade, a saber, da era do conhecimento.
Para fazer uma piada, que soa como sendo de mau gosto, costumo dizer que a educação brasileira obedece, hoje, as duas leis, concomitantemente: a LDB, que traduz o que de melhor se deva fazer nos diversos graus de ensino, e não tem sido aplicada no seu potencial mais avançado; e a lei dos comboios, segundo a qual a velocidade de uma frota naval é determinada pela velocidade da unidade mais lenta. Infelizmente tem esta última presidido o regime de funcionamento de nossas redes escolares.
A grande reforma a fazer-se na educação nacional está em engavetar definitivamente a segunda dessas leis e assegurar ampla utilização dos aspectos mais progressistas (claro que pedagogicamente falando) da primeira. Só assim poderá o ensino formal alavancar o preparo dos jovens e, com isso, estabelecer o maior dos pré-requisitos ligados ao desenvolvimento brasileiro, a saber, uma educação pertinente.
Paulo Nathanael Pereira de Souza é Doutor em Educação e Ex-Presidente do Conselho Federal de Educação.
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Dificuldades na Escola – 11/09/2012
Maria Irene Maluf
Logo que se completa o 1º trimestre de aulas, alguns pais já se deparam com o baixo aproveitamento acadêmico e o pouco interesse pelos estudos apresentado pelos filhos.
E nada é mais aflitivo, pois as dificuldades que se apresentam logo no início do semestre podem sinalizar um comprometimento não apenas deste ano escolar, mas de todo o aprendizado futuro.
Todos sabemos que a escolaridade é baseada na aquisição de uma sequência interdependente e organizada de conhecimentos e valores e que uma falha pode provocar, mais adiante, inúmeras dificuldades para superar novos desafios.
À parte das crianças e jovens que apresentam significativos déficits de aprendizagem, seja a dislexia, a discalculia, o Transtorno do Déficit da Atenção, o Autismo etc., todos já devidamente diagnosticados por uma equipe multidisciplinar compostas por médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos, existem aquelas cujas dificuldades de aprender se devem a fatores ambientais ou a pequenas perturbações de ordem clínica, facilmente remediáveis e que trazem uma diferença muito grande na escolaridade.
Se o leitor reconhece que seu filho ou seu aluno está entre o grupo de crianças inteligentes, saudáveis, sem grandes transtornos de aprendizagem, mas que parece sempre desanimado, sem motivação, com dificuldades nas tarefas escolares aparentemente infundadas, vale a pena não esquecer destas simples sugestões para identificar problemas relacionados à capacidade visual, auditiva e neurológica:
1. Procurar anualmente o pediatra para ver se a saúde da criança e seu desenvolvimento estão adequados, mesmo quando esta parece saudável e forte. Somente um médico pode fazer essa avaliação e, se julgar necessário, recomendar exames, medicar etc.
2. Procurar um oftalmologista ou um oculista a partir dos três anos de idade ou antes se houver problemas visuais na família: quantas crianças tenho atendido no meu consultório, cujo grande problema de aprendizagem consiste em serem míopes, ou astigmáticas, por exemplo, e não conseguirem ler o que a professora escreve na lousa! O uso de óculos pelas crianças hoje é fato corriqueiro, melhora sua qualidade de vida e lhes permite um desenvolvimento adequado em várias áreas, especialmente nos estudos.
3. Um otorrinolaringologista, apesar do nome comprido, é um especialista que corriqueiramente é visitado pela maioria dos pais, cujos filhos pequeninos sofrem de dor de ouvido, garganta e depois que estes crescem e essas queixas se tornam mais espaçadas, se esquecem de que o aparelho auditivo pode estar sofrendo outros tipos de prejuízos, que podem ser indolores e silenciosos, mas graves. Esse médico pode indicar exames para saber se a criança ouve bem ou não, o que constitui uma outra razão, muito séria, para o insucesso escolar.
4. Crianças muito agitadas, que tanto em casa como na escola não conseguem ficar sentadas ou fixar a atenção por um tempo razoável para sua idade em atividades ligadas ao estudo, ou crianças cujo comportamento é por vezes muito eufórico ou, ao contrário, parecem frequentemente tristes, isoladas, sem ânimo para nada,que demoram para fazer coisas que os irmãos fazem com presteza na mesma fase (andar de bicicleta aos 5 anos, por exemplo) devem ser levadas a um neurologista infantil. Tudo que é diagnosticado de princípio é muito mais facilmente compensado ou resolvido, do que mais tarde quando o comportamento está mais arraigado e a autoestima muito enfraquecida pelos inúmeros momentos em que a criança foi rejeitada, criticada e castigada.
Em todos esses casos, uma conversa com a orientadora e a professora deve também ser agendada pelos pais, para saberem se o que eles percebem ocorre também na escola e se esses experientes profissionais têm mais observações a acrescentar, de modo a orientar melhor a busca por um especialista fora da escola.
Uma aproximação serena e amorosa junto à criança para saber de suas dificuldades é outra fonte preciosa de informações para os pais: seu filho pode estar sendo vítima de Bullying, se sentido perseguido por colegas, rejeitado e amedrontado frente às ameaças e, dessa forma, terá cada dia menos motivação e capacidade para estudar e vontade de ir à escola!
São medidas práticas, simples e rotineiras que afastam e previnem vários problemas na vida escolar e familiar de nossas crianças. Como pai, mãe ou professor, divulgue isso!
Maria Irene Maluf é Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial, Editora da revista Psicopedagogia da ABPp, Coordenadora do Núcleo Sul/Sudeste dos cursos de Especialização em Neuroaprendizagem e Transtornos do Aprender do Grupo SaberCultura/FACEPD. Site: www.irenemaluf.com.br.
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Desafios do Ensino Médio – 06/03/2014
Maria Helena Guimarães de Castro
Há evidências sobre a persistente crise do ensino médio brasileiro e suas consequências para a formação e qualificação dos jovens. O diagnóstico é conhecido e preocupante. Apenas a metade dos jovens de 15 a 17 anos do país está cursando o nível médio na idade certa. Os índices de evasão e reprovação são muito elevados. De cada 100 concluintes somente 10 estudantes têm desempenho adequado em matemática nas avaliações nacionais. Em língua portuguesa, 30% dos concluintes apresentam desempenho satisfatório. Pesquisas recentes indicam que os jovens não veem sentido no currículo do ensino médio que lhes parece desinteressante, desconectado do mundo real e de suas aspirações em relação ao futuro. A pergunta frequente no debate atual é: o que fazer com o ensino médio? Como torná-lo mais atraente e compatível com as necessidades e desafios da nossa sociedade?
As políticas públicas associadas ao ensino, apesar das inúmeras reformas e mudanças institucionais observadas nas últimas décadas, não conseguiram alterar substancialmente esse quadro. Pode-se mesmo afirmar que muitas das modificações introduzidas nos últimos anos não chegaram à sala de aula. Apesar deste quadro de crise, o governo federal não tem uma proposta organizada para a reforma, tendo concentrado seus investimentos mais recentes em cursos profissionalizantes, que embora eventualmente relevantes em termos de acesso ao mercado de trabalho, são oferecidos de modo totalmente desarticulado da escola formal. A crise do ensino médio continua a desafiar governos, gestores e professores, frustrando assim novas oportunidades de formação mais conectadas às aspirações da maioria dos jovens.
As reformas dos últimos anos não resultaram em mudanças significativas nos currículos dos sistemas estaduais, que continuaram seguindo a tradição. Apesar da expansão da matrícula do ensino médio entre 1999 e 2005, a estrutura do sistema permaneceu presa ao ocorrido. E, se no passado recente os vestibulares descentralizados eram a grande referência do currículo do ensino médio, após 2009 passamos a conviver com o Enem como a principal referência do sistema. Além de ter se transformado em vestibular nacional e selecionar estudantes para o ingresso no ensino superior, o Enem transformou-se em requisito obrigatório a inúmeros programas federais de financiamento ao estudante. No atual modelo, torna-se praticamente impossível pensar em percursos escolares alternativos ou num sistema mais diversificado e flexível que atenda as diferentes demandas e aspirações dos jovens.
O atual debate retoma o velho dilema sobre a finalidade do ensino médio. Teremos coragem para mudar o atual modelo e único, engessado para todos os jovens brasileiros, independente de suas escolhas, vocações ou áreas de interesse? Será que tudo o que se pretende ensinar é de fato necessário para todos? Que áreas do currículo devem ser aprofundadas? Quais conteúdos e conhecimentos devem compor a base comum? O sistema deve ser diversificado e flexível? E como deve ser a sua arquitetura para dar conta de diferentes percursos escolares, expectativas e projetos de vida dos jovens? Quão variados devem ser os graus de flexibilidade?
Numa sociedade do conhecimento, com graus de complexidade crescente, a preparação de todos os cidadãos para o mundo da vida e do trabalho requer o domínio de competências e habilidades de leitura, escrita, capacidade de resolver problemas e de entender o mundo que os cerca. Habilidades que, por certo, apenas uma minoria de jovens brasileiros obtém ao chegar à idade adulta.
Além de avançar na solução dos nossos dramáticos problemas de gestão escolar, a reflexão sobre que rumo dar ao ensino médio deve enfrentar dois temas principais: o desenho do currículo articulado à definição de expectativas de aprendizagem que propiciem o domínio de competências gerais; e, o redesenho da arquitetura do sistema, na medida em que a flexibilização e diversificação continuam como aspectos centrais da agenda naeducação contemporânea.
Em resumo, o debate sobre a nova reforma do ensino médio deverá considerar mudanças relacionadas ao desenho do currículo e à sua estrutura organizacional. É fundamental estimular um debate sério sobre a efetiva flexibilização do currículo, com ênfases ou graus de dificuldade diferenciados nas áreas de preferência dos estudantes, desde que assegurada à aprendizagem dos conhecimentos e competências gerais para todos. Participarei de um debate no GEduc 2014 para discutir alternativas organizacionais diversificadas que permitam combinar a formação geral para todos com áreas de interesse dos alunos, tanto nos cursos de preparação acadêmica ao ensino superior quanto nas opções de educação profissional, sem prejuízo de escolhas futuras. E, qualquer que seja o rumo da reforma, é fundamental ouvir a sociedade organizada e, sobretudo, os jovens, em geral ausentes dos debates educacionais que lhes afetam diretamente.
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Gestão Participativa: é hora de assumi-la? – 11/03/2014
Lucilla da Silveira Pimentel
Na atualidade, a literatura educacional tem sido recorrente na abordagem do papel do gestor e vem se esmerando em convocá-lo a assumir uma gestão participativa, inclusive quando se refere à construção do Projeto Político Pedagógico. No entanto, é preciso refletir sobre esta convocação para que esta gestão escolar não fique na aparência, limitando-se a discursos sobre a importância de ser democrática e, na prática, sem abrir espaço para a corresponsabilidade nas articulações e tomadas de decisões que permeiam o fazer pedagógico cotidiano.
No que se refere especialmente ao projeto pedagógico, não é raro o gestor se perder no meio do caminho devido aos obstáculos promovidos por ele mesmo, quando desconhece saberes essenciais que fundamentam a sua elaboração ou é frágil ao lidar com a própria autoridade ou, ao contrário, quando não consegue, de fato, se desvincular de um poder autoritário. É preciso cuidar para que nessa construção, que deve ser discutida e organizada pela comunidade educativa, o projeto se torne um instrumento que, efetivamente, promova transformações significativas, mudanças de mentalidade, de conduta pessoal e de ações coletivas, tanto da equipe diretiva que atua fora da sala de aula, quanto do corpo docente. O que significa ter de rever a noção de poder, de autoridade e de saberes pedagógicos que se afirmam em estreita interrelação.
Tradicionalmente – e é lamentável que ainda encontremos – os gestores assumem um poder centralizado, manifesto nas relações que estabelece de dependência, domínio, controle e vigilância. Estas são características das próprias organizações hierarquizadas e quando sua autoridade é inquestionável, a sua postura é muito mais presa à inflexibilidade e menosprezo ao saber a competência do outro. É o caso do diretor que cria um mecanismo repressivo de fiscalização nas relações com seus docentes quanto às atitudes pessoais, às práticas pedagógicas e ao programa de ensino que, no seu entender, deve ser sistematicamente pré-definido e rigorosamente cumprido.
A perspectiva atual é justamente oposta: é a de romper com esta posição de ter visões unilaterais sobre a realidade da instituição, de definir isoladamente o que o professor deve fazer, como e quando, impedindo que cresça em sua autonomia e criatividade. Há tempos espera-se outro enfoque na gestão escolar: que nela se instaure o diálogo e a troca de saberes entre parceiros; conversa também investigativa, fundamentada em conhecimentos enriquecidos pelas contribuições das ciências que, sem perder o seu objeto de estudo, o envolvem em questões educacionais. Caso bem nítido da filosofia, psicologia, sociologia, neurociência, biologia.
Por tudo isso, é o momento de se ressignificar o conceito de domínio que impera no âmbito educacional, que na gestão participativa é entendida como autoridade consensual. É aquela que possui o poder legítimo pela condição que assume em uma estrutura organizada no compartilhamento de responsabilidades, sem que se reconheça nesse poder a presença de elementos repressivos, mas sim aquele que oferece condições de produtividade e transformações a toda a comunidade escolar/educativa.
No exercício de seu papel, cabe ao gestor a formação de seus professores, sendo aquele que faz a mediação no desenvolvimento qualitativo dos processos de ensino que ocorrem na escola. Lembrando que os docentes, por si só, não se sentem em condições de garantir uma aprendizagem significativa de seus alunos: precisam do olhar do outro, mas uma visão de ajuda, em reciprocidade. Sendo assim, é a atualização contínua do gestor, um aprimorar-se sempre, que lhe suscita e garante uma atuação inspirada em uma gestão participativa, pronta para promover uma inovação em seus projetos – “inovação”, entendida não como uma mudança qualquer naspropostas da instituição, mas a que propõe uma ruptura com um esquema hierárquico e arcaico: este que visa muito mais o resultado de atuação conteudista, de reproduções, acrítica e autoritária.
Cabe ao gestor participativo oferecer incentivos e suporte a sua equipe técnica e ao corpo docente para se atender as demandas da atualidade; incentivar e mobilizar esses protagonistas a não só buscar alternativas de soluções para seus impasses no trabalho pedagógico, mas provocar o sentimento de pertencimento, de identidade à comunidade escolar, fortalecer a coerência de ação coletiva para a elaboração de objetivos e intencionalidades.
Portanto, para ser gestor no século XXI torna-se necessário ter uma formação que não se limita a sua experiência como docente, isto é: considerar não apenas o número de anos na prática pedagógica, mas a maneira como nela se posicionou e se envolveu; ter interesse em buscar se aprofundar em outras áreas do conhecimento, entendendo que a Pedagogia, como ciência prática, se apresenta em um campo complexo de saberes, sendo multidisciplinar, multicultural e em conexão com a realidade. Além disso, habilidades e características pessoais que o tornam reconhecidamente um líder, como: saber escutar; ter o olhar aguçado e cuidadoso; reconhecer-se como ensinante e aprendente de seus educadores; colocar-se no lugar do outro; saber comunicar-se; estar aberto a discussões e a compartilhar.
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Mídias e processo educacional – 29/07/2015
Wanda Camargo
Os recursos eletrônicos de comunicação têm um fascínio que supera de longe o encanto trazido pelo cinema e o telefone às gerações do início do século vinte. Sua arma, não tão secreta, é o imediatismo e a interatividade: qualquer criança opera celular ou tablet, às vezes melhor que um adulto. E são crianças e adolescentes os seus grandes consumidores, às vezes com certo exagero, dando mais atenção a redes sociais e amigos distantes do que a seus próprios familiares e próximos.
Vários pesquisadores afirmam que os meios tecnológicos não são neutros, num aparente paradoxo, afinal são apenas meios, intermédios, não poderiam ter atuação própria. Mas referem-se à facilidade e velocidade de acesso a infinitos conteúdos sem a indispensável reflexão e, isso sim, modifica o pensamento e a forma de pensar. Até mesmo professores de língua portuguesa relatam a diferença de linguagem e abordagens de tema quando escritos à mão ou em meio eletrônico.
São muitas as dessemelhanças de personalidade entre crianças com muito ou pouco acesso às mídias digitais; se tomarmos, por exemplo, a televisão, que tem sido avaliada em seu impacto educacional: o seu “discurso” específico parece fazê-las mais hábeis para a atuação multitarefas, comparativamente àquelas de gerações anteriores. Crianças acostumadas a várias horas televisivas diariamente têm demonstrado maior percepção das relações espaço-temporal, maior sensibilidade às relações entre o todo e as partes que o compõe, estão mais aptas para fazer provas tipo teste, apresentando também mais talento para representações, talvez auxiliadas pelo hábito de manipular seus “avatares” no ciberespaço, inserção rápida em outras culturas, trânsito mais frequente entre a realidade e o mundo virtual.
Porém, nada é perfeito, e a obesidade infantil tem sido associada à inatividade frente à TV ou preferência pelos jogos em computador, em relação aos que queimariam calorias ao vivo, e nas escolas estudantes parecem só entender mensagens mais curtas, não conseguindo manter a atenção em textos longos ou aprofundados, valorizando mais a presença virtual que a real.
Os considerados nativos digitais, “funcionam” de forma diferente de seus pais e professores, os estrangeiros digitais, educados sem tanto (ou até nenhum) recurso tecnológico, que podem até ter desenvolvido habilidades para usá-los com certo conforto, mas não tem a facilidade dos navegadores da interatividade desde a mais tenra infância. E não podemos negar que as novas mídias digitais trouxeram mudanças significativas nos relacionamentos, consumo e interações sociais, pois, de certa forma somos todos agentes da comunicação, geradores de conteúdos midiáticos, independente da geração a que pertençamos.
O que já foi privilégio de profissionais, divulgar suas opiniões, apreciações, julgamentos, está ao alcance de qualquer pessoa. Podemos fazer chegar ao mundo o que pensamos, porém o excesso de oferta compromete a demanda, são tantas as opiniões sobre tantos assuntos que o interesse resume-se a círculos de amigos e convertidos. As atenções gerais continuam concentradas nos profissionais e em geradores de escândalos.
A Mídia tem sido apresentada em alguns casos como uma entidade que poderia criar ou destruir reputações e governos. Seria uma espécie de superestrutura independente, fechada em si. Tanto que, sempre que alguém é acusado de malfeitos, declara ser alvo de uma “conspiração da mídia”; geralmente sem especificar qual mídia e quais as perversas intenções que esta poderia ter para ataca-lo. A palavra vem do inglês media, derivada do latim medius, significando meio, intermédio; no caso, entre opiniões, fatos, notícias e o público, e inclui imprensa escrita, rádios, TVs, redes sociais (até mesmo os blogs “independentes e à margem do sistema”), e todos os recursos de comunicação. E os seus conteúdos é que podem agradar, ou desagradar, pessoas e instituições.
Sendo impossível que contente a todos, a mídia está em bombardeio constante, consequência também de uma inversão do modo de ver de McLuhan, autor que declarava que a “mensagem” de qualquer meio (ou tecnologia) é a mudança de escala, cadência ou padrão que ele introduz nas coisas humanas, parecendo haver hoje uma crença generalizada de que “a mensagem é que é o meio”; como se fatos relatados fossem criação de quem os relata e não de quem os produziu ou causou. Ressalvados os casos em que isso efetivamente ocorre, e que são em cada vez menor número, até pela grande diversidade de “mídias” concorrentes, que produzem um saudável controle sobre eventuais abusos umas das outras, num verdadeiro e democrático controle social.
Somos hoje geradores e consumidores de muita informação, no entanto, nem sempre a transformamos em conhecimento; temos consciência de que todo o processo educativo necessita ser ressignificado, com maior aproximação entre os conteúdos e as novas formas tecnológicas de apresentá-los, mas poucos vencem este desafio.
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Dia de aula com tecnologias – 17/09/2015
João Luís de Almeida Machado
João foi acordado por seu telefone. Eram 6 horas da manhã. Suas aulas iriam começar em uma hora e meia e ele acordou um pouco mais cedo que o usual para estudar. O aplicativo da escola é que o acordara, com um chamado para a revisão que pretendia fazer para a prova que teria logo mais, na 3ª aula daquela quarta-feira chuvosa.
Depois de uns dez minutos que precisou para sua higiene pessoal e um copo de água para hidratar, o jovem de 15 anos, estudante do ensino médio de um colégio no interior de São Paulo, acessou em seu tablet um buscador de recursos recomendado por seus professores, parte dos recursos digitais indicados pela Editora/Sistema de Ensino que fornecia recursos para sua escola.
Encontrou videoaulas relacionadas aos conceitos da prova de logo mais, curados e aprovados pelo YouTube Edu. Viu também páginas dos livros que usava em formato digital, resgatando anotações que fizera no próprio tablet e que estavam disponíveis nas nuvens, para acesso em qualquer lugar ou momento em que delas precisasse.
Não satisfeito buscou em um HD Virtual alguns exercícios enviados pelos professores de exatas, matérias que seriam avaliadas neste dia. Teve até chance de ver apresentações em powerpoint usadas pelos professores com falas dos docentes gravadas pois tudo havia sido feito com o uso de lousas digitais interativas.
Uma maravilha, pensou o jovem. Bastava uma boa conexão à internet, ou sem alguns casos nem isso, caso os arquivos já tivessem sido baixados anteriormente.
João, mesmo tendo todo esse acesso à tecnologia não abria mão dos livros. Antes de dormir tinha lido algumas páginas de “Sonhos de Einstein”, que lhe inspirava a estudar física, matéria em relação a qual tinha alguma dificuldade. Tinha sido uma indicação de seu pai, que apesar de ser profissional da área de jornalismo, por ser leitor assíduo, tinha sempre algum bom livro para indicar.
O pai de João, por sinal, também era cinéfilo e cultivara o gosto pela sétima arte entre os filhos. Era comum que ele apresentasse dicas de filmes que poderiam ajudar nos estudos. Para o estudo de ciências, indicara uma produção que abordava a vida e produção de Charles Darwin.
Quando se deu conta, com aquela revisão de conteúdo, já eram quase 7 horas. João tinha que se apressar para chegar a tempo na escola.
Deu tempo. Foi em cima da hora, mas João correu e pegou o seu Benedito quase fechando o portão. Apressou-se para chegar na sala de aula antes do professor. Encontrou a Célia, o Ênio e o Paulinho na entrada da sala. Trocaram cumprimentos e foram logo perguntando se estavam preparados para a prova.
A professora Daniela entrou na sala e logo pediu a todos que acessassem a cópia digital do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, pois continuariam trabalhando esta obra na aula de literatura. Um simulador instalado no projetor digital dava a aula a possibilidade de dramatizar a obra do grande romancista e os alunos estavam debruçados sobre o texto clássico a preparar uma versão local, com eles como protagonistas, realizando uma releitura do livro. João e os colegas adoravam a ideia e por conta da ação, estavam entendendo a obra, discutindo seu conteúdo, apreciando Machado e sua rica narrativa. Até o final daquela semana teriam um vídeo produzido com a dramatização do livro.
Na aula seguinte o encontro foi com o Mário, professor de história admirado por todos. Com ele o que acontecera no passado tinha sentido. Estavam estudando a Segunda Guerra Mundial e naquela semana viram trechos de filmes sobre o conflito. Entraram literalmente na tela e foram escrevendo impressões, como se fossem consultores sobre temáticas específicas, como o Holocausto, o Dia D, a Guerra no Pacífico, o Nazismo e todos os itens trazidos à tona nas aulas.
Ao assistir o trecho de um filme, tinham que buscar referências sobre cada um dos temas e anotar em seus cadernos digitais, ao lado de imagens das produções apresentadas, críticas embasadas quanto a veracidade histórica das produções. Vibraram muito com esta forma de aprender pois tiveram contato com obras do calibre de “Os últimos dias de Hitler”, “O Diário de Anne Frank”, “A Lista de Schindler”, “Além da Linha Vermelha” e outros grandes filmes.
Passada a aula do Mário vinha a prova. Tiveram um breve intervalo, de 20 minutos, durante os quais procuraram desligar das aulas e daquela avalanche de saberes com os quais tinham tido contato.
Não conseguiram pois a intensidade das aulas de literatura e história os faziam viver e realmente aprender. Além disso o Mário e a Daniela eram incríveis, magnetizavam a todos quando falavam e os faziam trabalhar o tempo todo na busca por conhecimentos. As ferramentas possibilitavam o acesso ao mundo e, associadas a maestria dos professores e a curiosidade deles, os faziam literalmente viajar.
Acabou o intervalo.
Voltaram para a prova. Seriam 2 aulas seguidas. Questões de física, matemática e química. Mas não era uma prova comum. Os alunos recebiam as questões em seus tablets e folhas de papel para a resolução. Diferentemente de anos anteriores, eram divididos em equipes de 3 pessoas, com acesso a algumas ferramentas que os auxiliariam na construção das respostas.
Não eram questões simples, daquelas nas quais os cálculos e o uso de fórmulas resolveria suas vidas. Eles tinham que usar as ciências exatas para resolver problemas da vida real. Compor planilhas, equacionar fórmulas de medicamentos e entender como a química podia ajudar a combater determinada enfermidade, usar a física para ajudar uma equipe de futebol a vencer uma partida do campeonato brasileiro.
Tinham que atuar como aspirantes a engenharia, a farmácia, a química industrial ou ao desenvolvimento de projetos para a NASA ou para a Embraer. É claro que o uso de tecnologias ajudava a realizar na tela rápidas simulações e desenhar todo o projeto, mas o raciocínio, o trabalho em equipe, os cálculos todos e o esboço final das soluções, como por exemplo, o desenho de uma usina hidrelétrica, tinham que surgir ao final daqueles 100 minutos.
Era um grande desafio, mas nada melhor para a vida de uma pessoa que o estímulo, a provocação, a busca por novas metas a serem atingidas.
Os professores de matemática, química e física estavam com eles durante a aplicação da prova e a tudo acompanhavam. Leandro, Marina e Jonathan eram entusiastas da tecnologia, adoravam seus conteúdos, trabalhavam de forma interdisciplinar e eram respeitadíssimos pelos alunos. Muitos daqueles jovens queriam ser cientistas, engenheiros ou professores por inspiração destes mestres.
Passada a prova, novo intervalo, algum descanso, um suco e um sanduíche natural e João estava pronto para a próxima aula.
Desta vez, a aula seria de biologia. A professora Débora era severa, mas sabia muito sobre os assuntos e estimulava os alunos o tempo todo. As aulas não abriam mão de simuladores que replicavam o corpo humano, ecossistemas inteiros, células e todos aqueles temas de biologia. Microscópios digitais, que permitiam repassar as imagens para os tablets ou smartphones dos alunos eram usados para estudar bactérias, vírus e seres unicelulares. Observações relacionadas ao trabalho visual eram gravadas em áudio, trechos dos livros que falavam sobre o assunto eram trazidas pela docente para a lousa digital e copiada pelos alunos para posterior aprofundamento. Um vídeo com depoimento de um grande especialista fechou aquela aula.
O melhor do dia, no entanto, ficara para o final, ao menos do ponto de vista do João. O Bruno e a geografia iam levar a todos para a Ásia naquele dia. China, Índia e Japão eram os temas daquela aula. Viajaram com auxílio do Google Maps. Estiveram no Monte Fuji, na Grande Muralha da China e no Ganges. Começaram a estudar as Monções, os tsunamis que por vezes afetavam o Japão e o crescimento econômico descomunal da China. Tabelas, gráficos, imagens, sons, mapas e infográficos imergiram todos naquele mundo tão diferente, de culturas tão distantes e tão próximas.
O dia terminara. Havia leituras e tarefas no ambiente educativo da escola. Registros digitais de todas as atividades igualmente haviam sido mandados para os alunos antes que chegassem em suas casas. Na escola as atividades tinham cessado, mas suporte à distância, comunicadores instantâneos, livros online e avaliações rápidas das ações do dia já estavam à disposição de todos eles. A aula apenas começara, o dia de aprendizagem continuaria por mais algum tempinho, depois, daria para encontrar a Sheila, namorar um pouco, passear com o Apolo, jogar um futebol com a galera…
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Uma questão de caráter – 05/10/2015
Taís Cristina Soares
Um livro que todos os educadores, pais e pessoas devem ler.
Originalmente publicado como How children Suceeed, Uma questão de caráter foi eleito o melhor livro de 2012 pelo The New York Times e considerado leitura obrigatória para aqueles que querem entender o “Por que a curiosidade e determinação podem ser mais importantes que a inteligência para uma educação de sucesso?”.
O norte-americano Paul Tough coloca em letras sua investigação do “porque” certos fatores e atitudes podem mudar o percurso da educação e formação de crianças e jovens. Com base em dados científicos, ele defende que é possível proporcionar uma educação de qualidade tanto para estudantes privilegiados, quanto para jovens que vivem em situação de pobreza e dependem de políticas públicas ineficientes.
Duas semanas após o nascimento do filho, Tough, foi à procura de uma escola primaria para o bebê. Porém, não estava visitando a escola para sonda-la como um pai de um aluno novo, e sim para entendê-la com jornalista. Paul presencia uma diferença notória entre uma classe e outra, isso porque, algumas classes estavam participando do programa “Ferramentas Mentais”, um programa que ajuda a aprender de forma diferente de capacitação: controlar os impulsos, manter-se atento à tarefa do momento, administrar os próprios sentimentos. Algo completamente diferente do que é aprendido hoje nas escolas, o que podemos chamar de hipótese cognitiva, um tipo de inteligência que pode ser avaliado em testes de QI. O que ocorre é que, na última década, economistas, educadores, psicólogos e neurocientista começaram a demostrar fatos que apontam para um questionamento de boa parte dos pressupostos por trás da hipótese cognitiva. Segundo eles, o que mais importa no desenvolvimento de uma criança não é a quantidade de informações introduzidas em seu cérebro nos primeiros anos de vida, e sim ajuda-la a desenvolver um conjunto diversificado de qualidades, entre elas: persistência, autocontrole, curiosidade, determinação e autoconfiança. Ao passo, que no geral, costumamos pensar nelas com traços de caráter.
Visto a grande diferença das classes, Paul vai à busca da compreensão do porque algumas crianças alcançam o sucesso quando se tornam adultos e outras não. E o porquê disso ocorrer.
Um livro leve, curioso e inspirador. O autor relata histórias de crianças e adolescentes que estavam com seu presente destruído, e como o mudaram para um futuro promissor.
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Plataformas adaptativas em educação: realidade ou ficção? -15/12/2015
João Luís de Almeida Machado
“O que temos hoje no Brasil, e mesmo nos EUA, não são plataformas adaptativas. Esse é um nome bom para fazer propaganda, mas não corresponde ao estado da tecnologia. O meu grupo de pesquisa investiga essas plataformas, portanto fico muito à vontade para dizer que essas plataformas deveriam ser chamadas de ‘sistemas de treinamento para provas de múltipla escolha’, ou ‘sistemas de recomendação de conteúdos’. Mesmo nos EUA, eu vi muitas empresas anunciarem suas plataformas ‘adaptativas’ que no fim viraram sistemas de treinamento para o Enem ou para o SAT (a prova de admissão para faculdades americanas), que, apesar de ainda serem úteis, estão longe de ser revolucionárias ou democratizadoras.” (Paulo Blikstein, professor e pesquisador brasileiro da escola de educação da Universidade de Stanford, na Califórnia, em entrevista à Revista Educação)
As plataformas adaptativas buscam as respostas mais exatas possíveis em educação para que o aluno possa ter a trajetória ideal, sem erros ou com poucos tropeços. Cérebros artificiais que guiem os seres humanos em seus passos e permitam a eles viver tudo o que podem, além daquilo que naturalmente poderiam atingir. Será que estão próximas ou que no momento são somente sonhos distantes?
As soluções tecnológicas identificadas como plataformas adaptativas atualmente em uso no mercado brasileiro e mundial, conforme atesta o professor Paulo Blikstein, especialista no assunto da Universidade de Stanford, não são mais que ficção, ao menos no que se depreende delas em relação a oferta real de uma leitura detalhada, plena, adaptativa, personalizada e inteligente que entregue a cada usuário as informações esperadas por ele para que seu rendimento seja contemplado com um real upgrade.
Segundo ele, o que temos hoje são apenas ferramentas que “treinam” para exames de admissão em universidades e/ou “recomendam” recursos para que o aluno estude temas nos quais demonstra pouca ou nenhuma proficiência.
Não há mecanismos que permitam a leitura mais ampla das interações senão aquelas relacionadas ao movimento do usuário nas redes, como é feito, por exemplo, pelos sites de compras que rastreiam os hábitos de consumo e definem com tais dados em mãos o que o internauta pretende adquirir, pelos cliques dados por ele (suas pegadas digitais) e, de posse destas informações, apresenta oportunidades de negócios relacionadas as pesquisas realizadas.
As “plataformas adaptativas” criadas para as escolas focam justamente na leitura de dados como notas, leituras realizadas a partir de dispositivos online, resultados obtidos em provas nacionais, participação em Olimpíadas, vídeos educativos assistidos, exercícios realizados na web… Tendo em mãos estes dados, verificam erros e acertos, completudes e incompletudes, traçam planos de apoio em que focam nas falhas e deficiências percebidas oferecendo elementos de apoio como novos exercícios, mais videoaulas, acesso a livros ou textos de apoio, uso de simulações e animações.
Tais ferramentas adaptam-se portanto, ao auferir tais dados, de forma parcial e incompleta, sem a análise plena e abrangente que teria que considerar, necessariamente, produções outras trazidas pelo aluno (redações, projetos, gráficos, tabelas, produção artística…), cruzando com dados oferecidos pelos profissionais que os acompanham (coordenadores, orientadoras, professores) e, até mesmo, para uma cobertura realmente ampla, ainda muito distante da realidade, até mesmo com dados médicos e sociais.
Não há e nem deve haver, conforme diz o próprio Blikstein, a intenção de que qualquer sistema ou plataforma substitua o trabalho dos professores que, por sinal, precisam muito de preparação para o uso das tecnologias, o que não é contemplado em termos do investimento feito pelas redes de ensino, sejam as públicas ou as privadas.
Segundo o pesquisador, para cada dólar (U$ 1,00) investido em novas tecnologias é preciso que se invistam 9 dólares na formação dos educadores para o uso destas tecnologias.
A questão, diga-se de passagem, não se resume somente a investimento e formação dos professores para que se apropriem e utilizem as novas tecnologias, mas principalmente que isso se torne cultura corrente, ou seja, que qualquer plataforma, aplicativo, sistema ou recurso seja percebido como elemento inerente a educação do século XXI. Não no sentido do uso pelo uso de tecnologias, mas como ferramentas que em utilização facilitam a compreensão, aproximam o educando dos temas estudados, adicionam novas linguagens a prática pedagógica, tornam mais lúdicas as ações pedagógicas, oferecem uma ampla gama de recursos adicionais para a prática dos professores, permitem maior clareza quanto a quem é cada estudante…
O sonho dos algoritmos perfeitos é perseguido em todos os segmentos de atuação humana. Buscam-se respostas para perguntas que, literalmente, façam seus descobridores atingirem o status de Midas, o lendário rei que transformava em ouro tudo o que tocava. Inteligência artificial que nos leve a patamares nunca antes atingidos em todos os sentidos, voando tão alto em direção ao sol quanto Ícaro tentou com suas asas de cera e que o fizeram cair… Aonde chegaremos? Serão tais ferramentas aquilo que realmente desejamos? Acertos e erros não são parte do caminho e, com tudo isso, não estamos truncando a experiência humana, tirando dela parte essencial da jornada?
Qualquer tecnologia está e sempre devemos compreender isso, a serviço dos homens, principalmente aquelas que exponenciam suas capacidades, sejam físicas ou mentais. Se agirmos no sentido de transformar qualquer recurso em algo além disso, este princípio será ferido e, ao invés de criarmos em prol do benefício da humanidade e do planeta, estaremos compondo algo que pode ser nocivo e perigoso.
Por isso é preciso cautela e consciência de que são apenas ferramentas e que, com isso, o papel primordial continua a ser das pessoas, os reais protagonistas, como afirma o professor Paulo Blikstein sobre as plataformas adaptativas que ainda estão muito distantes daquilo que é vendido ou apregoado no mercado educativo e, também, sobre o decisivo papel dos educadores.
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Um roteiro para a excelência na educação – 20/01/2016
Tom Coelho
“Um professor não educa indivíduos. Ele educa uma espécie.” (Georg C. Litchtenberg)
Mais do que consensual, é estatística a defasagem da qualidade de ensino em nosso país quando comparado a outras nações participantes do Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, exame de aprendizagem organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O Brasil fez uma opção pela quantidade em detrimento da qualidade, com o intuito de erradicar o analfabetismo formal, colhendo como consequência um crescente analfabetismo funcional. Assim, a baixa qualificação profissional e seu impacto na produtividade do trabalho reduzem a competitividade de nosso país, levando-nos a um crescimento econômico pífio e à persistência das desigualdades sociais.
Diante deste contexto, como alcançar a excelência na educação? Alguns aspectos básicos que devem ser observados:
- Professor:É necessário qualificar e remunerar adequadamente o docente, possibilitando e estimulando a dedicação em tempo integral. A valorização financeira do magistério é essencial para reter os melhores talentos. Os ganhos devem crescer de acordo com o desempenho dos alunos, a assiduidade do professor às aulas e sua avaliação periódica em provas docentes. O instrutor precisa aprender didática, saber transmitir conhecimento e ensinar para transformar.
- Aluno:Os estudantes devem ser submetidos a exames auditivo e oftalmológico para identificar previamente deficiências que possam comprometer o aprendizado. Precisam ser estimulados para desenvolver interesse pela escola, reduzindo a evasão.
- Pais:A educação não pode ser simplesmente delegada à escola. Os pais precisam se envolver, participando de reuniões, tarefas escolares, atividades extracurriculares. Também devem impor limites aos filhos e educar pelo exemplo – o pai que bebe com os amigos para se socializar e a mãe que toma remédio para relaxar influenciam seus filhos diretamente.
- Estrutura curricular:Deve ser diversificada para aumentar a atratividade aos alunos, priorizando o autoconhecimento para identificação e fortalecimento de talentos e o desenvolvimento de competências não cognitivas. O sistema educacional não pode continuar estruturado exclusivamente para preparar alunos para exames vestibulares. Ou se insere o pragmatismo, ou a escola continuará sendo percebida como um fardo em virtude do conteúdo programático definido pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
- Aulas:A monotonia é um convite ao desperdício de tempo. Enquanto o professor escreve na lousa, a desatenção e a indisciplina acolhem os alunos. As metodologias devem privilegiar a participação ativa do aluno e as atividades em grupo.
- Infraestrutura:O ambiente deve ser acolhedor para aumentar o interesse do aluno e elevar o índice de frequência. A acessibilidade arquitetônica a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em salas, corredores, auditórios e banheiros precisa ser considerada. A tecnologia tem que ser inserida em sala de aula, como instrumento de ensino e socialização, contemplando a realidade das novas gerações, em contato desde cedo com equipamentos eletrônicos. A questão é saber quando, para que e o que fazer com a tecnologia.
- Gestão escolar:Aperfeiçoar os sistemas de gestão, elevando a autonomia, integrando instituições e investindo na qualificação do diretor.
Há certamente outros fatores preponderantes, em especial as políticas públicas que devem amenizar o impacto da condição socioeconômica dos pais no desenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos, não se limitando apenas à ampliação do número de vagas em creches e pré-escolas. Mas isso é assunto para ser tratado em outro artigo.
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Gestão do conhecimento – 20/04/2016
Joyce da Conceição Lopes Simões
O capital intelectual se torna o ativo mais valioso que uma empresa pode ter. Como então garantir uma boa gestão desse recurso?
É nesse contexto que a gestão do conhecimento tem se tornado uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento da empresa. Aquele antigo ditado: conhecimento é poder, tem muito sentido quando falamos de gestão do conhecimento, porém o conhecimento apenas adquirido e não compartilhado entre os colaboradores pouco valor tem dentro de uma organização de sucesso.
A criação e a implantação de processos que gerenciem, armazenem e disseminem o conhecimento representam uma estratégia para gerir o modelo de trabalho em cada parte do sistema. A gestão do conhecimento parte da premissa de que todo o conhecimento existente nas organizações, na cabeça das pessoas, nas veias dos processos e no coração dos departamentos faz com que cada empresa tenha seu próprio DNA.
Alguns passos para fazer a gestão do conhecimento em uma organização:
- Mapeie Processos
O conhecimento só tem valor numa organização quando dividido. Ao longo do tempo, a rotatividade de funcionários acaba sendo natural, mas é importante manter um padrão de trabalho, para isso, uma ferramenta importante é o mapeamento dos processos. A partir de processos mapeados é possível padronizar as atividades desenvolvidas independente de quem as executa.
- Registre lições aprendidas
Aprender com o passado é uma riqueza organizacional. É importante documentar todas as situações de sucesso e fracasso durante a execução das atividades, aprender com os erros e potencializar nossos acertos são estratégias para minimizar desperdícios. Nada como ouvir alguém que já passou por alguma situação semelhante a que estamos passando para direcionar nossas ações.
- Transfira conhecimento
Assim como um pai ensina o bom caminho ao filho para que ele seja forjado e no futuro se torne também um bom pai, assim é na empresa. É muito importante trabalhar com transferência de conhecimento e desenvolvimento de plano de sucessão.
- Gerencie conhecimento e lidere pessoas
De nada vale uma lista de informações sem pessoas disponíveis a executá-las. Direcionar as pessoas no desenvolvimento das atividades é primordial para alcançar bons resultados.
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Diálogo e justiça – 27/04/2016
Wanda Camargo
Escolas, professores e alunos envolvem-se cada vez mais em atritos, e muitos deles terminam sobrecarregando nosso já superlotado sistema judiciário, e não por desavenças envolvendo desacordos trabalhistas, ofensas raciais e outras questões de fundo, mas por desentendimentos sobre diferenças partidárias, de opiniões políticas, de avaliações educacionais, em suma pequenas querelas domésticas que poderiam perfeitamente ser resolvidas com um pouco mais de paciência e bom senso de parte a parte.
Aparentemente, esquecemos que a primeira regra de convivência é baseada na gentileza, no ouvir os demais com empatia e falar com amabilidade, no expor pontos de vista que, embora divergentes, não firam susceptibilidades, firmeza não é sinônimo de deselegância ou grosseria.
Quando estas regras simples não prevalecem, é ainda possível apelar para a moralidade, já que esta representa o conjunto de valores, individuais ou coletivos, universalmente reconhecidos como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens, ou seja, os princípios éticos que organizam a vida das comunidades, definindo comportamentos desaconselhados ou permitidos.
Não é o percebido atualmente: o apelo aos profissionais do Direito, em lugar de último recurso, termina sendo o primeiro em qualquer desavença. Segundo Luís Roberto Barroso, em texto escrito ainda antes de ser Ministro do Supremo, onde abordava a crescente judicialização da área da saúde, a Constituição brasileira tem conquistado força normativa e efetividade, dado que a norma constitucional não está mais sendo considerada apenas parte de um documento meramente político, e sim como código normativo para aplicação direta e imediata por juízes e tribunais; e, portanto, os direitos sociais transformaram-se em plenos direitos subjetivos, que comportam tutela judicial específica. No entanto, este mesmo jurista observa que “o sistema, no entanto, começa a apresentar sintomas graves de que pode morrer da cura, vítima do excesso de ambição, da falta de critérios e de voluntarismos diversos”.
A ausência de diálogo, a inexistência de adequada mediação, os ânimos acirrados, tem provocado inúmeras crises escolares, com pais processando escolas, professores processando pais, acusações discente-docente em mídias sociais, e toda sorte de desentendimentos que terminam em tribunais pela incapacidade mútua de resolução nas esferas comunitárias.
Evidentemente, multiplicam-se os gastos, distorcem-se as capacidades educativas para defesas e acusações com auxílio de advogados ou defensores públicos, reduz-se o tempo dispendido na área educacional; o excesso de ações motivadas por incompreensões de parte a parte, pela dificuldade de encarar o dissenso e muitas vezes pela perda total da hierarquia ou senso de valor, pela dificuldade de aceitar (ou exercer) a autoridade sem que esta se confunda com autoritarismo, desorganiza a gestão escolar, e impede muitas vezes que recursos públicos, como, por exemplo, os tribunais de pequenas causas, sejam corretamente utilizados pela comunidade.
Sem, portanto, desmerecer eventual necessidade de contenda fora do âmbito escolar, tem sido cada vez mais urgente exercitar a prática da conciliação, cada vez menos valorizada quando recorrermos à justiça por todo pequeno problema.
A instituição de ensino sempre esteve imersa num caldo cultural típico de sua atuação, e nela a conversação ocupa lugar de destaque no convívio, é falando que professores, alunos e dirigentes transmitem seus conhecimentos, discutem os possíveis avanços tecnológicos e científicos, debatem temas e apresentam versões contraditórias das mesmas verdades, muitas das quais prevaleceram em determinadas épocas, porém hoje não valem mais, ou vice versa.
Assim, renunciar à mediação, ao colóquio, representa a destruição dos preceitos em que, teoricamente ao menos, baseamos nossas vidas e todo o arcabouço do sistema educacional.
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Sobre livros, e-books, tablets e bibliotecas – 10/05/2016
João Luís de Almeida Machado
Substituir livros por computadores é algo que não devemos fazer.
Usar plataformas digitais para ler livros é algo que podemos fazer.
Analise as frases acima e perceba as diferenças que há entre elas. No afã e na febre tecnológica que por vezes domina o mundo e as pessoas, entre as quais também aquelas que trabalham em educação, o uso de computadores, tablets, smartphones e outros recursos parece destinado a ofuscar, eclipsar ou mesmo “detonar” os demais recursos usados regularmente pelas escolas.
Não é bem assim…
Tecnologias são muito bem-vindas nas escolas de todo o país e do mundo. Agregam valor, ajudam a compor ações, tem forte relação com a geração de nativos digitais, já possuem recursos de qualidade disponíveis para auxiliar nos trabalhos educacionais, monitoram ações e rendimento, informam usuários interessados no desempenho escolar, enfim, vieram para ficar por conta de todas as vantagens a elas relacionadas.
A substituição de recursos e metodologias, no entanto, não é automática, pelo contrário, depende de avaliação criteriosa, capaz de legar aos examinadores a plena condição de compreender o papel de cada ferramenta e a forma como são utilizadas juntamente aos alunos por seus professores para, então, validar alguma mudança, caso sejam possíveis ou cabíveis.
No caso dos livros e das bibliotecas, a substituição por recursos digitais, seja em qual plataforma for, pode ser pensada e proposta desde que em determinadas condições, como por exemplo:
– Permitir acesso a baixo custo por meio digital a obras de interesse a maior quantidade de escolas, professores e alunos;
– Problemas de espaço para armazenamento de obras em papel nas escolas;
– Agilidade na disponibilização de obras em meio digital que não possa acontecer com os livros;
– Dificuldade ou alto custo para envio de obras impressas para escolas distantes;
– Falta de novas edições em papel de determinadas obras, consideradas para trabalhos ou leituras nas escolas.
São alguns casos nos quais as circunstâncias podem ser determinantes para o uso de livros digitais. Há também outras questões a serem pensadas, relativas a situações como o peso excessivo nas mochilas escolares que poderia ser abrandado com o uso de e-books e também de e-textbooks, ou seja, de versões digitais dos livros adotados pelas escolas.
Em relação aos livros digitais há, no entanto, muitas dúvidas e dificuldades nas escolas, juntamente aos educadores, quanto à forma como os trabalhos podem ser conduzidos. Questões técnicas ou didáticas, acesso controlado a internet em sala de aula ou wi-fi liberado e contratos definindo as bases de uso, que aplicativos ou softwares podem ser utilizados, como os professores podem fazer uso efetivo e eficiente dos materiais digitais em sala de aula e outras dúvidas ainda prevalecem na cabeça da maioria das pessoas que atuam em educação.
O que não se pode perder de vista, no entanto, é que a adoção de livros digitais de forma exclusiva somente pode acontecer em situações muito específicas, como as mencionadas e que, sua plena utilização ainda depende de ajustes, preparo para seu uso regular, planejamento didático, estrutura de apoio em termos de redes, definição de parâmetros juntamente aos alunos…
Os livros em papel continuam sendo e, na visão dos especialistas, para sempre serão, materiais de grande valor que permanecem sendo muito úteis ao trabalho educacional e que agregam culturalmente para todos os usuários.
Há, evidentemente, também, o charme, o apego, o carinho de todos que apreciam os livros em relação ao papel, a possibilidade de folhear, de abrir as páginas e buscar trechos, ideias, frases importantes. Até mesmo o cheiro do livro novo, as páginas esmaecidas e amareladas pelo tempo ou o desgaste pelo uso e acesso regular a determinados materiais impressos encanta e seduz a maioria dos amantes da leitura.
A questão passa a ser, então, mais ampla ao abordarmos não apenas o livro em seu acesso individual, mas a existência das bibliotecas públicas e as escolares como locais nos quais, efetivamente, a leitura aconteça em moldes regulares, não apenas para atender as demandas dos professores, mas como local de apreciação das letras, dos tratados, das fórmulas e das ideias contidas nos livros.
Neste sentido o que se percebe é que as bibliotecas perderam espaço e nem mesmo a Lei das Bibliotecas Escolares, aprovada em 2010, que previa a ampliação deste espaço no âmbito das escolas públicas brasileiras ajudou a melhorar a situação.
Escrevi artigo sobre este assunto no qual, a partir de pesquisas realizadas pelo projeto Todos pela Educação, no qual os números são decepcionantes e desanimadores para quem espera a ampliação das bibliotecas no país:
“De acordo com um levantamento realizado pelo movimento Todos pela Educação baseado no Censo Educacional Brasileiro de 2011, seria necessário, em esforço contínuo, até 2020, que fossem construídas 34 novas bibliotecas escolares diariamente no país. Temos um déficit de 130 mil bibliotecas escolares. Os dados apontam para uma realidade em que apenas 1 em cada 4 estabelecimentos de ensino da rede pública nacional tem bibliotecas (o índice é de 27,5%). Os dados de 2011, confrontados com informações de 2008, mostram que nesses anos foram construídas 7.284 novas escolas públicas no país e que, ainda assim, apenas 19,4% delas foram contempladas com bibliotecas em suas dependências”.
A situação é um pouco melhor nas escolas privadas, nas quais as bibliotecas continuam sendo consideradas importantes para a formação e fazem parte de uma maior quantidade de instituições, como reforço a seguir, no mesmo artigo sobre o tema:
“Na rede de ensino privada, os dados são menos alarmantes, o índice de escolas com bibliotecas se mantém quase sempre superior a 60%”.
Ainda que tenhamos mais computadores, tablets, redes wi-fi e estrutura suficiente para que os livros digitais ampliem sua entrada nas escolas não podemos ou devemos abrir mão das bibliotecas e dos livros em papel. Carecemos ainda de um trabalho firme no sentido de ampliar o interesse espontâneo dos alunos em relação a leitura. Os esforços no sentido de ampliação da leitura, da presença dos livros e das bibliotecas nas escolas deve ser instado a partir da educação infantil e prosseguir de forma perene e forte até o final do ensino básico para consolidar a apreciação e o exercício da leitura entre as novas gerações. Nosso imortal Monteiro Lobato, de tantas obras fenomenais, como o Sítio do Pica-Pau Amarelo, já dizia que “um país se faz com homens e livros” e, o grande escritor argentino Jorge Luis Borges destacava a importância das bibliotecas ao afirmar que, a partir de seu ponto de vista, o céu deveria ser uma grande biblioteca.
Obs. O artigo de minha autoria mencionado neste texto tem como título “O Brasil e suas escolas sem bibliotecas” e foi publicado na área exclusiva do portal Edros, do Sistema de Ensino Poliedro.
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O nascedouro da leitura – 13/06/2016
João Luís de Almeida Machado
Segundo as pesquisas mais recentes demonstram há ainda um longo caminho a ser percorrido até que tenhamos, de fato, a leitura estabelecida como uma prática regular entre os brasileiros. Mesmo que pequenos avanços tenham sido percebidos, como o índice mais geral e amplo de leitores no país, que passou de 50 para 56% da população, temos praticamente metade da população distante dos livros, sejam eles impressos ou digitais.
O que é preciso fazer para que mais leitores se estabeleçam entre os brasileiros? Como estimular entre os integrantes das novas gerações o gosto pela leitura? Quais são os benefícios da leitura para as pessoas e para a sociedade? Que papel tem a família neste processo? E a escola, como pode fomentar e estimular o surgimento de novos leitores?
Ler é muito mais do que simplesmente percorrer palavras, parágrafos, ideias, páginas, capítulos e livros. Dito isso é preciso esclarecer que a consolidação da leitura é uma grande e importantíssima meta e responsabilidade social a ser atingida. O acesso pleno as letras, com a capacitação para a compreensão tanto daquilo que está evidente quanto do que está nas entrelinhas é algo que não se atinge a curto prazo e que, conforme os especialistas, tem que começar o mais cedo possível na formação de uma criança, antecedendo até mesmo o nascimento, quando ainda no útero materno, com estímulos frequentes por parte dos pais.
Especialista neste assunto, a pesquisadora e professora da New York University, Susan Neuman, em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo, sobre os dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, se referiu a informação auferida com a seguinte expressão: “Mas que números tristes”.
Para superar esta triste realidade, Neuman destaca ideias provenientes de práticas, levantamentos, leituras e estudos realizados por ela que, certamente, podem contribuir para melhorar o quadro brasileiro relativo a leitura.
Um dos princípios essenciais, de acordo com a professora da New York University é que o estado, ainda que dispondo de recursos escassos num momento de crise e contingência, como o Brasil vive no momento, pode contribuir com o ensejo a leitura realizando investimento na abertura ou ampliação de bibliotecas públicas ou escolares.
Os dados indicam que, no Brasil, apesar deste tema ser pauta de legislação e também de programas de incentivo à leitura, estamos na contramão, ou seja, estagnados e, em certas regiões, está ocorrendo, até mesmo, o fechamento de bibliotecas. Há, segundo indicam os levantamentos, uma biblioteca para cada 33 mil brasileiros ou, ainda, cerca de 115 municípios que ainda não tem biblioteca. Estados como o Rio de Janeiro tem uma biblioteca para cada 110 mil habitantes ou apenas 148 bibliotecas espalhadas por suas cidades, com maior concentração na capital do estado, atendendo mais de 16 milhões de pessoas. Isso sem contar o fato de que os acervos destas bibliotecas estão, na maior parte dos casos, desatualizados e são compostos por quantidade modesta de volumes.
Mais do que bibliotecas, no entanto, segundo Neuman, compete as famílias o principal movimento rumo aos livros e a leitura como algo a ser despertado e motivado juntamente as crianças e adolescentes. E quanto mais cedo melhor.
Cantar e conversar com a criança ainda na barriga da futura mãe é o começo desta ação imprescindível para que a comunicação, o acesso as palavras, o ensejo ao mundo das letras seja bem sedimentado.
A seguir compete as famílias cantarolar e continuar falando com a criança quando ainda é um bebê. A contação de história é um próximo e essencial passo. O acesso a livros infantis e as narrativas realizadas pelos pais, avós, tios ou por irmãos mais velhos é um importantíssimo empurrãozinho rumo à leitura que qualquer família pode realizar.
Permitir que a criança veja imagens e crie a partir das mesmas suas próprias versões das histórias enquanto ainda não foi alfabetizada também é prática recomendada e muito útil pois permite a fantasia, a criatividade e o contato com outra leitura igualmente fundamental relacionada a compreensão e apreensão de detalhes das imagens.
Não adianta, conforme explica Neuman, incentivar a criança dando acesso a livros, revistas ou e-books se o exemplo vivo de leitura dos pais ou de outros membros da família não for visível para as crianças. Nada supera a prática, o modelo, a percepção de que leitura é um prazer como algo expresso no cotidiano. Este é, talvez, o maior de todos os incentivos pois consolida na cabeça dos pequenos, ainda em tenra idade, que pelos livros é possível viajar no tempo, ir a lugares distantes, entender diferentes modos de pensar, dialogar com autores e seus personagens…
A pesquisadora ressalta que “os dois primeiros anos de escolaridade são importantes mas que, se a criança chega lá sem ter experimentado o estímulo adulto, não há professor dedicado que possa compensar na sala de aula”, ou seja, destaca fortemente o peso do exemplo, incentivo e participação dos pais e familiares neste movimento em prol da leitura. É claro que quanto mais exemplos existirem melhor, por isso, nas escolas, além das rodas de leitura ou outros projetos de igual natureza a oferecerem oportunidades de leitura para as crianças, é primordial que os professores também sejam leitores.
O apreço pela leitura, de acordo com os especialistas, entre os quais Neuman está incluída, tem que ocorrer até o 3º ano do ensino fundamental. Esta é a linha delimitadora no que tange o aprendizado da escrita e leitura e o gosto pelas letras entre as crianças. Segundo a professora norte-americana, “se o aluno não aprendeu a ler até a terceira série, está com problemas” e que, tendo em vista esta má formação, não deveria nem mesmo avançar para o próximo ano letivo.
Quanto ao uso de recursos digitais, a educadora Susan Neuman destaca que não devem ser percebidos como adversários da leitura. Em sua opinião é preciso dar mais ênfase e destaque ao uso daquilo que é palpável, próximo do aluno, visando estimular o desenvolvimento de sua capacidade de abstração. Neste sentido há escolas que estão trabalhando muito na linha de oferecer o concreto para seus alunos, através de jogos, brincadeiras, objetos e mesmo livros que lhes permitam manusear, perceber, analisar e criar. Não é um descarte do que é virtual, é legar a este universo composto por games e imagens menor espaço e tempo no cotidiano das crianças para que elas se encantem com os livros e outros recursos.
Acima de tudo, segundo Neuman, ainda que o tempo seja reduzido, é deveras importante que pai e mãe devotem a leitura “alguns minutos” que “abracem e beijem a criança” e que “olhem nos olhos enquanto abrem um livro”. Isso certamente fará com que este pequeno leitor associe a leitura a estas emoções contidas em sua memória e associe o ato de ler ao que lhe é mais caro e precioso em sua vida. Mais do que poético, algo que realmente procede.
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A Reforma do Ensino Médio: Considerações necessárias – 23/09/2016
João Luís de Almeida Machado
A proposta de reformulação do Ensino Médio (veja o gráfico explicativo das mudanças para entendê-las melhor) encaminhada pelo MEC como Medida Provisória enviada em 22/09/16 ao Congresso e divulgada ontem pelo Ministério da Educação tem, entre as alterações previstas, algumas ideias interessantes e outras polêmicas, em alguns casos, espúrias.
Flexibilização, ensino em tempo integral, aumento da carga horária e, como disse o ministro da educação, Mendonça Filho, protagonismo do aluno, com o estudante tendo a formação neste segmento focada nos seus interesses mais específicos são bandeiras levantadas há anos por muitos especialistas e instituições sérias.
A aplicação de tudo isso, ainda que escalonada ao longo de alguns anos, com apoio dos estados, é que preocupa tendo em vista as sérias dificuldades no plano do mundo real quanto a estrutura física das escolas e preparo dos profissionais para atender de forma digna estas novas demandas.
Além disso, tais mudanças demandam, ao mesmo tempo, valorização dos profissionais, adequação dos currículos não apenas ao que o mercado precisa, perspectiva e planejamento de uso das novas tecnologias nestas formações. Tudo isso, é claro, precisa de respaldo na formação de novos professores pelas universidades e de atualização e preparo dos docentes que já atuam nas escolas no ensino médio.
O que é digno de nota é que o governo, com tais medidas, se aproxima do modelo das high schools americanas, oferecendo a formação base em 1 ano e meio. A concentração do currículo base em apenas 1 ano e meio precisa ser pensada com a devida atenção. Sistemas de ensino particulares já fazem isso, de certo modo, trabalhando os conteúdos essenciais do segmento em 2 anos e, no 3º ano, revisando o conteúdo total, adicionando alguns tópicos ainda não trabalhados, para preparação do aluno que irá prestar vestibulares ou o ENEM ao final do ciclo do ensino médio. O adensamento de informações em apenas 18 meses não causará prejuízos a formação global do aluno?
Espúrio nesta reforma e que, certamente deve ser reconsiderado, é a exclusão de áreas do saber de importância na grade básica do Ensino Médio: Artes e Educação Física. Retirá-las do currículo obrigatório significa dizer que a percepção estética, a compreensão da produção humana a partir das diferentes expressões artísticas, o esporte, a qualidade de vida e saúde, temas centrais do estudo das Artes e da Educação Física são secundários ou mesmo desnecessários, o que, certamente constitui uma ação que contraria os interesses do Brasil. A cultura aliada a educação fornece os subsídios para formação integral dos alunos e lhes permite, de fato, dialogar de forma ampla com o mundo, tornar-se sensível a produção humana e ao próprio artista, num movimento que o torna, acima de tudo, apto ao diálogo em diferentes frentes, usando diferentes linguagens. A preocupação com a preparação física, o cuidado com a saúde, a qualidade de vida e o combate a ociosidade, a obesidade e a diferentes enfermidades que crescem no mundo todo, além da formação de atletas e do hábito da atividade física são ações relacionadas à educação física. É preciso, portanto, rever esta ação proposta na medida provisória.
Dúvidas quanto ao que teremos pela frente com essa reforma se avolumam, entre as quais podemos destacar:
– Teremos 3 semestres com o cumprimento do currículo básico e, depois, os alunos optam por áreas específicas do conhecimento que mais lhes interessarem, entre as quais, a formação técnica. Como ficariam estes currículos para os 3 semestres finais de cada área? As escolas regulares atenderiam de que forma demandas técnicas específicas?
– Os profissionais do ensino, terão por parte do governo, respaldo quanto a formações para estas novas demandas?
– Os currículos das universidades em que há pedagogia e licenciaturas, serão reformulados?
– Como ficam os professores quanto a benefícios e salários? Terão os docentes do ensino médio as necessárias horas para planejamento de suas ações?
– Como acomodar, nas precárias condições que muitas unidades escolares públicas oferecem, as mudanças propostas que preveem maior carga horária e novas atividades e cursos?
– Quanto custará tudo isso? Como vamos pagar pela reforma? Qual o papel dos estados e municípios em relação as alterações? Como ficam as escolas particulares em relação as mudanças?
– Teremos implicações com tais mudanças no ENEM e nos processos de entrada nas universidades?
– Tendo apenas 18 meses para a formação básica não teremos um enfraquecimento da formação ampla do aluno que já traz, do ensino fundamental, lacunas em sua formação?
– No que se refere ao uso das tecnologias em educação, quais são as propostas relacionadas a este plano focado no Ensino Médio?
São ponderações importantes, que precisam ser realizadas, para que medidas que podem ser de interesse e importância, que demandariam muitos anos de discussão no congresso, numa luta corpo a corpo entre grupos de diferentes interesses, não sejam desperdiçadas por conta de ajustes necessários que precisam ser feitos e, principalmente, para que as condições mínimas para sua implementação existam.
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Caminhando em Silêncio – 25/07/2008
Elisete Oliveira Santos Baruel
A história das pessoas com deficiência no Brasil
Acaba de ser lançado pela Giz Editorial, o livro “Caminhando em Silêncio – Uma introdução à trajetória da pessoa com deficiência na história do Brasil”, de Emílio Figueira. Neste momento quando o tema Inclusão Social e Escolar estar em voga, esta obra traça em suas 184 páginas o percurso das pessoas com deficiência na História do Brasil, passando pelos os indígenas, os jesuítas, a escravidão, o Império, o surgimento da medicina brasileira, a República, os momentos da Educação Especial, chegando à consciência e aos movimentos políticos dessas pessoas e sua autonomia iniciada em 1981. Foca
ainda a temática “deficiência” dentro de nossas lendas, literatura e artes em geral.
Fruto de uma pesquisa sistemática durante dez anos, seu contexto reforça a teoria que a maioria das questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, sentimentos de piedade, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram construídas culturalmente. Na organização dos capítulos há uma forma didática e multidisciplinar, visando colaborar com várias áreas como Psicologia, Pedagogia, Sociologia, História, Medicina, Artes e afins.
Considerando este trabalho como o nascimento de uma Historiografia especializada em assuntos da pessoa com deficiência no Brasil, Emílio Figueira é psicólogo, jornalista e historiador, sendo este o seu décimo primeiro livro publicado. Como pesquisador há duas décadas na área, conta com mais de quarenta artigos científicos publicados no Brasil e exterior. Atualmente cursa mestrado em Educação: Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP.
SERVIÇO: O livro pode ser adquirido no site da editora Giz Editorial
(www.gizeditorial.com.br) ou na rede da Livraria Cultura.
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Sinopse do livro Educação Musical e Deficiência – 24/02/2010
Viviane dos Santos Louro
Propostas Pedagógicas
O livro “Educação Musical e Deficiência: propostas pedagógicas” é de cunho científico-pedagógico. Científico porque está totalmente embasado teoricamente em metodologias utilizadas na educação musical, bem como nos princípios que norteiam a psicomotricidade o desenvolvimento da aprendizagem e as questões clínicas das deficiências. Pedagógico porque oferece atividades práticas para professores – de música ou não – e profissionais da área da saúde que trabalhem ou queiram trabalhar com pessoas com deficiências no que tange a utilização da música como recurso ou finalidade em si mesma.
Essa temática é inédita no Brasil. O livro possui 192 páginas entre informações clínicas básicas sobre as deficiências; relação da música com a psicomotricidade; diferenças e semelhanças entre a musicoterapia e a educação musical voltada para pessoas com deficiências; questões relacionadas à inclusão escolar e adaptações para o ensino musical de pessoas com deficiências, com fotos inéditas de adaptações para instrumentos musicais, entre outras. Além disso, o livro propõe mais de 20 jogos musicais totalmente adaptados para diversos tipos de deficiências, o porquê de cada adaptação e como realizá-las com recursos simples. É um livro voltado para um público eclético, com linguagem simples e acessível à qualquer pessoa.
Currículo dos autores do livro Educação Musical e Deficiência
Viviane dos Santos Louro
Iniciou seus estudos de música aos 11 anos de idade na Fundação das Artes de São Caetano do Sul onde se formou no curso técnico em piano. Aos 15 anos passou a estudar com o pianista Cláudio Tegg e aos 17, com a professora de piano Marisa Lacorte. Participou de importantes Concursos Nacionais de piano, obtendo no total 17 premiações. Tocou para pianistas renomados do Brasil, Alemanha, Itália, Rússia e Argentina, sendo sempre muito elogiada pelas suas interpretações.
Participou de diversos festivais de piano entre eles o Festival Internacional de música no conservatório Tchaikowsky – Moscou – Rússia (1997) onde teve aulas com o professor Russo Andrei Pisarev. Em 1996 atuou como solista convidada frente a orquestra de São Caetano. Em 2001 terminou sua graduação em bacharelado em piano na faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM) na classe da professora Marisa Lacorte.
No ano seguinte ingressou no Mestrado em Música – Educação musical na Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde defendeu em 2003 a dissertação: As adaptações a favor da inclusão do portador de deficiência física na educação musical: um estudo de caso, tendo como orientadora a prof. Dra. Glória Maria Ferreira Machado e como co-orientador o Prof. Dr. Luís Garcia Alonso. Alem disso, fez dois anos de estágio (2002-2003) no setor de músico-reabilitação da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e assistiu a diversos cursos, na área da deficiência física, mental, auditiva, visual, problemas de aprendizagem e psicomotricidade. É atualmente professora de piano na Fundação das Artes de São Caetano do Sul (2004) além de participar como docente de workshops, oficinas, cursos e palestras na área da deficiência e educação musical em São Paulo e outros Estados.
Organiza anualmente o Simpósio de educação Musical Especial e o site www.musicaeinclusao.com.br. É diretora musical do grupo Trupe do trapo e em Novembro de 2006 lançou o livro, inédito no Brasil: Educação Musical e Deficiência: propostas pedagógicas”.
Luís Garcia Alonso
– Médico graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em 1994.
– Especialização em Genética Clínica pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, em 1995-1996.
– Especialista em Genética Clínica pela Sociedade Brasileira de Genética Clínica-Associação Médica Brasileira, em 1997.
– Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, em 1997.
– Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, em 2002.
– Pós-Doutorado (em andamento) na Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, desde 2003.
– Professor Adjunto da Disciplina de Anatomia Descritiva e Topográfica do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
– Professor Titular das Disciplinas de Genética e Evolução e Anatomia da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein.
– Médico Geneticista do Hospital Israelita Albert Einstein.
– Médico Geneticista da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de São Paulo.
– Médico Geneticista da Clínica e Laboratório de Genética em São Paulo.
– Coordenador do Ambulatório de Genética Craniofacial do Centro de Genética Médica dos Departamentos de Morfologia e Pediatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
– Presidente do Departamento de Genética Clínica da Associação Paulista de Medicina.
– Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de São Paulo.
– Ex-Professor Assistente da Disciplina de Genética Craniofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade de Santo Amaro (UNISA);
– Fundador do Ambulatório de Genética Clínica e Aconselhamento Genético do Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).
– Membro Titular da Sociedade Brasileira de Genética Clínica.
– Membro Titular da Sociedade Brasileira de Genética.
– Membro Titular da Sociedade Brasileira de Anatomia.
– Membro Titular da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Alex Ferreira de Andrade
Iniciou seus estudos musicais através do piano , aos 7 anos de idade. Em 1990 começou a estudar flauta doce e transversal no Conservatório Musical Interlagos. Pouco tempo depois passou a estudar flauta transversal no Conservatório Musical Mozart , sob orientação da professora Olga Blanco Escudero. De 1994 à 2000 estudou flauta transversal na Escola Municipal de Música, sob orientação do professor Wilson Resende. Participou de diversos workshops, entre eles, com o professor francês José Daniel Castellan e com o Inglês Michel Titt . Participou também do Festival Internacional de Flautas de São Paulo e cursos tais como: Músico- Reabilitação promovida pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD); uma nova abordagem na teoria musical com a professora Marisa Ramires; orquestração de flautas e percussão com a professora Ilza Zenker Leme Joly; VII Oficina de Musicalização para Professores com Ilza Zenker Leme Joly , Cássia Doninho e Juvêncio Lobo; Curso de Distúrbios de Aprendizagem e Déficit de Atenção promovido pela AACD, Como Tratamos as Malformações Congênitas também pela AACD e a Jornada A Criança Especial, promovido pela Associação Brasileira de Paralisia Cerebral (ABPC). Dentre suas atividades pedagógicas estão: cursos para professores no I Simpósio Musickids de Educação Musical: A flauta pedagógica no processo de musicalização – Conservatório Musical Beethoven; Aulas de sensibilização musical em entidade específica ao atendimento de portadores de deficiências, aulas de flauta e musicalização no Conservatório Musical Beethoven e no Conservatório Mozart. Atualmente leciona música para crianças autistas e está terminando o curso de Pedagogia no Mackenzie.
Fonte: Música e Inclusão (http://www.musicaeinclusao.com.br/?/Livros/Livro-Educacao-Musical-e-Deficiencia-propostas-pedagogicas
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ENEM 2003 – 01/09/2003
João Luís de Almeida Machado
Investimento para o Futuro
Ontem, 31 de Agosto de 2003, foi dia de ENEM. Aproximadamente um milhão e novecentos mil estudantes estavam inscritos e, ao que parece, a quantidade de faltosos foi muito reduzida. O dia não parecia dos melhores para sair de casa, no entanto a esmagadora maioria dos estudantes do Ensino Média não deixou para trás o compromisso, foram aos locais estipulados e tentaram fazer a sua parte.
A despeito das críticas que são regularmente feitas por opositores ao sistema de avaliação proposto no ENEM, ainda na gestão do ministro Paulo Renato de Souza, durante a administração do presidente Fernando Henrique Cardoso, os estudantes tem dado firmes comprovações de que o Exame Nacional do Ensino Médio veio para ficar.
Não se trata apenas de falar em termos de número de inscritos e de estudantes que compareceram. É lógico que essas estatísticas são, também, expressivas e significativas para uma compreensão contextualizada do ENEM.
Vale ressaltar, entretanto, que as avaliações realizadas regularmente, já conseguiram promover uma notável mudança na educação brasileira, particularmente nos exames de admissão para as universidades. Além de contabilizarem pontos para os alunos poderem agregar aos resultados dos vestibulares, o ENEM tem proposto, a partir de suas provas, uma reavaliação da forma como as provas de vestibulares são compostas e, necessariamente, propondo que as escolas de Ensino Médio reestruturem o seu planejamento e o seu funcionamento.
Os exercícios do ENEM não pedem ao aluno apenas que demonstre que seu conhecimento adquirido e guardado em arquivos no cérebro (conhecimento bancário; memorização), acumulado ao longo dos 3 anos do Ensino Médio (e que, de certa forma parece desprezar o trabalho de mais de uma década feito na Educação Infantil e no Ensino Fundamental); propõem que o avaliado seja obrigado a refletir a respeito das questões apresentadas utilizando-se de reminiscências relacionadas ao conteúdo trabalhado em aulas das diversas disciplinas (focando no Ensino Médio e, utilizando-se também do que foi estudado e assimilado nas etapas anteriores); além disso, faz paralelos com informações divulgadas pela mídia; pede comparações ou aproximações com contextos diferenciados; explora outras linguagens como os gráficos, as artes plásticas, músicas, histórias em quadrinhos, infográficos de revistas e jornais, etc; faz com que em suas questões seja comum e freqüente o uso de conhecimentos adquiridos em áreas diversas (matemática e geografia, literatura e biologia, física e história,…); discute temas de relevância social nas propostas de redação; enfim, procura fazer com que o estudante seja obrigado a pensar e não apenas reproduzir dados trabalhados pelos professores em sala de aula.
O mais interessante é perceber que através da prova do ENEM, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) procura ser coerente com o que tem proposto na Lei de Diretrizes e Bases para a Educação e, mais especificamente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Ressalta que não devemos nos ater a considerar apenas o acúmulo ou volume de informações adquiridas pelos alunos ao longo do Ensino Médio.
Nem tampouco, espera que o aluno utilize-se do Ensino Médio como um preparatório para o vestibular e ponto final. Pelo contrário, pede a ampliação da importância dos estudos nessa etapa de formação de nossos adolescentes e jovens, para um nível de preparação para a cidadania, a ética, a capacidade de interação social, a consciência crítica e uma adaptação mais fácil ao mundo do adulto (no qual se insere, com grande importância, o mundo do trabalho).
Infográfico da Revista Época usado na Redação do ENEM 2003.
Na prova desse ano, por exemplo, o tema da redação, relacionado à questão dos investimentos (cada vez maiores) em segurança pública, contou com a disponibilização para os estudantes, de um infográfico publicado pela revista Época (em edição de Junho de 2003); além disso, teve como elementos de argumentação e análise os comentários produzidos por uma jornalista da Folha de São Paulo (Maria Rita Kehl) e por Jurandir Freire Costa, estudioso dos efeitos que a violência urbana e a corrupção têm causado no imaginário do brasileiro, em seu texto “O Medo Social“.
Os enunciados pediam, claramente que os estudantes desenvolvessem um texto “dissertativo-argumentativo” e que, se pautassem nos “conhecimentos adquiridos e (n)as reflexões feitas ao longo de sua formação”. Definia ainda que os estudantes deveriam selecionar, organizar e relacionar argumentos “para defender o seu ponto de vista”. Estabelecia ainda que o texto deveria ser escrito dentro das normas da língua portuguesa culta e que, não seria aceito se fosse redigido como poema ou narrativa.
Fica patente, a partir do exemplo da redação, que há uma preocupação grande do ENEM, de verificar se o aluno consegue ultrapassar os limites ínfimos definidos pela educação bancária (que se preocupa apenas com os simples acumulo de informações) e ser capaz de deduzir, criticar, analisar e compor textos enriquecidos e sustentados por boa argumentação e por uma sólida formação cultural.
Nas questões há a mesma preocupação. Vejam, por exemplo, o caso da questão de número 62, na qual é apresentada uma tira da personagem Mafalda, do cartunista argentino Quino. Faz-se necessário que o estudante analise o uso da palavra “indicador” ao longo do Cartum. Não se trata apenas de uma averiguação do sentido da palavra nos conformes da língua portuguesa (também isso), mas sua compreensão dentro do universo das idéias, especificamente, da questão social, relacionada ao desemprego.
Quadrinhos da personagem Mafalda, do cartunista
Argentino Quino, utilizados na questão 62 do ENEM 2003.
Para responder a questão de número 51, na qual são disponibilizadas imagens da antropofagia indígena (pintura de Theodor De Bry) e de Tiradentes esquartejado (pintura de Pedro Américo), o estudante teria que perceber que as duas retratavam períodos históricos diferenciados, ser capaz de entender o significado dos termos “Selvagem” e “Civilizado”, lembrar-se que a antropofagia era refutada e condenada pelos portugueses e que, esses mesmos europeus se utilizavam das punições exemplares para impedir os brasileiros de se revoltarem contra o domínio metropolitano (isso me faz lembrar que, também seria necessário sintonizar-se quanto ao Pacto Colonial). Parece pouco? Certamente que não.
O fato de trabalhar com imagens remonta a uma máxima dos tempos atuais, cuja compreensão é fundamental para os educadores, segundo a qual nossos estudantes (e a sociedade de forma generalizada também) têm uma relação muito mais intensa com as imagens do que com os textos. Isso não significa que devamos abandonar as palavras (por favor, sou totalmente contrário e advogo constantemente a necessidade da leitura como mais efetivo entre todos os meios de aprendizagem e divulgação de conhecimentos), pelo contrário, mas que devemos, por outro lado, integrar as diferentes linguagens e mídias.
Esq. (Pedro Américo – Tiradentes esquartejado, 1893)
Dir. (Theodor de Bry – Século XVI)
Imagens utilizadas na prova do Enem 2003 para a composição da questão 51.
É claro que os resultados obtidos nesses primeiros anos de aplicação da prova do ENEM ainda não são aqueles que gostaríamos de ver. Diga-se de passagem, que as médias obtidas no ano passado mostraram uma queda de rendimento geral. O que se espera é que, o aperfeiçoamento do Exame Nacional do Ensino Médio seja acompanhado de uma melhoria considerável na qualidade da educação de Ensino Médio no país. E que os objetivos de estímulo a criação de uma clientela mais esclarecida e atuante, se tornem a realidade do amanhã.
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Fórmulas Simples – 25/05/2004
João Luís de Almeida Machado
Basta prestar atenção e resolver os exercícios
Na revista Veja dessa semana há uma matéria dedicada a traçar o perfil dos alunos que obtiveram os melhores resultados no último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). O que mais impressiona é a colocação feita por alguns desses estudantes garantindo que a obtenção de uma boa avaliação depende basicamente de uma fórmula tradicional e muito simples, prestar atenção às aulas e resolver os exercícios e tarefas propostas para casa.
Muitos estudantes e mesmo professores devem estar se perguntando porque a fórmula descrita acima não funciona em seus casos. Admito que há muitas pessoas que realizam regularmente o binômio “atenção às aulas e realização integral de tarefas e exercícios”, entretanto vale salientar que devemos tentar ir além da resposta superficial para que possamos compreender em que consiste a fórmula dos melhores resultados do último ENEM…
Por exemplo, ao falarmos que os estudantes devem prestar atenção às aulas, o que realmente queremos dizer com isso?
Será que isso significa, na prática, que o aluno deve apenas ouvir atentamente e anotar tudo aquilo que o professor disser ou escrever na lousa?
Será que “prestar atenção” exige do aluno apenas que acompanhe os raciocínios e a lógica desenvolvida para a apresentação de um conceito ou de uma fórmula?
Ou, por outro lado, ao participar da aula o estudante deve escutar as explicações, anotar conceitos, realizar exercícios e, além disso, questionar o professor, participar argumentos, comparar definições, exemplificar os conteúdos, aproximar o conhecimento da sua experiência de vida e estudos e utilizar outras referências extraclasse como complementações ao tema trabalhado em aula?
Com certeza, a experiência em questão (prestar atenção às aulas) somente será efetiva quando contar com a participação plena e integral dos estudantes, assumindo seu papel em aula como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem e tendo seus professores como orientadores nessa realização.
Ignorar que a eficiência desses estudantes ao participar das aulas é derivativa de uma ação que vai muito além da mera passividade frente ao que lhes é apresentado pelos professores é, literalmente, querer tapar o sol com a peneira…
E como esses estudantes se diferenciam dos demais a ponto de podermos considerá-los verdadeiramente ativos no processo educacional?
A própria reportagem de Veja dá algumas pistas, que vamos tentar aprofundar com base na prática de sala de aula. O primeiro pormenor a favor desses estudantes é a influência familiar. Isso significa que os pais se interessam pela vida e pelo rendimento escolar de seus filhos. Novamente alguns estudantes podem dizer que contam com esse apoio e que prestam atenção às aulas e resolvem exercícios regularmente…
Acompanhar o rendimento e participar dos estudos do filho deve ser acompanhado de exemplos que consolidem o desejo e a necessidade de estudar. Pais que regularmente lêem livros, jornais e revistas ou que continuam estudando para se aperfeiçoar profissionalmente contribuem para que seus filhos se sintam estimulados a fazer o mesmo…
Além disso, os pais têm que incentivar seus filhos a participar de atividades culturais ou esportivas, ir a cinemas, freqüentar teatros, escutar músicas, ler sem que a atividade seja uma imposição escolar, conhecer o mundo que os rodeia, viajar,…
Deu para entender que a participação dos pais é primordial e de que forma ela realmente frutifica em favor de seus filhos como estudantes? Dá também para perceber que essa raiz ultrapassa os limites da escola e lega benefícios que serão fundamentais em toda a vida dos filhos.
Não dá para esquecer que os pais devem se mostrar pacientes, carinhosos e presentes na vida de seus filhos. O equilíbrio emocional constitui verdadeira pérola para o sucesso de qualquer pessoa.
Dizer que realizar os exercícios também é uma simplificação. É lógico que manter as atividades em dia é desejável e necessário, entretanto a realização das tarefas pressupõe a análise, a interpretação, um esforço de realização que supere a mera reprodução de fórmulas e conceitos pré-estabelecidos pelos professores.
Em suma, é preciso pensar a respeito dos exercícios e não resolvê-los de forma mecânica e repetitiva. O estudante deve raciocinar para que entenda o desenvolvimento dos cálculos, a lógica de uma filosofia, o contexto de um grande fato histórico ou o funcionamento de um órgão humano de forma plena e consciente.
Para isso acontecer ele tem que estar motivado. O professor tem que conquistar sua atenção. A aula deve desafiar o aluno a uma postura participativa. Os conteúdos têm que ser explicados de forma significativa para o aluno. A escola precisa ser interessante.
Seria fácil demais obter bons resultados em qualquer avaliação se a fórmula se restringisse aos métodos indicados pelos alunos aprovados no ENEM, no caso, prestar atenção nas aulas e resolver os exercícios e tarefas propostos. Vimos, porém que nos bastidores, a receita da vitória exige, além dos elementos mencionados:-
– Apoio dos pais.
– Leituras adicionais.
– Acompanhamento das notícias a partir de jornais, revistas, internet.
– Enriquecimento cultural com idas a cinemas, teatros, palestras,…
– Aulas interessantes.
– Participação integral e ativa dos estudantes nas aulas.
– Resolução consciente dos exercícios e tarefas.
– Empenho e dedicação dos professores.
– Vontade de vencer dos alunos.
Fácil. Extremamente fácil. Pra você e eu e todo mundo…
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Sobre o Novo ENEM – 01/07/2009
João Luís de Almeida Machado
Paralelos entre Reforma e Reformulação
A mais famosa Reforma da história, ocorrida no século XVI, levou ao surgimento do Protestantismo e das religiões Luterana, Calvinista e Anglicana. Consolidou-se a partir da ação de homens que, movidos por ideais e interesses específicos, uniram-se em torno de propostas que já eram discutidas e divulgadas na Europa há pelo menos 200 ou 300 anos. A insatisfação com o Catolicismo – em especial com a incoerência percebida quanto ao discurso e prática – era, portanto, anterior pelo menos 2 séculos antes da consecução dos movimentos liderados por Martinho Lutero, João Calvino e Henrique VIII.
E por que inicio artigo sobre o novo ENEM, o Exame Nacional do Ensino Médio, prova adotada pelo Ministério da Educação do Brasil, em pleno século XXI, falando sobre o Protestantismo de 500 anos atrás?
Porque há similitudes entre os acontecimentos de outrora e os de hoje, ainda que contextos e circunstâncias muito diferentes não nos levem a realizar esta aproximação. Para uma melhor compreensão cabe, porém, examinar as diretrizes básicas enunciadas pelo MEC quanto ao Novo ENEM.
O Ministério da Educação apresentou uma proposta de reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e sua utilização como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais. A proposta tem como principais objetivos democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de ensino superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio. As universidades possuem autonomia e poderão optar entre quatro possibilidades de utilização do novo exame como processo seletivo:
• Como fase única, com o sistema de seleção unificada, informatizado e online;
• Como primeira fase;
• Combinado com o vestibular da instituição;
• Como fase única para as vagas remanescentes do vestibular.
(Fonte: Site do Ministério da Educação – MEC)
O primeiro aspecto a destacar refere-se, é claro, à ideia de Reforma, apresentada no documento do MEC através da palavra Reformulação. A partir de um rápido exame no Dicionário Aurélio é possível perceber que os vocábulos Reformar e Reformular são independentes, ou seja, possuem significados próprios e autônomos um em relação ao outro. Há, porém, pontos de aproximação, pois ambos referem-se à ideia de modificar ou de construir novamente algo com diferente formato ou fórmula. Conduzem, neste sentido, ao conceito de regeneração, de reconstituição ou de reconstrução.
Tanto na Idade Moderna, quando da ebulição do Protestantismo quanto no que tange a educação brasileira no 3º Milênio, existem estruturas anteriores em vigência, em plena execução, que demandam – a partir de análise crítica, proposição construtiva, exame de alternativas, estudo de práticas e ações bem-sucedidas, coragem política para agir e capacidade de investimento – alterações a serem implementadas de imediato.
E não nos referimos aqui somente à aplicação de mudanças superficiais, que componham “perfumaria”, ou seja, que não signifiquem modificações reais, concretas, que literalmente representem “virar a mesa” e modificar a cultura vigente. Reformas ou Reformulações demandam e preconizam a ideia de que paredes serão derrubadas, novos cômodos serão criados e de que o que foi concebido originalmente será reestilizado. Apesar disto, estas ações preveem também que a estrutura de apoio das edificações ou instituições em reforma ou reformulação será mantida. Com esta afirmação define-se que, em ambos os casos, não se constituem revoluções a partir de reformas ou reformulações, pois as bases do sistema são preservadas, mantidas intactas…
Outro ponto de aproximação não está explicitado no documento eletrônico contido no portal do MEC, mas é igualmente relevante, pois se refere à criação de contexto favorável às mudanças previstas e arroladas, ou seja, colocadas em discussão e execução. A Reforma Protestante, por exemplo, só consolidou-se no século XVI e não antes disto porque foi justamente neste período que surgiram elementos sociais, culturais e econômicos que a patrocinaram. A junção de variáveis – como a ascensão da burguesia, o absolutismo e o movimento renascentista que agitavam a economia, as instituições políticas e a cultura da época – foi decisiva para que também o elemento ideológico prevalente a partir da religiosidade fosse questionado e reformado (ou reformulado com o surgimento de alternativas ao poder central do Catolicismo?).
No Brasil de hoje também há uma conversão de fatores internos e externos que nos conduz a alterações em variados segmentos, entre os quais a Educação. A globalização e a crise são significativos vetores econômicos que indicam os caminhos e alternativas de futuro que se revelam a todos os países, inclusive ao Brasil. E não há perspectivas favoráveis no horizonte para aqueles que não investirem fortemente em suas escolas – da educação infantil a universidade. Este indicativo externo influencia as políticas internas – das discussões no Congresso às conversas de botequim – falando alto a todos, sem exceção porque se referem à sobrevivência do país e de cada um de seus cidadãos. Estudar significa empregabilidade, produtividade, capacidade de gerar recursos, provimento de divisas, possibilidade de novos investimentos…
Os governos (federal, estaduais e municipais) aparentemente já entenderam a mensagem. A sociedade civil também está atenta e demanda mudanças na educação. Os órgãos de comunicação acenderam a luz vermelha e já tornaram a educação pauta de suas reportagens e editoriais. As empresas privadas estão preocupadas com a qualidade da educação no país, pois temem que no futuro possam sofrer com um verdadeiro apagão da mão de obra (escassez de profissionais qualificados para realizar os trabalhos disponíveis e necessários à evolução de seus negócios). Há o risco de, até mesmo, investidores externos migrarem as aplicações nos setores produtivos que aqui fariam para países em que a educação seja de alto padrão.
Diante destas perspectivas, com a faca no pescoço, creio que todos sabem que qualquer perda de tempo quanto às necessárias e prementes reformas educacionais significará penúria, desemprego, mais gente passando necessidade, menor arrecadação para os governos, menos divisas para as empresas…
Podemos ainda destacar que as mudanças no ENEM, ao definirem como objetivos à democratização do acesso ao ensino universitário, a mobilidade acadêmica e a reestruturação do Ensino Médio no país também por isto se aproximam da Reforma Protestante, ao menos em sua essência. Se não é possível afirmar isto quanto à prática, que se revelou em certas ocasiões pouco propícias à aproximação com o conceito de democracia ou mobilidade, o paralelo é válido quando o comparamos com o que foi concebido ou pensado inicialmente pelos reformadores (exceto Henrique VIII, movido por interesses claramente pessoais que se imiscuíam as questões de estado).
E, certamente, entre os nobres propósitos explicitados quanto ao ENEM, todos valiosíssimos enquanto ideias propostas, temos que assinalar como o mais importante à reestruturação do Ensino Médio, transformado durante tantos anos apenas numa ponte cuja travessia era necessária para se chegar à universidade e desprovida de maior valor por ter se tornado apenas um agregado de saberes que permitiriam a consecução de tal travessia. Até agora o que vemos (ainda) é uma etapa decisiva da formação educacional – durante a qual se realizam trabalhos com adolescentes, em ebulição e efervescência hormonal, física, emocional e cultural – sendo utilizada apenas como repositório de informações e dados.
Voltando a ideia da ponte, seria como se passássemos os três anos no Ensino Médio a ensinar estes alunos as senhas necessárias para que eles, ao final da travessia, pudessem utilizar-se delas no momento de um “pedágio” ou cobrança equivalente para entrar na universidade sem que depois tivessem que se preocupar com tais saberes porque eles teriam se tornado desnecessários, supérfluos e pouco ou nada significativos para suas experiências posteriores.
Neste sentido, outra reforma anunciada pelo MEC, através do Conselho de Educação, anunciando reformas na estrutura do Ensino Médio, com a proposição de quatro eixos de trabalho ao redor do qual funcionarão os currículos (Trabalho, Cultura, Ciência e Tecnologia) e a ampliação da carga horária para 3 mil horas constitui importante parte do esforço de consolidação de uma nova etapa de vida para este momento da formação de nossos estudantes. Esforço este que somente tem valor quando percebido, assim como as mudanças do ENEM, enquanto parte de um conglomerado de ações (governamentais ou não) que, conjuntamente irão reformular ou reformar não apenas o Ensino Médio ou o acesso à universidade, mas a educação e, como conseguinte, a própria sociedade.
Somente assim nossos jovens deixarão de ingressar nas universidades sem os essenciais subsídios culturais, emocionais, humanitários, científicos e técnicos demandados pela sociedade para a constituição de um futuro melhor para todos e para o país. Aí sim poderíamos ter uma clara visão daquilo que surgiu com a efetivação de Reformas ou Reformulações na educação brasileira, com a escola que esperamos finalmente de pé, reconstruída, modernizada, reestilizada…
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O Novo ENEM revoluciona o Ensino Médio? – 22/09/2009
João Luís de Almeida Machado
Cuidado com o andor que o santo é de barro…
A grande mídia propaga aos ventos que o Novo Enem, Exame Nacional do Ensino Médio, criado para substituir os vestibulares e que, nos primeiros dias de outubro fará sua estréia, constitui uma revolução. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, como nos diz sábio provérbio popular. Vamos com calma, é preciso cuidado com o andor que o santo é de barro, nos ensina outro dito comum entre a população…
Revoluções por decreto não existem. A própria compreensão do termo revolução, desgastado pelo tempo, é errônea, pois não se configuram, com tais mudanças e reformas previstas com a adoção do Novo Enem, nem mesmo uma esperada virada de mesa na educação brasileira, quanto menos na sociedade, conforme preconizam os preceitos marxistas acerca de tal vocábulo…
É certo que a adoção deste novo modelo de avaliação dos saberes relativos ao Ensino Médio como elemento decisivo para o ingresso dos estudantes em universidades (públicas e particulares), com grande adesão já a partir deste ano, constitui inovação necessária, preconizada e esperada por muitos educadores, entre os quais me incluo.
Mas daí a pensar que automaticamente isto acarretará modificações estruturais nas escolas brasileiras, em especial nas redes públicas, é ir além do próprio sonho, saindo dos limites da sensatez e embarcando em autêntica utopia…
Superar a cultura estabelecida nas redes, de base conteudista e tradicionalista, exige muitas outras ações complementares, não apenas a adoção de exames de admissão às universidades com base em provas que exigem mais dos alunos. A forma de preparação destes alunos para estes exames e – em especial – para a vida, demanda a revisão de todo um modo de pensar, agir e realizar em educação que tem décadas de existência no país.
O Novo Enem cria, por certo, demandas que não existiam. Obriga as escolas a repensar suas bases. Exige dos professores uma série de posturas que antes não lhes eram regulares, comuns, peculiares. Estipula a necessidade de leitura e atualização constante por parte dos estudantes (e, em contrapartida, pelos educadores com os quais estarão trabalhando). Propõe, através de suas questões, o desenvolvimento do raciocínio, da capacidade de relacionar, da possibilidade de ir além da mera memorização de fórmulas e dados.
A interdisciplinaridade (ou ao menos a multidisciplinaridade) entra em cena. A necessidade de ir “além dos muros da escola” (título de uma excelente produção do cinema francês sobre educação, premiado em Cannes) com viagens, leituras, filmes, exposições, músicas, poesia, artes plásticas, navegação por sites com conteúdo inteligente e desafiador, entre outras ações, se torna premente e permanente…
É certo que tudo isto é grandioso se analisarmos a realidade e os problemas que envolvem o Ensino Médio público no país, sempre visto como “preparação para o vestibular”. As redes privadas, cientes do fato, já se mexem e, como é possível ler em matérias publicadas nas últimas duas semanas pelas revistas Veja e Isto é, pretendem implementar linha de ação que busque preparar o seu aluno para esta nova demanda.
Mas ainda assim, tendo esta perspectiva, muitas delas erram no alvo porque assumem esta nova “atitude” de olho nos resultados do Enem, sem ir além de forma proposital, ou seja, sem perceber que a formação ampla, crítica, cidadã, ética, multidisciplinar pretendida é que é o principal objetivo… Continuam preparando mais para uma prova – que é imediata a seus olhos e demais sentidos – do que para a vida, os relacionamentos, o trabalho, a felicidade…
Ir além da concepção vigente e entender que os saberes não são dissociados, que as áreas têm relações diretas e indiretas é outro desafio. Reunir os conhecimentos em grupos como Ciências Humanas, Matemática e Ciências da Natureza, Códigos e Linguagens (entre os quais se incluem as artes e a educação física) é mudança importante, que traz qualidade a educação. O problema é não percebermos que também entre estas áreas há canais de comunicação constantes e obrigatórios e repetirmos antigos erros isolando-as…
Isto sem contar que para aproximar e tornar regular o trabalho conjunto e cooperativo, em ligação direta, entre os professores – separados em suas “caixinhas do conhecimento” – compartimentos de saber, como dizia Paulo Freire, vai ser ainda tarefa das mais árduas…
Agora, imaginem que se as redes privadas, já conscientes da necessidade de mudança e em movimento quanto a isto, estão tentando acertar e continuam a cometer alguns erros de percurso, pensem como vai ser para as redes públicas…
A revolução do Novo Enem só tem sentido e efeito real se as alterações não se limitarem à aplicação deste novo elemento de avaliação. É preciso preparar os professores, equipar as escolas (laboratórios de ciência, bibliotecas, salas de informática, quadras…), reformular os materiais didáticos existentes, repensar e aplicar novos currículos nos cursos de licenciatura que já prevejam esta nova forma de pensar o Ensino Médio, expandir os limites da escola com a proposição de ações externas (ida a cinemas, museus, shows, exposições, mostras…)…
Entre a prova que irá ser aplicada no início do próximo mês de outubro de 2009 e uma revolução no ensino médio brasileiro há anos-luz de distância que nenhum aparato tecnológico já criado pela humanidade permite percorrer em tão curto espaço de tempo… Tal realização demanda muitos outros elementos propulsores que, se ainda parecem ficção, dependem apenas de muito trabalho, estudo, planejamento e confiança para se tornarem realidade…
Obs.: Seguem links para reportagens das revistas Veja e Isto é, que contêm dicas e informações válidas para o estudo e preparação dos estudantes resolverem o problema mais imediato que tem pela frente, a avaliação de outubro.
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Sobre o roubo da prova do ENEM – 06/10/2009
João Luís de Almeida Machado
Prejuízo considerável para o MEC e para o próprio Exame…
É, tudo no Brasil acaba (ou começa!) em Pizza… Descobrir que as pessoas que estavam tentando vender a prova do ENEM para o Jornal “O Estado de São Paulo” eram um dos seguranças da empresa contratada para produzir a prova, um DJ de clubes noturnos paulistanos e, ainda, como intermediário, o dono de uma pizzaria facilita a compreensão da fraude…
Só faltava dizer que a gráfica responsável pela impressão do ENEM era a do Senado… Aí ficaria mais fácil de entender como vazou ou ainda por que estavam pedindo 500 mil por ela (talvez por causa deste valor o ministro da educação tenha considerado os responsáveis pelo roubo amadores… deviam certamente ter pedido mais para parecerem profissionais da extorsão, como autoridades que cometem os famosos crimes do colarinho branco, nunca por merrecas assim…).
E o mais interessante é que depois de tentar negociar este documento oficial do MEC, em primeira mão, alguns dos acusados disseram que estavam na realidade querendo apenas “denunciar” o vazamento e cumprir com seu dever cívico… E por que então pediram os tais 500 mil reais?
De qualquer modo, amadores ficaram parecendo as autoridades da educação brasileira, ao perceberem que foram surrupiadas tão facilmente e, ainda, que a prova do ENEM está valendo tão pouco no mercado… Brincadeiras à parte, o caso foi muito sério e merece, certamente, apuração por parte da polícia federal. Penso que o ENEM deste ano deveria ter ficado a cargo de instituições experientes na impressão e envio de tais documentos aos seus locais de aplicação e que, primam por não terem passado por situação semelhante, como a Cesgranrio, a própria Fuvest ou a Fundação Carlos Chagas.
Foi, inclusive, nefasto para esta primeira edição “bombada” do ENEM, ou seja, para este momento específico de sua história, quando passou a ser a principal referência para a admissão na maioria das universidades brasileiras. Vi o ministro Haddad se perguntando por que só agora isso teria acontecido se o ENEM já existe há mais de 10 anos… E precisa dizer muito para explicar? O ano passado ou retrasado, se isto acontecesse, ao invés de 500 mil, o “resgate” seria de 50 ou quem sabe 5 mil no máximo…
A prova do ENEM deste ano é inovadora no sentido de propor uma reformulação grandiosa no sistema de admissão às universidades e aposentar, de vez, o vestibular “decoreba”, aquele que leva o aluno a memorizar nomes de rios, fórmulas de física, equações de matemática, datas históricas, regras gramaticais, autores de livros… E que, há tempos, é muito criticado por gente do porte de Rubem Alves, opinião de peso com a qual concordo… Os vestibulares tornaram o Ensino Médio, etapa decisiva para a formação de adolescentes, em cursinho de preparação para o vestibular e perderam no horizonte o bonde da história, ou seja, deixaram de lado a formação integral destes alunos…
Que formação integral? Aquela que se dispõe a entregar não apenas conteúdos, mas a legar conhecimentos a partir de uma construção proposta e realizada a várias mãos, em que o professor não despeja saberes, mas instiga os alunos e os levam a buscar tais frutos saborosos… Aquela que se propõe a auxiliar o aluno a compreender o mundo em que vive, se tornando cidadão ético, ativo, politizado, solidário, responsável por si e por outras pessoas, comprometido com a natureza, a cultura…
De qualquer modo, este novo ENEM, mesmo que sendo aparentemente apenas uma avaliação que dá acesso a universidades importantes, já estava causando rebuliço e reorientando as escolas privadas e as redes públicas a repensarem suas ações e a própria filosofia a ser adotada daqui para a frente para o Ensino Médio…
Este embaraço, se é que assim posso simplificá-lo, arranha a imagem do ministério, impacienta os alunos que haviam se preparado arduamente para a prova do ENEM, atrapalha o calendário de exames de admissão no vestibular de outras instituições, causa rupturas com algumas escolas (algumas universidades como a USP e a Unicamp que utilizariam o ENEM como elemento de cálculo adicional aos seus processos de admissão já estão revendo esta posição), gera desconfiança quanto ao que pode acontecer quanto às futuras avaliações e dá coro aos defensores do antigo vestibular, que ainda existem e tentam exorcizar esta nova modalidade de acesso ao 3° grau…
De qualquer forma, antes tenha ocorrido tal fato previamente à aplicação da prova do que depois, o prejuízo seria ainda maior se milhões de estudantes já tivessem feito a avaliação… Neste ponto, o ministro Haddad tem razão… E, de qualquer forma, temos que torcer para que no próximo round desta batalha tudo dê certo… Que a prova do ENEM possa, enfim, ser aplicada sem que a ninguém possa ser oferecida antes de sua aplicação, como pizza quente que saiu do forno e que os demais teriam, então, que comer fria e dura…
Obs.: Entre as questões que serviram de amostra para a reportagem do Estadão, da prova de Códigos e Linguagens, estavam duas que demonstram o quanto o trabalho que realizamos no Planeta Educação está atualizado… Uma delas era sobre a personagem Mafalda, do argentino Quino, quadrinhos clássicos dos anos 1960 e 1970, retratados por mim no artigo Toda Mafalda, na coluna Planeta Literatura… Outra era sobre o filme “Touro Indomável”, de Martin Scorsese, com Robert De Niro, obra sobre a qual ainda não tive a oportunidade de escrever, mas que demonstra que o trabalho Cinema e Educação, que pessoalmente desenvolvo há mais de 20 anos e que tornou-se coluna no Planeta e referência em meu outro blog, o Cinema de Primeira, tem real valor e pertinência…
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Professora Dá Dez Dicas para se Sair Bem em Redações do Enem e de Outros Vestibulares – 22/06/2012
Vera Lúcia Pereira dos Santos
As inscrições para a edição 2012 do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, foram recordes. De acordo com o balanço final do Ministério da Educação, mais de 6,5 milhões de pessoas se inscreveram.
E para quem está se preparando para prestar esse e outros exames, é importante dar uma atenção especial à escrita, já que a prova de redação costuma ser um dos itens com mais “peso” nas avaliações.
A Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa Vera Lúcia Pereira dos Santos, também do suporte pedagógico de Português no Ético Sistema de Ensino da Editora Saraiva, dá dez dicas para ajudá-lo a produzir um texto que seja bem-avaliado:
1. Organize as ideias antes de começar a escrever. Faça um plano, um roteiro de seu texto e siga o planejado. Partindo da situação-problema oferecida na prova, redija um material dissertativo-argumentativo, com fatos e argumentos para defender a sua opinião sobre o tema e possíveis soluções para o problema proposto.
2. Tenha cuidado com a gramática. Além de escrever de modo lógico e objetivo, é preciso saber acentuar, ficar atento à concordância verbal e nominal, conhecer os preceitos de ortografia e ter habilidade com conectivos, pronomes e verbos. É importante ainda o conhecimento da regência verbal e nominal.
3. Evite períodos longos e usar expressões como “eu acho” e “eu penso”. Torne as frases leves e curtas, sem inversão da sequência de dados e opiniões usando linguagem simples. Desde que usados adequadamente, para encerrar frases que expressam ideias diferentes, não faça economia de pontos-finais.
4. Saiba cercar-se de fontes. O estudante pode manejar uma coletânea de textos, que deve ser usada somente como referência para encaminhar seu próprio texto, mas sem transcrever frases alheias. A redação precisa ter autonomia em relação à proposta, ou seja, deve ser compreendida até por um leitor que desconhece o tema do exame.
5. Concilie tema e proposta. Seja qual for a sua opinião, defenda-a com sensatez. Leia atentamente o que é proposto, avalie os conceitos e os argumentos em contrário. Mostre que compreendeu o tema e que sabe contextualizá-lo, de forma crítica e reflexiva, em um texto em prosa que seja claro e coerente.
6. Evite fórmulas prontas. Há redatores que colecionam fórmulas mágicas e técnicas em um amontoado de efeitos que levam a um texto pífio ou sem noção de autoria. Utilize termos que sejam adequados ao seu tom e não tente usar expressões eruditas para impressionar os avaliadores. Seja simples e direto.
7. Tenha estilo próprio. É muito importante que a redação tenha um rosto, por meio do qual se vislumbre um estilo por parte do redator.
8. Enriqueça seu repertório. Manter-se atualizado e a par dos principais fatos é essencial.
9. Título e tema devem estar em sintonia. É comum desvirtuar o tema proposto quando o vestibulando coloca um título sem relação com o mote e discorre sobre outro assunto. Se houver necessidade de título, coloque-o depois de elaborar o texto, sintetizando o que foi dito ao longo da redação.
10. Utilize a norma culta prioritariamente. Fuja das abreviações do “internetês”, das marcas de oralidade como “né” e “ok” e de equívocos insistentes como “mortandela”, “rúbrica” e “perca” (em vez de “perda”).
Para finalizar, a Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa destaca que os dois maiores vilões de uma redação, em que a oralidade não deve predominar, são os modismos e os clichês.
“No primeiro, incluo expressões ou hábitos, modo de falar admitido pelo uso de uma língua, com caráter passageiro, nem sempre contrário à norma culta. Já em clichês estão as frases feitas e os vícios de linguagem, caracterizados pela durabilidade. Ambos têm em comum a repetição, o fato de empobrecer o vocabulário e denotar falta de estilo próprio. Então, devem ser evitados”, explica Vera.
Sobre o Ético Sistema de Ensino: O Ético (www.sejaetico.com.br) oferece soluções educacionais completas e assessoria integral às escolas, da educação infantil ao pré-vestibular. Além de produzir um material didático de excelente qualidade e dar apoio pedagógico por área do conhecimento aos parceiros, o sistema promove formação continuada de educadores em cursos presenciais e a distância. Tudo acompanhado pelos mais modernos recursos digitais.
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Como interpretar o “ranking das escolas” a partir do Enem -19/07/2011
Evaldo Colombini Miranda
Nos próximos dias deve ser divulgado o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010 pelo MEC. Como acontece todos os anos, a partir dessa publicação as escolas são classificadas em um ranking, que passou a ser considerado critério primordial de avaliação na hora de escolher a melhor instituição de ensino. Mas as escolas com médias mais altas são de fato as melhores?
Para responder, primeiro é necessário uma reflexão sobre o que é qualidade de ensino. Se adotarmos um único critério para a análise (melhores médias em provas como o Enem, por exemplo), corremos o risco de não considerarmos escolas cujas propostas de ensino são mais diversificadas, priorizando valores, trabalhando com turmas heterogêneas e cujas ações contribuem para a formação de indivíduos autônomos e capazes de agir positivamente em grupo.
Essas escolas podem não ser “campeãs do Enem”.
É importante verificar que tipo de escola estamos analisando. Sabemos que, quase sem exceção, as melhores colocadas no ranking são escolas excludentes, ou seja, selecionam seus alunos. Isso ocorre na admissão (através de exame de seleção) ou, ainda, durante o processo, eliminando os “menos dotados” nas séries que antecedem ao 3º ano do Ensino Médio, ocasião em que os alunos participam do Enem e dos vestibulares.
Deve-se levar em conta também que, em todas as escolas, há diferenças entres os grupos de alunos de um ano para outro, inclusive quanto ao grau de engajamento em relação às provas como o Enem e os vestibulares, o que faz a média da unidade escolar considerada sofrer variações.
É pouco conveniente também comparar escolas que inscreveram poucos alunos na prova Enem (algumas apenas 12, 15 alunos), mesmo com ótimos resultados, com outras que tiveram um número maior de estudantes participantes (50 alunos ou mais) – e que eventualmente obtiveram um desempenho menos significativo.
Há também a possibilidade de ocorrerem “aberrações”, como seria o caso, por exemplo, de alguma rede de ensino, inscrevendo os melhores alunos numa única unidade, o que, obviamente, implicaria numa “média notável” para essa unidade, generalizando-se esse resultado para toda a rede.
Como comparar escolas excludentes com outras que valorizam a diversidade? O que é mais significativo: registrar uma boa média no Enem, a partir de ações elitizantes, ou criar condições para que todos os alunos efetivamente evoluam no processo? Assim, é mais consistente verificar o que foi feito com o alunado de uma determinada escola, desde sua admissão até o final de seu processo de formação.
Essa avaliação, caso fosse feita, estaria sujeita a uma complexa teia de critérios, tais como a verificação de como o aluno ingressou no sistema, combinada com a análise do meio social e o universo familiar a que pertence, currículos, culturas escolares, saberes mais gerais e conhecimentos específicos que foram adquiridos.
É inegável a importância de se produzir indicadores de qualidade do ensino oferecido pelas nossas escolas, mas a redução de critérios pode fazer com que propostas de ensino mais ricas e diversificadas deixem de ser reconhecidas como de qualidade.
Enfim, na hora de escolher a escola de seu filho, além do resultado do Enem, deve-se verificar o projeto pedagógico, analisar a equipe docente, conhecer o espaço físico, saber da existência de recursos para o enriquecimento do processo ensino-aprendizagem, observar a conduta dos alunos e, acima de tudo, refletir se a proposta da escola atende à sua expectativa de formação em relação a seu filho.
Evaldo Colombini Miranda é consultor em educação e diretor da Educon Consultoria em Educação ([email protected]).
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Educadores Dão Dicas para Últimas Semanas de Estudos Antes do Enem – 11/10/2012
Dicas de Estudos
Falta menos de um mês para o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que será realizado nos dias 3 e 4 de novembro.
Como o tempo que ainda resta para os estudos está bem curto, deve ser bem aproveitado.
Para isso, é fundamental que o estudante conheça a estrutura do exame e das questões, aproveitando este momento para realizar as provas dos anos anteriores que estão disponíveis no site do MEC.
“O aluno poderá planejar seus estudos exercitando uma área do conhecimento por dia, deixando a segunda-feira, por exemplo, para estudar a área de Ciências da Natureza e suas tecnologias. Assim, recordará os conceitos das disciplinas de biologia, física e química”, recomenda Fabrício Vieira de Moraes, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.
O educador também destaca a importância de se reservar um dia especificamente para produzir textos, lembrando-se de verificar os critérios da redação do Enem. “Após fazer uma leitura cuidadosa do texto finalizado, um bom exercício é pedir a alguém que leia e conte o que entendeu”, indica.
Outro aspecto do exame que merece atenção especial nesta fase de preparação é o domínio das diferentes linguagens.
Isso significa que o jovem precisa saber ler e interpretar informações de diferentes formas, que podem ser apresentadas como charge, tirinha, imagem publicitária, poema, crônica, leitura de mapas, gráficos e tabelas.
“Ele também deve compreender a linguagem científica em um texto, relacionar, por exemplo, letras de músicas aos conceitos e saber construir argumentos.
Para isso, o grande segredo é LER MUITO. O aluno precisa dominar a leitura e ficar atento aos temas da atualidade”, afirma Fabrício.
Normalmente, os temas propostos nas provas do Enem estão diretamente relacionados ao universo do jovem.
Então, a principal dica para se obter um bom rendimento na avaliação é estar “ligado” em questões de atualidades que acontecem no Brasil e no mundo.
“É importante ter conhecimento geral do assunto, saber posicionar-se em relação a ele e argumentar coerentemente para convencer o leitor”, ensina Neusa Maria Araújo, suporte pedagógica de língua portuguesa do Ético Sistema de Ensino.
A educadora aposta em seis assuntos como possíveis temas da redação deste ano: A saúde no Brasil; Esporte e cidadania – Brasil como sede dos eventos esportivos; A violência e o jovem – escola, trânsito e drogas; O jovem e a tecnologia – multitarefa e invasão de privacidade; Questões energéticas – produção de energia hidrelétrica e usina de Belo Monte e Questões ambientais – Rio +20 e Código Florestal Brasileiro.
Também costumam ser bastante exploradas as expressões idiomáticas, as diferenças semânticas e a identificação de gêneros textuais.
“Normalmente, a gramática aparece diluída em perguntas de interpretação de textos. E os assuntos mais comuns são figuras de linguagem, funções de linguagem, variações linguísticas e uso adequado de conectivos e de pronomes, elementos que dão coesão aos textos”, salienta Neusa.
Já em literatura, a prova geralmente privilegia o entendimento dos estilos, o que representam autor e obra dentro do contexto histórico em que estão inseridos.
“Os autores do Modernismo são recorrentes e, neste ano, a aposta é em questões sobre o escritor Jorge Amado e o estilo regionalista. Outros autores que também podem estar presentes nas questões são José de Alencar, Millôr Fernandes e Drummond”.
E faltando pouco tempo para a prova, a principal dica da suporte pedagógica é buscar tranquilidade física e psicológica: “O estudante deve alimentar-se e dormir bem a fim de preparar-se fisicamente para a maratona que vai enfrentar. Depois, na hora da prova, é só dividir bem o tempo e fazer primeiro os conteúdos que mais domina, sempre focado no que está fazendo naquele momento”.
O Enem visa buscar indicadores da aprendizagem dos estudantes brasileiros de todo o país.
Para o aluno, o resultado individual no exame pode servir para fazer uma autoavaliação, a partir da comparação do seu desempenho com o de outros estudantes.
Assim, ele terá noção de como está preparado para enfrentar os desafios futuros. “Para quem deseja continuar os estudos no nível superior, o desempenho no exame poderá contribuir para o ingresso nas instituições de ensino superior (federais, estaduais e privadas) que aderiram ao Enem no processo seletivo”, finaliza Fabrício Vieira de Moraes, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino.
Sobre o Ético Sistema de Ensino – O Ético (www.sejaetico.com.br) oferece soluções educacionais completas e assessoria integral às escolas, da educação infantil ao pré-vestibular. Além de disponibilizar um material didático de excelente qualidade e dar apoio pedagógico por área do conhecimento aos parceiros, o sistema promove formação continuada de educadores em cursos presenciais e a distância. Tudo acompanhado pelos mais modernos recursos digitais.
Sete erros capitais a serem evitados na prova do Enem – 18/10/2012
Claudio Paris
Nosso objetivo, neste texto, é apresentar algumas dicas para se dar bem no Enem 2012.
É importante como um recurso para subsidiar alunos que se concentram no desenvolvimento de competências e, mais que isso, na aprendizagem livre de decorebas.
Conectados com a realidade, esses alunos são capazes de criar soluções para as chamadas “situação-problema”.
Além disso, alunos do Enem devem perseguir nas respostas das questões e na redação a inserção solidária na realidade, sem intolerância ou afirmações preconceituosas.
Dessa forma, não fique preso a essas dicas, estude muito e peça auxílio ao seu professor!
Então, vamos lá, lembre-se que esses são erros capitais, de “caput”, ou cabeça, pois deles advêm outras falhas e erros que comprometem sua prova:
1. Chegar atrasado: O horário da prova é 13h (horário de Brasília). Os portões fecham nesse horário, mas você deve estar no local no mínimo 1h antes.
2. Ficar preso no trânsito: Os locais de prova do Enem concentram grande número de estudantes. A chance de você ficar preso em um congestionamento é muito grande. Procure visitar o local no dia anterior, consulte um mapa e busque rotas alternativas. Tenha também cuidado ao desembarcar, obedeça à sinalização e use sempre a faixa de pedestres.
3. Esquecer os documentos: Leve sua ficha de inscrição (obtenha a sua no site http://sistemasenem2.inep.gov.br/inscricao/) e um documento de identidade com foto e guarde-os bem, de preferência em um estojo ou bolsa. Não utilize lápis, só é permitido o uso de caneta esferográfica preta de material transparente.
4. Ter pressa em ler os enunciados: Não dê ouvidos a quem te pede para “pular” o enunciado da questão e ir direto à pergunta. O Enem é uma prova para leitores competentes.
5. Não fazer a prova de redação: Muitos alegam cansaço para não a realizar ou fazem de “qualquer jeito”. Essa prova exigirá a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, normalmente com temática social, defendendo uma tese, uma opinião a respeito do tema proposto, fundada em argumentos consistentes e apresentados estruturados de forma coerente e coesa, obedecendo à norma padrão da Língua Portuguesa.
6. Preencher errado a folha de respostas: Você deve entregar a folha de respostas preenchida antes do término da prova. Deixando essa tarefa por último, as chances de erro ou nervosismo são reais.
7. Não fazer a prova toda por má gestão do tempo: A gestão do tempo no Enem é crucial. Se você for disciplinado, já tem um grande diferencial a seu favor. Se demorar muito em algumas questões, você pode usar a tática do “pega-varetas”, ou seja, comece com as mais fáceis e depois vá para as difíceis. O importante é fazer a prova toda.
Claudio Paris é licenciado em Ciências e Biologia e pós-graduado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). É também professor de colégio conveniado ao Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, músico e gestor da Nova Geração, comunidade terapêutica que assiste jovens vítimas de exclusão social e drogadição.
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ENEM 2013 – Erros e Acertos – 30/10/2012
Letícia Bechara
A data do exame se aproxima…
No próximo final de semana, os candidatos farão a prova do Enem 2013.
Há muito por trás desse teste.
De suas funções, o Enem se presta a ser uma forma de entrada nas Universidades Federais.
Mais de 70 universidades utilizam o modelo como forma de ingresso, parcial ou total.
Interessante observar que dos 5,7 milhões de alunos inscritos nesse ano, 56% já concluíram o Ensino Médio, isso quer dizer que enxergam no exame a possibilidade de ingressar no Ensino Superior gratuito e de qualidade (com o valor da taxa de inscrição quase 70% menor que das universidades estaduais – R$ 35,00/ R$ 120,00).
Penso que se o acesso à universidade pública fosse mais democratizado, o número de pessoas com nível superior no Brasil seria muito diferente.
Apenas 26,2% dos alunos inscritos irão concluir o Ensino Médio em 2012, o que pode significar que boa parte dos formandos irá optar por outras universidades que não aderem ao sistema, como a USP.
Mais de 600 mil alunos irão realizar o exame com o objetivo de conseguir a certificação de conclusão do Ensino Médio.
O que leva a crer que nosso Ensino Médio é ainda muito excludente, e que muitos se perdem no caminho e, quando se dão conta da importância da certificação, enxergam no exame a possibilidade de dar continuidade aos estudos e acessar o ensino superior.
Entre erros e acertos das últimas edições, chegamos perto do exame sem maiores ocorrências.
O ministro Aloizio Mercadante afirmou que “medidas de segurança do Enem foram reforçadas” para evitar vazamentos e problemas.
Os erros do passado serviram de experiência para o processo se tornar mais seguro e dar mais confiança aos alunos participantes.
Estes irão experimentar neste fim de semana um teste de suas habilidades e competências, reflexo do aprendizado dos três anos que frequentaram o Ensino Médio.
O momento da prova engloba outras questões também, como o preparo, concentração, técnica e controle da ansiedade. Essa combinação pode resultar em erros e acertos.
Os resultados individuais do Enem serão divulgados no dia 28 de dezembro e a partir de janeiro de 2013, os alunos poderão se inscrever para o processo de seleção unificado (SISU).
Pense no Enem como uma experiência, a primeira de muitas outras que virão ao longo da carreira profissional. E encare o momento como mais um processo de aprendizado. Some mais uma bagagem nesse percurso que está só começando!
Boa prova.
Leticia Bechara é mestre em Educação e coordenadora do Vestibular e Relacionamento da Trevisan Escola de Negócios.
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Os Processos do ENEM, PROUNI e SISU – 16/01/2013
Maria Augusta Ribeiro (Blog Belicosa)
Conhecido pelos estudantes, o ENEM é o Exame Nacional do Ensino Médio, que avalia o desempenho do aluno ao fim do ano.
Esse exame proporciona aos estudantes a chance de pleitear uma vaga em universidades federais e particulares sem a necessidade de fazer o vestibular.
Para isso ocorrer, a nota obtida no ENEM deverá ter uma boa pontuação no SISU, que é o sistema unificado de seleção, o qual direciona os candidatos às vagas nas instituições públicas de ensino superior, com base na nota obtida no ENEM.
Outra forma de se ingressar nas universidades privadas utilizando a nota do ENEM é pela seleção do SISU através do PROUNI, que, por sua vez, oferece bolsas estudantis a brasileiros sem diploma superior.
Para se inscrever no programa, o estudante deverá ter renda familiar de menos de 3 salários mínimos e ter feito o ensino médio em escola pública e, no caso de escola particular, ele terá que ter estudado como bolsista.
Além desses requisitos, o aluno também terá que ter obtido pontuação maior que 400 pontos no ENEM.
A controvérsia de tantas regras e siglas é pela forma pouco ágil e ineficiente que o Governo libera as notas do ENEM para o sistema do SISU.
Essa lentidão impossibilita que estudantes que não serão consagrados com a vaga em instituições públicas percam o período de inscrições no PROUNI, desfavorecendo mais uma vez a educação no país.
Além disso, o cancelamento de provas por vazamento de dados, a demora na entrega dos resultados, a falta de transparência na correção das redações e, ainda, os prazos desconexos são fatores que não favorecem o ingresso do aluno na faculdade.
A ideia é louvável, mas a celeridade e os padrões que o Ministério da Educação estabelece para o SISU, ENEM e Prouni é lamentável.
Maria Augusta Ribeiro é Consultora de Comunicação Corporativa; Formada em Comércio Exterior e Direito pela Universidade de Cuiabá; Especializada em Business Consulting pela Universal Class Tm; Proprietária do Blog “Belicosa” (http://belicosa.com.br).
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O problema não é o tema – 23/01/2015
Wanda Camargo
O número expressivo de candidatos que não recebeu nota na Redação da prova do Enem 2014, mais de quinhentos mil, quase dez por cento do total de inscritos, surpreendeu e assustou todos os brasileiros interessados em educação e no futuro do país.
O presidente do INEP declarou candidamente “Estou comparando duas coisas que não são completamente comparáveis. Temos um tema diferente em dois anos diferentes.” Já o ministro da Educação afirmou “Eu arriscaria uma tese: o tema de 2013 foi lei seca. Essa questão foi muito debatida, discutida. O tema da publicidade infantil (no ano passado) não teve um grande processo de discussão como o outro.”
Tanto a comparação de um quanto a tese de outro não se sustentam; pelo menos dentro da concepção clássica do que seja um processo de avaliação. Avaliar não é, ou pelo menos não deve ser, uma atividade destinada a dificultar ou facilitar a vida do avaliado, serve para aferir seu conhecimento, competência, formação, capacidade, qualificação, e toda qualidade que possa ser necessária para algum fim.
No caso específico do Enem a finalidade é das mais nobres: obter dados de qualidade, em quantidade suficiente, para que se possa fazer um mapeamento consistente das condições do ensino médio no país, algo indispensável para a sua melhoria. Além disso, a classificação obtida no Enem é item indispensável para a obtenção das bolsas de programas federais como Prouni e Fies; e também do programa Ciência Sem Fronteiras, que abre para os estudantes possibilidades de internacionalização, experiência de vida sem os familiares e em outros idiomas, muito significativa para o amadurecimento, e melhoria da preparação profissional. O exame tem razoável confiabilidade para ser utilizado como único processo de seleção de candidatos a inúmeras instituições de educação superior, públicas e privadas.
Se houvesse a necessidade de realizar uma única prova para aferir as condições de um candidato em qualquer processo seletivo não estritamente técnico, a imensa maioria dos professores certamente optaria por uma redação.
O tema da redação deve, sim, ser um pouco inesperado, afinal, o que está em avaliação é a capacidade de ler e escrever. Efetuar a leitura cuidadosa dos textos de apoio e o enunciado da questão, entender, interpretar, efetivar o solicitado: escrever, com clareza, lógica e coerência um texto sobre o proposto, e com razoável respeito às normas cultas da Língua Portuguesa. Nas provas de redação do Enem, sempre são fornecidas informações suficientes para que isso seja realizado; o que se procura impedir, ao fugir dos temas mais previsíveis, é a ocorrência de redações “pré-fabricadas”, escritas em grupo ou copiadas, e meramente transcritas na prova, evitando a simples memorização.
Se houvesse a necessidade de realizar uma única prova para aferir as condições de um candidato em qualquer processo seletivo não estritamente técnico, a imensa maioria dos professores certamente optaria por uma redação. O pedido da realização de um texto argumentativo, com enunciado bem formulado, e que guarde relação estreita com a finalidade do concurso a que se refere, é quase definitivo para verificar as condições de um aspirante.
E, fora da área acadêmica, há reclamações de que os candidatos a empregos têm grande dificuldade para ler manuais simples, e para escrever textos minimamente inteligíveis. Não há políticas inclusivas que resolvam esta questão, a justiça social consiste em dar o máximo de oportunidades para que as pessoas superem suas condições de partida e melhorem de vida, e isso não se conseguirá aceitando padrões intelectuais e culturais cada vez mais baixos. O hábito de leitura é essencial, pessoas que leem adquirem capacidade de interpretação e expressão, compreendem o contexto do mundo em que vivem e fazem boas redações sobre qualquer tema.
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Se organize para o Enem – 30/06/2015
Taís Cristina Soares
Daqui a quatro meses acontece o maior Exame Nacional, o Enem. Dentre milhões de pessoas que passam árduos meses estudando para ir bem no exame, o esforço poderá ser retribuído com uma boa pontuação. Meu nome é Taís, tenho 17 anos, estou estudando para o vestibular em Comunicação Social e vou competir com mais de 8,4 milhões de pessoas inscritas e, com tanta concorrência, temos que nos preparar para “a lá dois dias de prova e 180 QUESTÕES!” Jogando a procrastinação de lado, listei algumas dicas de organização do tempo para estudar e mandar bem no Enem 2015 que tenho colocado em prática.
Entrar no Site do INEP e pesquisar os conteúdos da prova. É essencial ter uma base para direcionar os estudos e ter conhecimento do que o exame aborda, no site do INEP mostra tudo explicadinho sobre os temas que estarão presentes no temido Enem. Acesse aqui o site do INEP.
Outra coisa que faço e ajuda bastante é montar o cronograma de estudos, o Enem aplica avaliações muito diferentes das exigidas em vestibulares, ele é dividido em 4 provas de 45 questões cada e uma redação. Ele tornou-se mais importante desde que faculdades e universidades passaram a usar a prova como vestibular ou como parte dele. Confira aqui algumas faculdades que utilizam o Enem como critério de avaliação.
Escolher o local de estudo é primordial na concentração, o ideal é estudar em ambientes que estimulem os estudos, como bibliotecas, salas de estudos ou ambientes organizados. É importante também o local não ter interferências externas, por isso, muitas vezes ficar em casa pode atrapalhar, como no caso de sua mãe ser uma cantora amadora ou ter uma construção ao lado de casa; nessas situações procure ficar na escola, no cursinho ou em alguma biblioteca, para garantir a concentração. Mas tudo isso sem ficar dando aquela olhada nas redes sociais toda hora. Hora de estudar é hora de estudar!
Como disse, estudo para o vestibular de Comunicação Social e é claro, exatas não é minha praia! Sendo assim,determinar um tempo para cada matéria é ideal (segundo pesquisas e vivencias) para não passar duas horas estudando gramática e dois minutos Pitágoras. Procuro estudar em dois ou três períodos de 2 horas no decorrer do dia. Mais do que isso pode levar a uma fadiga mental e ataque fumegante de preguiça aguda!
Montar uma tabela deixa os estudos direcionados e organizados. Marque em cada dia as disciplinas que irá estudar e, conforme o estudo vá detalhando os conteúdos ou as metas na tabela. Assim, conseguirá controlar o que estudou, o que precisa ser estudado, revisado e etc. Veja aqui alguns exemplos de tabelas e calendários de estudos.
Procuro intercalar minhas matérias preferidas com as que não gosto. Evito, por exemplo, estudar Matemática e Física em seguida, já que as duas exigem cálculos. Dividir o tempo entre matérias é uma boa dica para estudar aquilo que não gosta tanto. Claro que um estudante que pensa em direito, por exemplo, pode dar mais ênfase para as disciplinas de ciências humanas. Mas terá que reservar algumas horas da semana para aquelas contas malucas de química.
Como eu, estudantes tem o péssimo habito de priorizar o estudo apenas das matérias que gostam, e elas geralmente são as que temos mais habilidades. Dê atenção às matérias no qual não gosta! Não se pode esquecer que o Enem é diferente dos vestibulares: candidatos com o mesmo número de respostas certas podem ter resultados finais diferentes. O objetivo desse modelo é permitir que provas com níveis de dificuldades diferentes possam ser comparadas.
Dentro de cada prova do Enem foram estabelecidas escalas de proficiência. Essas escalas consideram que cada conhecimento adquirido é necessário para avançar naquela área. Ou seja, para aprender o conteúdo B é necessário conhecer o conteúdo A, e para aprender o conteúdo C é necessário ter aprendido o B. A coerência é um sinal de que aquele conhecimento é sólido e que o acerto não foi apenas um “chute”.
Anote em sua tabela cada tarefa realizada. O que não foi feito no período determinado deve ser realizado em um horário extra na próxima semana. Controlar os estudos é útil para deixar períodos livres para eventuais reposições, mas evitando sempre adiar as tarefas. Segundo Martha Vergine, professora e autora do Blog Eu Estudo, de A Tribuna On-line, afirma que o ritmo de aprendizado não deve ser intensificado nesta reta final: “Esse período é de revisão, e não de aprender novas coisas. Tudo o que o aluno tinha que ter estudado, ele já estudou. Ele deve revisar as matérias que caem com mais frequência e pontos que acham mais importantes para manter fresco na mente o que aprendeu, mas em baixa intensidade. Se ele nunca estudou e nem se preparou com cuidado, não vai ser o estudo da véspera que vai resolver”.
Relaxe! Mas nem tanto… O foco é caminho para quem quer ir bem no exame, relaxe, mas tenham em mente seus objetivos e metas. Em horários de estudo, deixe o celular e as redes sociais de lado, isso otimizará seu tempo e vai te ajudar a manter o foco. Procure buscar o equilíbrio entre o descanso e os estudos.
“A vida é melhor para aqueles para quem fazem o possível para terem o melhor.” John Wooden.
Personagens do Enem – 23/07/2015
Taís Cristina Soares
Fazendo e refazendo o simulado do Exame Enem, percebi, como muitos já perceberam, que ele “exige” o conhecimento de alguns personagens como: O neguinho de Prudêncio, Pedro Bala, Zé Fernandes e outros. Ficou boiando? Se pensou nos personagens “dos livros de leitura obrigatória” para o Enem, pensou certo, estudante! Dentre muitos livros o Enem, aborda muitas questões sobre situações e personagens deles. Por este motivo, fiz uma lista de livros que você, eu e todos aqueles que vão prestar o exame precisam ler. Já!
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Essa história tem de tudo, um narrador, que depois de morto, resolve narrar sua história, expondo os privilégios da elite da época. A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais.
A juventude do protagonista é marcada por gastos com uma prostituta de luxo, chamada Marcela. A obra não deixa em evidência, em nenhum momento, a caracterização nesses termos. Machado de Assis utiliza a ironia e o eufemismo para que o leitor capte o significado. Faça o download aqui
Capitães de Areia
Romance narrado em terceira pessoa retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua. O livro procura mostrar não apenas os assaltos e as atitudes violentas dos meninos, mas também as brincadeiras e os pensamentos ingênuos, comuns a qualquer criança.
Conta a vida de um grupo de menores abandonados que vivem nas ruas de Salvador. O chefe do grupo é um jovem chamado Pedro Bala, um menino que tinha ido para a rua por volta dos cinco anos de idade e desde jovem já se mostrava corajoso e o mais capacitado a se tornar o líder das crianças.
Em certo momento da narrativa, a varíola passa a assustar os moradores da cidade. Um dos meninos do grupo contrai a doença e é internado. Nessa altura, surge Dora e Zé Fuinha, cuja mãe também morreu por causa da varíola, e eles passam a integrar o bando. No início alguns jovens tentaram se relacionar com Dora, mas são impedidos por Pedro Bala, Professor e João Grande, outros integrantes do grupo. Porém, Dora e Pedro Bala passam a ter certo envolvimento amoroso. Faça o download aqui
Memórias de um Sargento de Milícias
Escrito no período do romantismo, Memórias de Um Sargento de Milícias retrata a vida no Rio de Janeiro no início do século XIX e desenvolve pela primeira vez na literatura nacional a figura do malandro.
“Filho de uma pisadela e de um beliscão” o pequeno Leonardo é uma criança intratável, que parece prever as dificuldades que irá enfrentar. E não são poucas: abandonado pela mãe, que foge para Portugal com um capitão de navio, é igualmente abandonado pelo pai, mas encontra no padrinho seu protetor. Faça o download aqui
Vidas secas
Romance publicado que retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista.
O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, “Mudança”, e o último, “Fuga”, devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. “Mudança” narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em “Fuga” os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Faça o download aqui
A cidade e as serras
O narrador Zé Fernandes pretende demonstrar ao leitor a tese segundo a qual a vida no campo é superior à vida urbana. Para comprová-la, relata a trajetória de seu amigo Jacinto. Herdeiro de grande fortuna obtida através da exploração de propriedades agrícolas de Portugal, Jacinto nasceu em Paris e adorava a cidade. Segundo ele, a capital francesa era o exemplo perfeito de civilização, o único espaço em que o ser humano poderia ser plenamente feliz. Chegou a criar uma fórmula que mostrava que a “Suma Ciência” (tecnologia e erudição) multiplicada a “Suma Potência” (capacidade humana), conduzia à “Suma Felicidade”. Faça o download aqui
O cortiço
O romance segue claramente duas linhas mestras em seu enredo, cada uma delas girando em torno de um imigrante português. De um lado temos João Romão, o dono do cortiço, do outro Jerônimo, trabalhador braçal que se emprega como gerente da pedreira que pertence ao primeiro.
João Romão enriquece a custa de sua obsessão pelo trabalho de comerciante, mas também por intermédio de meios ilícitos, como os roubos que pratica em sua venda e a exploração da amante Bertoleza, a quem engana com uma falsa carta de alforria. Faça o download aqui
E aí, preparado para a aventura que vai de Salvador à França e envolve ganância, assassinatos e amores?
Vale lembrar que quem irá prestar outros vestibulares é indicado pesquisar qual é a lista de livros que as universidades exigem.
Então arrume um lugar calmo e vá ler, porque já dizia Monteiro Lobato: “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê.”
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ENEM 2014: Publicação dos resultados mostra domínio das escolas privadas na lista das melhores do Brasil – 28/08/2015
João Luís de Almeida Machado
A divulgação pelo INEP dos resultados do ENEM 2014 neste mês de agosto de 2015, baseado em levantamento feito em mais de 15 mil escolas e quase 3 milhões de alunos, confirmam novamente o predomínio de escolas particulares na lista das melhores do país. Nenhuma novidade então no que tange a pátria educadora, ou seja, constatar que as redes de ensino públicas precisam melhorar muito para que, em algum momento, se equiparem aos colégios privados.
Os dados, no entanto, vão além e nos permitem, por exemplo, saber que a diferença de notas entre os alunos das redes privada e pública em todo o território nacional tem uma variação de 14% a mais para os estudantes que frequentam os bancos escolares de escolas particulares.
Esta diferença significa, aparentemente, que o salto a ser dado pelas redes públicas de ensino é menor do que aquele que esperava.
Revela, no entanto, além desta diferença reduzida, que a média das escolas privadas, em que pese o investimento das famílias, é mais baixa do que deveria ser. Gastar dinheiro duas vezes com educação num país como o Brasil, investimento este que, segundo especialistas, equivale a mercado que está próximo de 10 milhões de alunos matriculados, teria que ter uma reversão muito mais favorável para tais educandos.
A escola particular garante algum benefício para tais alunos, mas muitas vezes o retorno é reduzido, sendo possível percebê-lo, por exemplo, no fato de que nestas escolas e respectivas redes, há aulas todos os dias, com poucas faltas de professores e sem greves; outro benefício imediato está relacionado as instalações, ao acesso a recursos, a disponibilidade de apoio aos estudos, atendimento aos pais e responsáveis, maior segurança ou uso mais frequente de tecnologias associadas as metodologias aplicadas.
É claro que isso, por si, ajuda a entender a distância existente, mas entre as melhores escolas, não é só este aparato oferecido no tocante a recursos materiais e humanos que faz a diferença. O melhor rendimento está associado, na maior parte dos casos, a uma retaguarda e participação mais intensa das famílias e ao subsídio cultural, com o acesso à leitura, filmes, viagens, exposições e outros elementos que enriquecem os alunos e lhes permitem maior participação, melhor escrita, clareza em sua argumentação, exemplos para compor suas produções nas escolas…
A divulgação dos resultados demonstrou também que o estado de São Paulo possui a maior quantidade de escolas entre as 100 melhores do país. É fácil associar isso ao fato de que os paulistas têm a economia mais pujante entre todos os estados e territórios do Brasil. Não é possível, porém, reduzir ao quesito econômico este predomínio deste estado nesta lista. Deve-se adicionar o fato de que em cidades do interior ou na capital há uma competição árdua por parte das escolas para garantir e fidelizar sua clientela. Há mais concorrentes e para participar na disputa pelos primeiros lugares é preciso ter excelência no corpo docente, dotar as unidades com o máximo de recursos de ponta, ter acompanhamento por parte de equipe de apoio pedagógico como orientação educacional, oferecer aulas de apoio no contra turno, disponibilizar os melhores recursos de tecnologia como base do trabalho educacional, trabalhar com metodologias modernas…
Adicione a isso o fato de que os pais são extremamente exigentes quanto mais informados forem e que isso tende a acontecer em áreas mais densamente povoadas e urbanizadas em que o rendimento per capita seja mais alto. A cidade de São José dos Campos, por exemplo, tem 2 escolas entre as 100 melhores do país, uma delas, o Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, é fruto da ação da Embraer, empresa localizada no município, que subsidia a escola em projeto de natureza social que beneficia os melhores alunos das escolas públicas da região do Vale do Paraíba paulista. A escola promove um concorrido vestibulinho de acesso que lhe permite ter os melhores alunos oriundos do ensino fundamental II numa rica e industrializada região do interior de São Paulo. Na outra ponta, no mesmo município, o Colégio Poliedro, com sistema de ensino próprio, tem resultados expressivos a partir de um projeto que trabalha com clientela mais heterogênea de forma a consolidar entre seus alunos a consciência, a responsabilidade e a dedicação, ou seja, a disciplina e o foco, para que seus resultados sejam sempre os melhores. Além disso, tem corpo docente selecionadíssimo e uma intensidade de estudos e tarefas avassaladores que levam seus alunos a resultados expressivos no ENEM, na Fuvest, na Unicamp, no ITA e nos exames mais difíceis do pais.
Os resultados publicados pelo ENEM revelaram também, como apresentado no artigo “Escolas que ‘não existem’ representam 80% dos primeiros lugares no ENEM”, que para garantir maior exposição de sua marca, vendendo para maior quantidade de usuários a ideia de qualidade de seus sistemas de ensino, algumas redes de ensino criam escolas dentro de suas escolas, ou seja, atuam com um CNPJ adicional através do qual separam seus melhores alunos para que estes lhes garantam lugar entre as 10 melhores unidades educacionais do país.
Isso não é ilegal mas é, certamente, atitude reprovável pois não apresenta os resultados reais de tais escolas ao separar o joio do trigo, discriminando seus alunos e estabelecendo que para a própria escola deve haver um tratamento diferenciado. Falseia os dados do ranking para que benefícios financeiros possam ser colhidos ao final dos processos com mais matrículas sendo efetivadas.
Outro dado muito expressivo em relação ao ENEM 2014 refere-se ao fato de que apenas 93 escolas públicas estão entre as 1000 melhores do país. Este índice é melhor que o de 2013, quando apenas 78 escolas públicas figuravam nesta relação, mas ainda assim, representa menos de 10% do total auferido nesta relação das 1000 escolas com melhor desempenho em todo o país.
No que tange aos conteúdos há melhoras em todas as áreas do conhecimento, ainda que não sejam muito expressivas. Matemática, no entanto, teve resultados piores que na edição de 2013 do ENEM, passando de 514 no ano anterior a atual edição para 476 pontos no último levantamento. Em Linguagem e Códigos o rendimento médio cresceu 20 pontos, passando de 508 para 528. Em Ciências da Natureza, o salto foi de 15 pontos, passando para 507. Na área de Ciências Humanas, a melhoria no desempenho foi de 28 pontos, atingindo os 484 pontos.
Novos dados, a partir da análise dos microdados que estão em mãos do INEP serão divulgados nas próximas semanas ou meses, de qualquer modo, as informações apresentadas são reveladoras, acima de tudo, do quanto precisamos evoluir, em especial na educação pública, para que o país possa atingir níveis mínimos de qualidade em educação.
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Cine Enem – 09/09/2015
Taís Cristina Soares
Todos nós sabemos como é difícil estudar em dias frios, de chuva, quando o sofá e a Netflix nos chamam… E como sabemos!
E se pudéssemos conciliar os estudos com um bom filme? Isso é possível! E o melhor, nos ajudará no ENEM. Isso mesmo: sofá, pipoca e filme combinam com uma boa nota no Enem!
Sendo assim, listei filmes que retratam “guerras” e “épocas”, assuntos esses, que exigem conhecimento no momento da prova.
Então vamos lá, preparem-se para anotar os temas!
Olga – Sua vida renderia uma das mais conhecidas biografias já escritas no Brasil. A cinebiografia da judia alemã Olga Benário foi dirigida por Jayme Monjardim.
Com 18 anos, Olga já militava no Partido Comunista alemão. Aos 20, resgatou incrivelmente o namorado da prisão. Aos 27, falava quatro idiomas, sabia pilotar aviões e saltar de paraquedas e era exímia amazona. Em 1931, na Rússia, conheceu Luís Carlos Prestes, com quem viria ao Brasil para tentar derrubar Getúlio Vargas do poder. A chamada “Intentona Comunista” deu errado, e o casal acabou preso em 1936. Eles nunca mais se viram: Olga foi deportada para a Alemanha nazista. Quando foi presa pela polícia política de Getúlio Vargas, Olga estava grávida.
A lista de Schindler – Um filme inesquecível. A longa de Steven Spielberg fala sobre nazismo e holocausto. Conta à história de Oskar Schindler, um empresário alemão que ajudou a salvar as vidas de mais de mil judeus ao dar emprego para eles numa fábrica, durante a Segunda Guerra Mundial.
Lincoln – O filme relata o interesse do ex-presidente americano Abraham Lincoln de aprovar a emenda constitucional de abolição da escravidão na câmara; além das tensões entre republicanos e democratas para a aprovação da emenda. A narrativa é uma excelente oportunidade para nós, estudantes do Enem entendermos também a Guerra Civil Americana, que ocorreu entre 1861 e 1865.
Tempos Modernos – Produzido por Charles Chaplin, o filme é uma crítica ao Fordismo e também à alienação dos operários. O filme nos mostra as relações de trabalho do início do século XX, em que os homens eram vistos como peças de máquinas, de acordo com a crítica de Chaplin.
Central do Brasil – Apesar de ter sido tema da redação de 2012 do Enem, migração é um assunto que pode voltar à prova. Por isso, vale a pena conferir Central do Brasil, longa que narra o destino de Dora e Josué. A senhora atravessa o país junto ao menino para tentar encontrar seu pai. Durante a viagem, os dois enfrentam obstáculos e lidam com a realidade dos que migram em busca de melhores condições.
Faroeste Caboclo – Outro filme que explica as relações de migração. É baseado na canção de Renato Russo, Faroeste Caboclo conta a historia de João do Santo Cristo, que após o assassinato de seu pai, deixa Salvador em busca de uma vida melhor e parte para Brasília. Encontra lá seu primo Pablo, um Boliviano traficante, no qual começou a trabalhar junto. Em Brasília, ele conhece Maria Lúcia, por quem se apaixona e planeja um futuro melhor, mas seu envolvimento com o tráfico de drogas pode colocar tudo a perder, também praticado por Jeremias que viria a se tornar seu grande rival.
Os Miseráveis – O filme se passa durante a Revolução Francesa, no século XIX, um dos mais delicados momentos da história contemporânea. Entre a Batalha de Waterloo e os motins de junho de 1832 – quando a população francesa era devastada pela cólera – a obra narra a história de Jean Valjean, que rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e é preso por isso. Depois de cumprir pena em regime fechado, Jean é posto em liberdade condicional e tenta retomar sua vida.
Lutero – Se a ideia for entender a Reforma Protestante, o Lutero é a melhor opção. A sequência narra a vida do religioso e reformador alemão Martinho Lutero, figura central do movimento protestante. Lutero foi o responsável por condenar o tráfico de indulgências na Igreja e criar as 95 Teses.
O menino do pijama listrado – O filme se passa no inicio da segunda guerra mundial a Alemanha estava em conflito com os judeus, uma família alemã que morava em Berlim teve que se mudar para uma casa perto do campo de concentração, onde o Ralf pai de Bruno trabalhava como militar, seu filho Bruno fez amizade com um judeu chamado Samuel onde aprendeu o significado da amizade. Bruno prometeu a Samuel que o ajudaria a procura seu pai que havia sumido, após sair para um trabalho e não mais voltar. No dia em que resolveu fugir para ajudar Samuel a procurar seu pai, se vestiu como as outras crianças e cavou um buraco passando para dentro do campo de concentração. La dentro junto com Samuel foi a sua cabana a procura do pai, porém antes que conseguissem sair do campo de concentração foi levado junto com os judeus para a câmera de gás.
Agora é só escolher qual assistirá primeiro!
Se prepare para rir, chorar, se emocionar e ainda aprender com tudo isso!
Bom filme!
Vídeos para quem quer estudar e passar no ENEM – 21/09/2015
João Luís de Almeida Machado
Fundação Lemann e YouTube EDU lançam aplicativo que disponibiliza playlists com vídeos curados para alunos que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
O Exame Nacional do Ensino Médio está chegando e nesta reta final é hora de revisar conteúdos e ficar muito bem preparado para a edição deste ano da prova mais concorrida para se ingressar nas melhores universidades públicas do Brasil.
As melhores escolas, é claro, disponibilizam plantões, oferecem listas adicionais de exercícios e realizam simulados internos que replicam o modelo do ENEM para seus alunos.
Nem todas as redes ou escolas, no entanto, tem estas ferramentas a seu alcance, em especial as unidades de ensino públicas. Pensando neste público, em 2013 o YouTube lançou um canal de vídeos educativos curados pela Fundação Lemann, ou seja, validados quanto ao seu conteúdo com o apoio de especialistas da Unicamp e do Poliedro, o YouTube EDU, que, desde o início foi um sucesso e atingiu a meta de oferecer conteúdo variado, de qualidade, atendendo as áreas do conhecimento avaliadas no ENEM e nos principais vestibulares com o intuito claro de auxiliar a todos os alunos do país, em especial, aos estudantes das redes públicas de ensino.
Neste canal é possível encontrar desde aulas convencionais, com 40 ou 50 minutos de duração até as pílulas, ou seja, com tempo de duração médio de 6 a 8 minutos, para atender os alunos conforme sua preferência.
Há também, desde professores mais descolados e engraçados até os mais sérios, o importante é que seja quem for o docente, nenhum deles perde tempo durante suas explanações para consolidar os conhecimentos trabalhados em suas videoaulas.
O portal disponibiliza suas aulas dividido por matérias, por isso mesmo, ao entrar no ambiente, os alunos e professores interessados em conhecer e utilizar tais vídeos educativos encontra o que for sua prioridade, das exatas as biológicas sem se esquecer das humanas e dos códigos e linguagens.
Em 2014 novas matérias passaram a ser avaliadas e materiais para o Ensino Fundamental II também foram incorporados para atender a este público de educandos e educadores igualmente ávidos por bons materiais de apoio.
A partir de setembro de 2015 a Fundação Lemann trouxe a público, tendo em vista os dados que comprovam ser os dispositivos móveis, como tablets e especialmente smartphones, a versão mobile do site para que os alunos possam conferir playlists nas quais vários são encontrados vários vídeos indicados no site do YouTube EDU.
O grande ganho, sem qualquer sombra de dúvida, é que o fato de ser um aplicativo permite aos usuários que tenham acesso as videoaulas em qualquer lugar em que tenham acesso à internet via Wifi ou redes 3G/4G.
Deste modo os pretendentes as vagas do ENEM ganham um forte aliado que lhes permitirá estudar e aprofundar os conhecimentos, por exemplo, no ônibus a caminho da escola ou de casa, no intervalo entre aulas ou quando for mais conveniente para sua preparação para este e outros exames de admissão para o ensino superior.
A organização dos vídeos em playlists utiliza um modelo conhecido dos estudantes pois replica uma lógica que estes já conhecem a partir de canais de vídeos ou de músicas que acessam em seus smartphones ou tablets.
A linguagem utilizada no EDU.app é igualmente diferenciada e apropriada a esta geração de estudantes nativos digitais o que o torna ainda mais atraente.
Ficou interessado? Então entre no Google Play (o app está disponível somente para dispositivos que utilizam o sistema Android) e baixe o aplicativo clicando aqui.
Bons estudos e boa prova do ENEM!
No pain no gain – Refazendo as provas + Simulado Enem – 25/09/2015
Taís Cristina Soares
Com a data do Enem cada vez mais próxima, a dica que professores e plataformas de estudos online mais recomendam é refazer as provas anteriores para se acostumar com o estilo das questões, verificar tempo gasto para cada prova e cronometrar tempo de leitura de textos e compreensão da questão. Em busca de provas paradownload, notei que a grande maioria dos sites que disponibilizam as provas, já apresentam a resposta assinalada, o que dificulta muito o estudo.
Depois de muitas pesquisas encontrei o Info Enem, o site além de disponibilizar as provas sem questões assinaladas, relata notícias sobre outros editais e provas de vestibulares, é muito legal! Mas para aqueles que gostam de ter comparativos de resposta, já com a questão assinalada, temos muitos sites que disponibilizam provas de 2009 a 2014: o Portal Inep, o Site Guia do Estudante entre outros. Encontramos todas as provas de todos os dias.
Outra coisa que faço sempre e ajuda muito nos estudos são simulados Enem, cada plataforma que disponibiliza o simulado tem sua particularidade. O site Brasil Escola disponibiliza o simulado de acordo com os segmentos: Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; entre todos os segmentos da Prova Enem. Já o site Último Segundo disponibiliza o simulado em pacotes com questões variadas. O siteDescomplica, famoso por sua gama de informações, aulas e exercícios disponibilizados, é um site pago. Porém, no período do dia 26 e 27 de setembro estará disponibilizando o simulado gratuitamente no site.
Ah, não se esqueçam de ler o edital do Enem, lá tem tudo explicadinho, como horário de abertura dos portões, estrutura do exame, orientações para a realização da prova, etc.
Bons estudos!
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Fazendo a prova do ENEM: Como proceder? – 01/10/2015
João Luís de Almeida Machado
No dia das provas do ENEM o estudante deve se organizar para que a resolução das questões ocorra de forma a lhe proporcionar o melhor resultado possível. Há, no entanto, por parte dos inscritos, dúvidas quanto a melhor forma de assim proceder. Vamos então a algumas sugestões importantes para que o rendimento e a nota sejam os melhores possíveis:
– Para início de conversa é preciso que o participante tenha uma semana tranquila, sem estresse nos dias que antecedem o exame. O que foi possível estudar ao longo do ano letivo já deve estar consolidado neste momento. Não é possível nestes minutos finais do jogo querer resolver todas as dificuldades ou dúvidas ainda pendentes. Por isso, faça como os melhores atletas nas semanas que antecedem as mais importantes competições, ou seja, treine de forma mais moderada para não estourar sua musculatura, neste caso, seu cérebro. Estude sim, mas num ritmo mais tranquilo e cadenciado. Alterne seus estudos com atividades que o façam feliz. Se gosta de pedalar, vá dar umas voltas com sua bike. Se seu negócio é cinema, procure bons filmes para assistir em casa ou vá a sala de projeção mais próxima. Saia com os amigos, bata papo com eles. E não se esqueça de dormir e se alimentar bem para que seu corpo e mente estejam no ponto para o compromisso importante que terá pela frente.
– No dia da prova deixe tudo preparado com antecedência, ou seja, separe os materiais que terá que levar para realizar a prova do ENEM, programe sua refeição para um horário que lhe permita sair de casa com tempo suficiente para não chegar correndo ao local do exame, se alimente de forma leve para que durante a prova não se sinta mal, leve água e alimentos saudáveis com você para consumir nas horas que terá pela frente. Fazer estas coisas de última hora leva seus nervos a altura o que, certamente, não será nada bom para a realização do ENEM ou de qualquer vestibular.
– Chegando antes no local do exame se informe em que sala irá fazer a prova e nada de se preocupar com os outros. Há muitos casos de estudantes que ficam impressionados com a concorrência, seja pela quantidade de pessoas que irão fazer a prova, seja pela aparente qualidade de alguns destes competidores nesta disputa tão intensa. Fique na sua. Tenha sua mente tranquila e foque no seu desempenho, ciente de suas melhores qualidades e também dos seus pontos mais fracos.
– Entrou na sala para fazer a prova? É hora então de pensar na estratégia de resolução das questões e isso é deveras importante! Não perca tempo em questões em relação as quais têm dúvidas. Faça primeiro todas aquelas que você está certo quanto a elaboração das resoluções. Garanta primeiramente os “gols” certos que estão diante de você. Deixe para gastar algum tempo com as perguntas mais complicadas numa segunda rodada. Só de assim proceder você já estará ganhando pontos e, ao mesmo tempo, poupando tempo.
– Terminou a resolução daquelas questões que considerou mais fáceis? Entre no segundo round de olhos nas difíceis mas tenha sempre em mente que há diferentes níveis de complexidade, ou seja, há aquelas que você realmente não sabe e aquelas mais trabalhosas. Faça o caminho pela segunda vez de olho nas trabalhosas, que demandam um pouco mais de tempo mas que, ainda assim, são passíveis de solução tendo em vista que você compreende os enunciados e tem ideia quanto ao raciocínio envolvido para a solução das mesmas.
– No final, nas questões em que você não parece saber a solução, analise as respostas tendo em vista que no processo de confecção das alternativas há sempre 2 (ou no máximo 3) muito próximas que são aquelas em que, provavelmente encontra-se a alternativa correta. Se ainda tiver tempo, foco nelas e boa sorte.
– E no dia da redação? O que fazer? A estratégia vai variar muito de pessoa para pessoa. Se escrever é para você algo tranquilo, em relação a que você tem domínio de regras e caminhos a seguir quanto a estrutura geral, seja no aspecto da lógica e argumentação, seja nas questões da gramática, analise se deve encarar logo de início ou se prefere resolver as questões propostas primeiro. No caso de pessoas que tem dificuldade, é importante, tendo em vista o peso da redação, que se comece por ela, criando um rascunho, um esboço inicial de ideias a orientar a escrita. De qualquer modo, esta escolha é muito pessoal.
Terminada a prova siga o caminho de casa e não fique tão preocupado com o resultado. Se tiver acesso à gabaritos e quiser verificar acertos e erros, vá em frente, mas não torne isso uma obsessão. O importante é ter realizado um bom trabalho prévio de preparação ao longo de todos os anos de formação no Ensino Médio e, com isso, ter a firmeza e a consciência de que o resultado será fruto deste trabalho e virá!
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E agora, o que cai na redação do Enem? – 13/10/2015
Taís Cristina Soares
Todos os anos, essa é a duvida que perturba a cabeça dos estudantes para o exame, afinal, dá para prever qual será o tema da redação do Enem? Prever infelizmente não, mas dá pra se prevenir sim!
A redação do Enem é realizada no 2º dia de exame, única prova das aplicadas que vale de 0 á 1.000. Líder de reclamações dos estudantes, seu critério de avaliação atribui uma nota de 0 a 200 pontos para cada uma das competências abaixo:
Há fatores que podem fazer com que sua redação seja zerada ou anulada, são eles:
Prestar bastante atenção nestes critérios te ajudará a melhorar a nota e não cometer estes erros.
Os temas da redação dos anos anteriores do exame foram bastante variados, em 2010 foi – O Trabalho na Construção da Dignidade Humana; 2011- Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado; 2012- Movimento imigratório para o Brasil no século 21; 2013 – Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil e em 2014 – publicidade infantil em questão no Brasil.
Se infelizmente até o dia da prova permaneceremos na duvida sobre qual tema nosso texto dissertativo-argumentativo será, a boa noticia é que é possível ter uma ideia de assuntos com maior probabilidade de aparecer no exame. Sabemos que o tema da redação do Enem tem o costume envolver alguma polêmica, questão social, ecológica ou problema da atualidade. Então separei alguns temas que tem aparecido com frequência na mídia como destaquem em noticias, editoriais e reportagens:
- Crise hídrica
- Jogos olímpicos 2016
- Conceito de Família no século XXI
- Redução da maior idade penal
- Crise dos imigrantes da Europa
- Trânsito em grandes metrópoles
- Limites entre humor e bullying
- Ativismo em redes sociais
- Corrupção na Petrobras
- PEC das Domesticas
É preciso apresentar o texto expondo um aspecto relacionado ao tema, defendendo uma posição, uma tese. Tudo que a redação deseja é ver o seu conhecimento de mundo, então, utilize informações de várias fontes (livros, filmes, exposições) isso demonstra que você está atualizado em relação ao que acontece no mundo. Mas, atenção! Engana-se quem pensa que pode “decorar” o jornal diário, como mostrado, são assuntos que exigem conhecimento profundo, se atente a isso!
E ai, já pegou o lápis e o caderno? Então vamos escrever!
“A pratica e o estudo levam a perfeição”
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Atualidades no ENEM: Aprenda a resolver questões que abordam fatos e notícias relevantes – 16/10/2015
João Luís de Almeida Machado
Uma das características marcantes do Exame Nacional do Ensino Médio é a relação entre os assuntos estudados nas disciplinas escolares e os temas de atualidades. Neste sentido é de primordial interesse que os alunos estejam sintonizados com as notícias publicadas diariamente pelos principais órgãos noticiosos do país.
Esta busca pelo que está acontecendo no Brasil e no mundo pode ocorrer pela internet ou pela leitura de jornais e revistas de informação. Neste sentido é importante desde já prestar atenção na fonte das notícias, ou seja, busque sempre fidedignidade, ou seja, tenha como ponto de apoio instituições consolidadas, que tem credibilidade.
Sua leitura não deve se restringir a informar-se sobre o tema. É preciso que você entenda, analise, compare, veja opiniões diferentes a respeito de um mesmo assunto. Leitura crítica é, portanto, fundamental neste processo.
Contextualizar a leitura é outro importante elemento para quem quer ter melhor rendimento no ENEM. Um exemplo disso pode ser dado em relação a uma das principais notícias do ano de 2015, o reatamento de relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba.
Ler nos jornais, na internet ou saber deste fato pela televisão não basta. É preciso entender os fatores que levaram a ruptura na relação entre os 2 países. Isso vai remeter o estudante não apenas a Revolução Cubana de 1959 ou a Guerra Fria, na qual este acontecimento específico da vida do país de Fidel Castro (conhecer os personagens importantes também é muito relevante) esteve envolvido. É preciso viajar no tempo até mesmo um pouco antes, quando Cuba era uma nação “livre” que exportava basicamente açúcar e abrigava cassinos à beira-mar para recepcionar milionários americanos.
Em relação aos acontecimentos mais recentes é igualmente importante estar atento à movimentação de personagens fundamentais nesta trama. O olhar dos estudantes está mais focado, por exemplo, no caso da reaproximação entre EUA e Cuba, nos líderes destas nações, Raul Castro e Barack Obama. Há, no entanto, outro eminente líder mundial envolvido nos bastidores deste importante movimento diplomático nas Américas, o papa Francisco.
Isso nos leva a outra consideração importante, o movimento das peças no xadrez mundial das relações entre povos e países e sua proeminência. Neste sentido, em 2015 ninguém supera o líder da igreja Católica como protagonista. Francisco está agindo em frentes tão distintas quanto a religiosa, buscando quebrar resistências e superar diferenças com outras religiões, quanto na ambiental ou mesmo na questão da crescente imigração mundial decorrente dos problemas que estão acontecendo no Oriente Médio, em especial na Síria ou no Líbano.
Quem é Francisco? Que notícias importantes estão associadas a seu nome no ano de 2015? Qual o seu papel em questões como aquecimento global, a pedofilia ou a fome? São temas que podem surgir na prova do ENEM. Você está por dentro destas questões?
A abordagem do ENEM quanto as atualidades, na correlação das mesmas com as disciplinas escolares, não se restringe ao resgate das notícias. Os assuntos podem ser trabalhados a partir de imagens, charges, gráficos, tirinhas ou tabelas, por exemplo. A leitura visual destes elementos e dos dados neles contidos pode fazer toda a diferença para a resolução de uma questão.
O terrorismo internacional, com as ações lideradas pelo Estado Islâmico, tem sido alvo de inúmeras charges publicadas nos principais meios de comunicação mundiais e reproduzidas a exaustão na internet. Se prepare buscando algumas delas e tentando interpretá-las, verificando seus conhecimentos sobre este tema que poderá constar na sua prova do ENEM.
Não basta interpretar, é preciso ir além, ou seja, saber o que é o Estado Islâmico, qual a sua forma de ação, quando surgiu, que ações estão sendo desencadeadas contra este grupo e, até mesmo, uma compreensão clara do que seja o terrorismo e suas vertentes ligadas a movimentos extremistas. A crítica as ações de nações como os EUA e a Rússia também devem ser consideradas e apreciadas para que sua visão sobre o problema seja mais ampla.
No exame de questões relacionadas ao Brasil especificamente é preciso atentar para o fato de que a prova do ENEM tem viés político e, em assim sendo, notícias de impacto que sejam polêmicas e críticas em relação ao governo tendem a não aparecer na prova. Fatos de grande relevância no cenário nacional como as manifestações públicas que reuniram milhões de pessoas pedindo mudanças na política econômica ou mesmo o impeachment da presidente em exercício dificilmente serão tema de questões da prova do ENEM.
O mais provável é que situações como a crise hídrica ou a epidemia de dengue que ocorreram no país ganhem espaço na prova. A proximidade das Olimpíadas é igualmente outro tema que pode constar da prova do ENEM no ano de 2015.
De qualquer maneira, o importante é sempre estar ligado nas notícias, originárias de fontes legítimas e com credibilidade, sendo possível não apenas entender o que está sendo trazido como informação, mas apreciando as mesmas de forma crítica e contextualizada, sendo capaz de traçar relações com qualquer área do conhecimento. Ah, sem esquecer que qualquer dado de atualidade pode ser trabalhado não apenas a partir de textos reproduzidos da mídia, mas, também a partir de elementos visuais!
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Faça as contas para ver se dá para passar no ENEM – 20/10/2015
João Luís de Almeida Machado
O Exame Nacional do Ensino Médio está chegando. Se você é um dos mais de 7,5 milhões de candidatos escritos para a prova deste ano preste atenção nos números e verifique se será possível, tendo em vista sua preparação prévia, a aprovação.
Este ano os números iniciais com os quais os candidatos se deparam são os seguintes:
– Um total de 7,7 milhões de inscritos;
– Concorrendo a aproximadamente 250 mil vagas;
– Tendo como média geral nesta disputa 30,8 candidatos por vaga.
Se você já sentiu um frio na espinha é sinal de que sua preparação não foi tão forte quanto precisava ser. Os números são frios, dados irrefutáveis que atestam o crescimento do ENEM, ainda que da edição do ano passado para a atual tenhamos menos candidatos inscritos, as ações do MEC por meio do INEP visando diminuir os custos com o exame e abaixar a quantidade de ausentes nos dias de prova vão colocar mais gente realmente interessada para fazer o exame do que nas provas passadas.
A relação candidato-vaga não representa, na prática, a disputa real que se estabelece pelas melhores universidades. O dado é genérico e inclui tanto as instituições e cursos mais concorridos quanto os que poucos candidatos almejam alcançar.
Isso quer dizer que se seu objetivo é entrar, por exemplo, na Universidade Federal de São Carlos, na UFMG ou na UFRJ, instituições em que o nível de interesse e competição por vagas é mais alto, este número está bem abaixo do que será quando a lista de aprovados for publicada.
Há um outro complicador, conforme será possível observar quanto aos dados apresentados a seguir:
As notas de corte para os cursos mais concorridos nas melhores universidades, segundo especialistas giram em torno de:
– Cerca de 700 ou mais pontos para administração e ciências sociais;
– Aproximadamente 800 para direito, medicina e engenharia.
Os pontos para aprovação estão crescendo ano a ano, em especial nas melhores escolas e, em particular, nos cursos de medicina, engenharia, direito e administração. A briga vai ficando mais forte e os melhores candidatos são aqueles que irão ficar com as vagas mais disputadas. Quem não estudou o suficiente, faltando dedicação nas aulas ou nas tarefas certamente irá pagar um preço alto com a não aprovação pois isso significará mais alguns meses de estudo ou a ida para uma instituição privada menos credenciada.
Atingir a pontuação mais alta é, no entanto, para os verdadeiros guerreiros que estão nas escolas brasileiras pois, por exemplo, no ENEM de 2013, somente 162 mil candidatos obtiveram mais de 650 pontos ou mais. Estes dados demonstram que tais candidatos, num universo de milhões de pessoas inscritas, são aqueles que realmente tiveram acesso a um ensino de melhor qualidade, foram incentivados pelos familiares, leram os livros propostos para o Ensino Médio, fizeram alta carga de exercícios diariamente…
Num país em que o atual governo coloca como slogan e mote de trabalho a ideia de “pátria educadora”, resultado como este demonstra que estamos muito abaixo do esperado quanto a qualidade da educação oferecida, em especial no tocante a educação pública. As melhores vagas, nas universidades públicas de destaque no país acabam ficando com uma elite que teve acesso a escolas particulares qualificadas e que, além disso, se esforçaram muito. O percentual de alunos de escolas públicas que tiveram nota igual ou superior a 650 pontos no ENEM 2013 foi de apenas 4% dentre todos os inscritos oriundos de instituições de ensino públicas, totalizando apenas 42 mil estudantes, uma lástima.
O que fazer agora que o exame está chegando se a preparação não foi tão boa quanto o esperado? Não há muito para ser feito agora pois é inviável em apenas alguns dias tirar o atraso do ano todo nas diferentes áreas do conhecimento auferidas na prova do ENEM. O que resta então é fazer a prova do melhor jeito possível, acender algumas velas e torcer para que o improvável ocorra.
Para quem se preparou com afinco a semana é de polimento, ou seja, tirar o pé do acelerador, diminuir o ritmo, descansar um pouco e aguardar o exame vindouro para nele fazer valer todo o estudo realizado ao longo deste ano e dos anteriores.
Boa prova a todos!
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A redação do Enem 2015 em pauta – 06/11/2015
Wanda Camargo
Em anos anteriores os temas propostos para a prova de redação do ENEM deram alguma margem à expressão de pontos de vista divergentes, ainda que defensáveis. Quando o tema foram as migrações, muitos candidatos as consideraram positivas, outros defenderam que a entrada de estrangeiros poderia afetar a oferta de empregos no país. Em 2014, o assunto foi a publicidade dirigida ao público infantil, e mais uma vez as opiniões se dividiram, a maioria dos candidatos se manifestou contra, argumentando que crianças ainda não têm discernimento para “filtrar” os comerciais; houve os que julgaram que a publicidade não deveria ser inibida por estimular a economia e a geração de empregos.
Neste ano o mote foi de raro senso de oportunidade: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”; e que, talvez pela primeira vez, não permite dissensão. Embora as provas do ENEM possam padecer, em algumas questões, de certo ranço ideológico, violência contra qualquer ser humano, animal ou natureza não é questão de ideologia, é contrária à humanidade, aos direitos humanos, à civilização, aos direitos fundamentais. Defendê-la, inclusive contraria o que o próprio edital do ENEM 2015 estabelece. “[…] será atribuída nota 0 (zero) à redação: […] que desrespeite os direitos humanos…”
Nas redes sociais já circulam comentários críticos ao tema. Muitos manifestam desagrado com o que dizem ser uma forma de tornar a mulher uma “vítima privilegiada” da violência, não parecendo perceber que se homens e mulheres são suscetíveis de sofrê-la, e igualmente dignos da proteção da Lei, as mulheres têm ainda contra si, além de menor força física, a dependência financeira que é a realidade de muitas, e o pacto informal de silêncio das instituições e da sociedade quando o assunto é violência doméstica ou feminicídio (consubstanciado no adágio: “em briga de marido e mulher ninguém põe a colher”).
Pesquisas comprovam que a maior parte das agressões ocorre dentro do lar, e são cometidas por esposos, companheiros ou namorados, ou seja, pessoas da confiança das agredidas. A Lei Maria da Penha é dita redundante, por tipificar delitos que já são contemplados no próprio Código Penal, mas é necessária quando abre a possibilidade de punição mais rápida a criminosos que provavelmente seriam inocentados a priori, pelo silêncio daquelas que agridem, intimidadas pela possível continuidade do convívio com seu atacante.
Há os manifestantes que apenas querem gerar polêmica, atrair atenção, “chocar a burguesia”. Mas os que preocupam de fato são os que acreditam realmente que a proposta de redação seja uma tentativa de “impingir a teoria de gênero goela abaixo”, como foi declarado por um deputado; ou que expõe desejos e visões medievais de convívio.
Esta redação, de todo modo, parece ter originado um enorme debate sobre questões importantes e necessárias, direitos, violência, direitos da mulher. Uma boa redação constitui-se basicamente no desenvolvimento harmônico e coerente de ideias, de um tema. Isso exige primeiramente reflexão sobre o que se vai escrever, e é positivo que milhões de jovens tenham refletido acerca desse ponto; talvez pela primeira vez, mas certamente não a última. O tom de alguns comentários ouvidos após a prova era de surpresa, como se uma realidade presente em muitos lares, bares e locais de trabalho nunca tivesse existido, fosse uma pequena desavença doméstica sobre a qual não seria educado falar. Ou ainda, apenas uma bandeira de movimentos de gênero ou políticos.
Violência contra a mulher é contra a mulher, não contra a feminista, a direitista, a esquerdista, a ciclista… restringir a questão ao interesse único de grupos de qualquer natureza é tática que remonta à antiga Roma, dividir para reinar (divide et impera); tornando um assunto de interesse geral em algo pertencente só a alguns e, portanto, mais fácil de contestar.
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Síndrome de planejamento – 11/01/2016
Tom Coelho
Possivelmente você acompanhou pela mídia o que aconteceu com alguns candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ocorrido no último final de semana. Refiro-me especialmente aos atrasados, impedidos de fazer a prova por encontrarem os portões fechados.
Houve de tudo: pessoas sem documento com foto para identificação, que esqueceram de levar caneta preta transparente, que erraram o endereço do local de prova.
O fato é que isso ilustra um mal que aflige a todos nós, pois sofremos de uma síndrome de falta de planejamento que é típica de nossa cultura. Assim, temos o péssimo hábito de protelar e fazer tudo na última hora, simplesmente porque não programamos nossas atividades.
Vivemos em uma nação sem a ocorrência de catástrofes climáticas ou inverno rigoroso, situações que em outros países demanda preocupação e preparo constantes. Convivemos por anos com elevadas taxas de inflação que nos impossibilitavam postergar o consumo, incentivando o imediatismo como meio de combater a perda do poder de compra da moeda. Nas escolas, estudamos na véspera das provas e os trabalhos de conclusão de curso entram em pauta apenas quando se aproxima o prazo fatal para entrega.
No mundo corporativo não é diferente. Poucas são as empresas que realizam planejamento estratégico anual. Como consequência, surgem desequilíbrios financeiros, interrupção da produção por falta de matéria-prima, atrasos em entregas, problemas de qualidade, elevação dos índices de acidentes no trabalho, indisponibilidade de capital humano qualificado, perda de produtividade.
Por conseguinte, somos indisciplinados também na vida pessoal. Segundo o Ministério da Saúde, 51% dos brasileiros têm sobrepeso. Já a mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada pelo IBGE aponta que 68,45% das famílias brasileiras gastam mais do que ganham todos os meses.
Voltando ao Enem, os retardatários alegaram que o ônibus atrasou, que o trânsito estava intenso, que não havia vaga para estacionar. Tudo isso explica, mas não justifica. Chegar antes a qualquer compromisso é um exemplo de respeito e educação para com os demais. Além disso, permite a serenidade para se preparar emocionalmente, seja para uma prova, seja para os debates que ocorrerão durante o encontro.
O resultado disso traduz-se em uma palavra: frustração. Para os atrasados no Enem, minutos ou segundos que significarão um ano perdido. Para um advogado, poderia denotar a perda do prazo para interpor um recurso, prejudicando irreversivelmente seu cliente. Para um profissional de vendas, chegar tardiamente a uma licitação, desqualificando sua empresa e talvez a levando à bancarrota. Para um executivo atrasado a uma reunião, o comprometimento de sua imagem e da companhia que representa.
Que tal começar a desenvolver, agora, o hábito do planejamento em todas as dimensões de sua vida?
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É Hora do Enem – 10/05/2016
Wanda Camargo
As inscrições para o Enem 2016 já estão abertas, é a primeira etapa de um processo que movimenta milhões de estudantes e que, cada vez mais, assume a função de seleção para acesso a cursos superiores e programas governamentais de financiamento; ao lado de seu importante objetivo inicial de avaliação do ensino médio.
As provas deste ano serão realizadas nos dias 5 e 6 de novembro, e já são aguardadas com apreensão e expectativa pelos estudantes. Pais e professores sempre repetem os mesmos conselhos, e o fazem por que são importantes e, se seguidos, podem ajudar muito o jovem que enfrentará exames, sejam do Enem, de vestibulares ou outros: mantenha a calma, não se desligue de amigos e familiares, alimente-se de modo saudável, pratique um pouco de esporte, e principalmente, estude bastante com constância, mas sem exageros. Para quem ainda não começou, agora é o momento de se dedicar aos estudos.
O Ministério da Educação lançou uma ferramenta gratuita que certamente auxiliará muito na preparação para as provas do Enem, chama-se Plataforma Hora do Enem, e pode ser acessada em www.horadoenem.mec.gov.br.Trata-se de um conjunto de ações, como provas simuladas e videoaulas, que podem ser utilizado com o uso de computador, tablet ou celular, marcando o curso que deseja e quanto tempo diário dispõe para estudar; a partir disso a plataforma propõe um plano de estudo com pontos fortes e fracos na sua medida, com exercícios, resumos e videoaulas direcionados.
Estão previstos simulados online, para estudantes do último ano do ensino médio das redes pública e privada, seguindo o mesmo formato das provas do Enem, possibilitando ao candidato estimar, com a nota, o ingresso no curso desejado.
Uma iniciativa extremamente interessante foi possibilitar, ao estudante que não tem computador pessoal, utilizar 120 mil acessos por meio das universidades e institutos federais, instituições particulares e comunitárias e escolas estaduais de ensino médio. É uma iniciativa valiosa na direção da democratização do acesso ao ensino superior.
O Enem, em que pesem problemas iniciais de implementação, e ainda certa ideologização impertinente em algumas questões, tem a grande qualidade de constituir-se também numa reflexão sobre o ensino médio.
Desde há muito sabemos que algo anda mal no nível de conhecimento dos alunos que chegam ao ensino superior, e muitos artigos foram escritos, muitas posições intelectuais foram demarcadas, muitas novas metodologias e teorias entraram em pauta, sem que soluções concretas fossem atingidas. Alguns projetos padecem do mal de um excessivo personalismo, denotando mais uma atividade ideológica, às vezes simplesmente eleitoreira, que uma vontade política real de contribuição para a melhoria do ensino. Outros são mais sérios, mas partem de, e se restringem a, um pequeno grupo, sem obter o alcance necessário para a efetividade de suas ações.
Procurar a adesão de toda a comunidade acadêmica, e tempestivamente um prazo para discussão e levantamento dos possíveis problemas é, portanto, fundamental, embora evidentemente não seja possível fornecer tempo infinito ou extremamente longo.
Porém, ignorar experiências acumuladas em muitas comissões – de entidades públicas ou privadas – dedicadas aos processos seletivos em todo o país, e da mesma forma, ao excelente trabalho de algumas Secretarias Municipais ou Estaduais quanto aos conteúdos do Ensino Médio, é certamente temerário.
Estimular professores e alunos a uma maior adesão ao projeto educacional traz, para toda a sociedade, o interesse pelas mudanças necessárias.
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A “Hora do Enem”, importante ferramenta para os alunos – 09/06/2016
Welington Nunes Souza
Os adolescentes chegam ao final do Ensino Médio com diversos desafios, tais como a escolha da carreira e da universidade. Tal tarefa exige pesquisa, diálogo e autoconhecimento. E um dos aspectos que deve ser considerado pelos alunos para passar a “almejada fase” é o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que abrange pelo menos 228 mil vagas disponíveis em mais de 131 Instituições Federais.
Ainda sobre o Enem, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) lançou, no início de abril, a “Hora do Enem”, plataforma de estudo para quem fará o Exame. Trata-se de um sistema de videoaulas e de exercícios, desenvolvido a partir de técnicas avançadas de tecnologia da informação, destinado a estudantes da 3ª série do Ensino Médio, tanto de escolas públicas como de privadas.
A ideia da plataforma é bastante interessante. Quem participa dela conta com diagnóstico, plano individualizado de estudo e avaliação de desempenho. As videoaulas e os exercícios podem ser feitos a qualquer hora do dia, basta ter acesso à internet.
Outro ponto importante dessa plataforma são os simulados (4 ao longo do ano) disponibilizados para os alunos testarem seu desempenho e ainda traçarem um plano de ação no caso de baixo desempenho ou habilidade não compreendida. Esses simulados podem ser feitos on-line ou em alguma Instituição credenciada junto ao INEP.
“A relação construída entre a nota do aluno e sua intenção de curso é outro destaque que permite verificar, em uma simulação com o SISU, suas possibilidades de entrada no curso de seu interesse.”
A iniciativa é fruto da parceria com o Sistema S (entidades corporativas dirigidas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica) e os programas de TV têm o apoio de renomados professores, sendo transmitidos pela TV Escola – http://tvescola.mec.gov.br/tve/serie/hora-do-enem – e por 40 emissoras parceiras, principalmente comunitárias e educativas. A grade da TV contempla matemática, ciências humanas, linguagens, ciências da natureza e redação. Na plataforma on-line de estudos há simulados, planos de estudos e videoaulas.
É evidente que o sucesso no Enem e, consequentemente, o êxito no ingresso à Universidade estão relacionados com a capacidade de os alunos criarem suas próprias argumentações diante dos problemas apresentados, proporem soluções e formas de intervenção, enfim, é preciso que estejam comprometidos desde a 1ª série do Ensino Médio com um projeto de construção de competências, a partir de planejamento, avaliação e orientação.
Alcançar o lugar desejado na universidade pressupõe que os estudantes sejam efetivos, ou seja, que assistam e participem das aulas e também desenvolvam sua autonomia. O apoio da família é primordial neste processo tão importante na vida dos nossos jovens.